segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Livros e Magalhães


Crónica de J. Norberto Pires, professor de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra e CEO do Coimbra Inovação Parque, publicada no "Jornal de Notícias" de 5 de Outubro:

Vivemos depressa. Muito depressa. E não sabemos bem porquê. Tem de ser; é assim a vida, justificamos. Não há tempo para nada, é preciso despachar mecanicamente, automaticamente, aquilo que dizemos que fazemos. Reflectir não é grande ideia. Faz perder tempo, e isso é coisa que não temos. O melhor é andar depressa, muito depressa, pelo menos mais depressa que os outros. Mas, como o Coelho Branco da Alice, parecemos sempre atrasados para alguma coisa. Não sabemos bem é para o quê. E parece que isso não nos incomoda.

Nesta lógica, investir no “Magalhães” é uma boa ideia. As crianças habituam-se rápido a viver depressa, sem se deslocar, e sem precisar de contacto físico. A Internet resolve. Está tudo, mas mesmo tudo, à distância de umas teclas. Até pesquisar, estudar, é tão simples como “clique”, “Google”, “palavra-chave”, “copy and paste”, e pronto. E, como dizia o Calvin, podemos fazer um brilharete com umas capinhas de plástico. Muito profissional.

Só que essa é uma escola sem futuro. E é disso que falamos quando falamos de livros e de leitura. A escola com futuro coloca o foco nos livros, na aprendizagem com reflexão, que é um método que a leitura incentiva e desenvolve. Com o tempo que as coisas naturalmente levam, com detalhes, ao pormenor. Uma educação feita assim é uma vela impressionante que nos permite navegar pela vida fora com a confiança de quem não desiste.

Como o velho Santiago, que não pescava um simples peixe há 84 dias, mas tinha nos magníficos olhos azuis o brilho de querer apanhar o maior peixe da sua vida. Mesmo muito cansado, com um barco a cair de podre, e a vela remendada. E conseguiu, ganhando de novo o respeito de todos. E nós viajamos a Cuba com ele.

Ou ainda como o Principezinho que um dia saiu do seu pequeno planeta cheio de flores e vulcões extintos, para viajar por sete planetas e descobrir que afinal mais importante do que navegar, ver e desvendar novas realidades, é importante descobrir o valor das coisas e das pessoas, e que isso exige tempo. Tempo para ler.

Evitando ser como a Alice, que não sabia para onde ir; se haveria de virar à esquerda, ou à direita, ou pura e simplesmente seguir em frente. Assim, como muito bem notou o Gato, não importa que direcção tomar se não se faz a mínima ideia para onde se quer ir. Chega-se sempre a qualquer lado, seja qual for a direcção escolhida. Depressa ou devagar, não importa. Existe sempre um destino, seja ele o do Gato Chapeleiro ou o da Lebre Marciana.

- Mas eu não quero ir para o meio de gente maluca, dizia a Alice.

Vai uma aposta que com o andar das coisas não podes evitar isso?

J. Norberto Pires

23 comentários:

Pedro Galvão disse...

O texto roça o ridículo. Começa logo por indispor com a conversa do «vivemos depressa», depois vem a Alice e o Principezinho, e chegamos ao fim sem encontrar um argumentozinho minimamente articulado nem perceber ao certo o que o autor defende.

Percebe-se, no entanto, que o autor conhece muito mal o Magalhães e o software educativo que contém. Não, aquilo não é só para fazer «“clique”, “Google”, “palavra-chave”, “copy and paste”, e pronto». Isto é uma caricatura grotesca. É claro que o computador, mal usado, não tem valor educativo. Mas isto pode dizer-se de qualquer livro.

Estes portáteis e os quadros electrónicos não operarão um milagre no ensino, como o Governo gostaria que acreditássemos. Não devem substituir os livros nem nada disso. Mas estes instrumentos têm potencialidades educativas que merecem ser aproveitadas. E é bom que estejam ao alcance de todos os miúdos, seja qual for a riqueza ou o nível cultural dos pais. Não percebo esta aversão ao Magalhães. E não é com Principezinhos e Alices que vou perceber.

Unknown disse...

A tecnologia não é boa nem má. Tudo depende da forma como é (ou devia ser) utilizada. Qualquer pessoa pode utilizar o computador para ler os grandes clássicos da literatura, aceder em poucos segundos a obras de acesso reservado, ou consultar vários artigos de boas enciclopédias sem necessitar perder uma manhã a carregar e folhear dezenas de cartapácios. A rádio não matou o teatro, a televisão não matou a rádio, nem a Internet matou (ou matará) nenhum dos últimos. Apenas ficámos com os horizontes mais alargados.

Björn Pål disse...

Os velhos do Restelo são tão tradicionais como os seus vizinhos pastéis de Belém - pasteis de nata como são conhecidos no resto do país, com mais ou menos variações sobre o tema.

Têm aversão e pavor à inovação e ao acompanhar dos tempos e das andanças do mundo; gostam é do sossego, da imutabilidade e, quando ocupam um "lugar de destaque" (seja lá o que isso for), acima de tudo odeiam tudo aquilo que "lhes passa ao lado", seja por sua própria manifesta (mas sempre negada) incompetência ou por uma preguiça, um ócio atávico, típico dos que se acham no ápex do seu mister.
Por eles, tudo ficaria numa sacrossanta paz e sossego, melhor ainda se a "populaça" se mantiver ignara e bruta, pois sabem bem que só assim verdadeiramente se destacam.

Agora o Magalhães; do pouco que consegui conhecer é um excelente equipamento com muitos boas qualidades intrínsecas e funcionais para o propósito a que se destina e tendo em conta o o seu "público-alvo". Ou seja, é um bom produto.
No entanto não é milagreiro e muito menos milagroso, como todos os computadores que existem e existiram; a sua melhor ou pior utilização é que farão os sucessos e os fracassos dos seus utilizadores.

Faço notar que os "modelos clássicos de ensino" ou lá como lhes queiram chamar, o facto de os livros existirem nas escolas - ou provavelmente não - não "fabricou" nenhuma geração de gentes particularmente iluminadas, cultas e ávidas de conhecimento... faço notar que os hábitos de leitura lusos são pobres e comezinhos, razão que explica o sucesso dos ditos escritores "light" e da imprensa dita "desportiva" e da dita "cor-de-rosa".
Como sempre, com qualquer instrumento de trabalho, o seu maior ou menor sucesso depende acima de tudo do seu utilizador - da sua vontade em dominar o dito, da sua habilidade natural ou apreendida, etec. - e em muito do(s) metres(s) desse utilizador.

Como nota final, faço notar que os livros nas escolas são extremamente fáceis de censurar por parte dos "Velhos do Restelo"... para o bem E para o mal, a Internet é um repositório de informação que, pelo menos por cá, ainda vai sendo verdadeiramente democrático e acessível e que promove o acesso a outras culturas e outros pontos de vista (mesmo que uma grande parte desta informação seja de qualidade questionável) e ao qual os ditos Velhos são praticamente incapazes de o "controlar" (muitos deles duvido que sequer o saibam utilizar, daí o seu rancor e os seus remoques).
E lembro também a responsabilidade dos pais na educação das suas proles, que me parecem que andam muito esquecido disso.

Atentamente,

Paulo Pinto

alf disse...

Assino por baixo os comentários anteriores.

LA disse...

É uma pena que neste blogue, que diz que tanto defende a ciência e o método científico, só se mostre sempre uma hipótese, uma teoria, e nunca se mostre o ponto de vista contrário, seja para o eduquês ou para o Magalhães.
Acho um bocado vergonhoso.
Aliás, as proprias regras para comentários são também um bocado estranhas, como esta: Reservamo-nos o direito de apagar comentários irrelevantes ou mal educados.
O que é um comentário irrelevante?
Dá a impresão de se querer controlar as opiniões das outras pessoas, é feio.
Acho pena que seja assim porque nem todos os posts são maus, há aqui muita coisa boa, mas isto podia ser muito melhor.
Então não tinha muita piada haver aqui um artigo a defender o uso do magalhães, e discutir-se a coisa? Ainda na outra semana li algo sobre os benefícios das crianças brincarem com um computador, e pareceu-me uma coisa séria, eve haver opiniões favorávéis, de certeza.
Boa continuação.

João disse...

Fiquei estupefacto com o conteúdo do artigo. Aqui? Por um professor de Engenharia Mecanica em Coimbra?
Depois li os comentarios e fui percebendo a razão desta entrada. É obvia a sua mentalidade retrograda e ausencia de argumentação racional (a sério? a internet é uma ameaça à literatura?) e não escapou a quem leu.
Percebo então que isto é a maneira subtil que o Rerum Natura tem de nos avisar que os detractores da ciencia e do progresso estão em todo o lado.
Em relação ao Magalhães só uma coisa: Agora que deram os computadores aos miudos, ensinem-nos também a programar. É matematica aplicada e desenvolve o raciocinio.
Ou por favor digam que era uma brincadeira.

LA disse...

Em vez de se vir para aqui com papaias estilo conversa de café, porque não apresentar artigos científicos sobre o assunto? É que há pessoas que estudam isso seriamnte. E a Dona Palmira até tem muito jeito para isso!
Basta fazer uma pesquisa no google para encontrar artigos que falam de crianças que beneficiam com o uso de computadores.

http://www.gc.cuny.edu/faculty/research_studies/attewell03.pdf

Há outros que eu não consigo ter acesso, mas o título promete nesse sentido. Vocês, que têm acesso a essas revistas científicas deviam fazer o resto.

João, não sejas ridículo!

Fernando Martins disse...

Sou professor, utilizador habitual das TIC e, concordando com o texto deste post, gostaria de deixar algumas pequenas questões aos entusiastas do Magallanes, perdão Magalhães:

1. Por que raio disse o Primeiro Ministro, o "engenheiro" Sócrates, tantas mentiras na apresentação do mesmo? Recordo que falou em percentagem de incorporação de hardware português fantásticas, disse que era um projecto português e apresentou números que nem em 3 legislaturas serão atingíveis, entre muitas outras coisas...

2. Por que motivo não houve concurso público para o mesmo? E por que motivo o OLPC ficou de fora?

3. Havendo em cada computador um custo para o estado (indirecto, pois para fazer a festa dos electrodomésticos oferecidos, à moda do Major Valentim, abdica de verbas previstas nas licenças das novas gerações de telecomunicações) de pelo menos 200 euros, por que raio que diz que não tem custos?

4. Porque não foi adoptado um modelo em que os computadores ficavam nas Escolas?

5. Porque não houve/há formação para os docentes de 1º Ciclo e Pais para garantir o real e correcto uso dos computadores?

6. Porque se optou pela Windows e quais os custos dessa escolha. se tínhamos Linux de graça? E quanto custou trazer cá o boss da Microsoft a dizer que era muito boa a escolha? A mim, se me dessem 250 milhões de euros, também dizia que a opção era excelente e ainda dizia que o PM português é um génio...

7. Porque se continua a investir em brincadeiras (os portáteis dos alunos no programa e-escola são a 97% - estudos de Escolas - usados em downloads de música e pirataria, correio electrónico, youtube e similares e ainda Messenger...) quando as Escolas ainda estão à mingua de coisas como internet em todas as salas?

8. Porque subsidia o governo computadores para gente que já tem em casa vários computadores - seremos assim tão ricos?

9. Se algum professor do 1º Ciclo tentar dar uma aula com os magallanes, quem se responsabiliza pela destruição das instalações eléctricas da sua Escola ou dos portáteis?

Há mais umas dúvidas minhas, mas estas são suficientes por agora...

Armando Quintas disse...

Parece que a publicidade enganosa continua a fazer das suas, esta do Magalhães é mais outra, quem ganha? o PM que vai para lá + 4 anos a dar tachos aos amigalhaços e demais detentores do respectivo cartão do partido, a Microsoft que lucra milhões com os palermas atrasados dos portugueses, que ao invez de escolherem software livre Linux 100% gratuito e estável, reconhecidamente de qualidade e com alto nível de aprendizagem, compram sistemas obsoletos, quem perde? O mesmo de sempre, o zé povinho, que desde que foi inventado só leva porrada e carga de impostos, é enganado a torto e a direito.
Este Magalhães é pura e simplesmente uma fraude com motivos políticos e há que dize-lo publicamente.

Armando Quintas disse...

As oito possíveis respostas ao Fernando Martins:



1. O motivo das mentiras: Reeleição, vangloriar o ineficaz plano tecnológico morto á nascença logo que fez a primeira parceria com a Microsoft.
Há uma pequena percentagem de hardware português contudo as peças mais importantes ou seja o processador é da intel= microsoft, quando por concurso público encontraria muito melhor e mais barato, recordemos os AMD com um terço do custo e muito maior rentabilidade.


2. Não houve concurso público porque não beneficiava em nada o governo, era demorado e não iria contemplar os amigalhaços do governo, a Microsoft Portugal, que curiosamente é a dependência da multinacional que regista à vários anos o recorde consecutivo de vendas no mundo.

3. Novo engano, as pessoas pensam que é à borla ou de baixo custo, mais vale todos aproveitarem pois quem não tem o magalhães, está a pagar o de outro, o dinheiro sai dos impostos, não cai do céu, projectos baratos atraem votos.



4. O modelo do portátil é mais giro, está na moda, se fosse nas escolas, seriam estas a pagarem, pois não o compravam se não pudessem levar para casa, e o pós modernismo dita: mobilidade!


5. Não houve formação para docentes e país porque era uma chatice e porque o governo iria gastar mais uns milhões.


6. Optou-se pela Microsoft porque estes são amiguinhos, pois fazem super descontos ao governo em troca destes acordos, por sua vez, toda a formação do governo português, função pública, IEFP, ensino, etc.. é feito em Windows, a melhor forma de um traficante vender droga é viciar os consumidores.
Assim ao invés de se apostar no software livre, gratuito, alta aprendizagem e rentabilidade, que desenvolve recursos endógenos, apostamos num modelo de produto obsoleto que continua a manter a dependência de portugal face ao estrangeiro em termos tecnológicos.
Um aviso aos incautos, todos os projectos de modernização tecnológica onde esteja inserida a Microsoft estão votados ao fracasso, veja-se o exemplo de sucesso do Brasil, Alemanha e sobretudo Espanha, afastaram-se da Microsoft e conseguiram criar valor acrescentado com software livre, poupando ainda ao erário publico milhões, só a eXtremadura espanhola, uma das províncias mais pobres de Espanha, começou a poupar cerca de 20% do orçamento só por ter trocado Windows por Linux.


7. Investe-se em brincadeiras, porque é giro, diverte, distrai os putos e os seus pais que são eleitores, é o pós modernismo, ao invés de se apostar na pedagogia apostam-se em artifícios para escamotear a realidade.


8- Porque é democrático, se um tem todos os outros devem ter, se fez para isso não interessa, esta nova democracia só se reveste de direitos, já não há deveres.


9. Se a instalação eléctrica arder ou um pc se estragar, obviamente vai ser o docente o responsável porque ousou dinamizar a sala de aula, se for um do quadro safa-se na boa, se for contratado está lixado, vai apanhar um processo e estar uns bons tempos sem dar aulas.
Obviamente que na maioria das escolas primeiro vão-se usar os computadores e depois é que se vai pensar na instalação eléctrica adequada para os mesmos, ou o contrário como uma escola que frequentei à uns anos, fez-se a instalação eléctrica em muitas salas, depois o dinheiro não chegou e anos depois quando vieram os computadores as instalações estavam podres.

este país vai de mal a pior, na escola só se deveriam utilizar computadores para funções burocráticas e administrativas, quando ao resto eram banidos, a ausência de computadores permitiu desenvolver boa pedagogia e formar bons alunos, agora parece que não se faz sem computadores.

Pedro Galvão disse...

Caro Fernando Martins,

O seu comentário coloca questões oportunas. O post, pelo contrário, nem isso -- é conversa fiada do princípio ao fim. Por isso, surpreende-me que diga «concordar» com o post. E lamento que caia numa falsa disjunção. Aparentemente, para si, ou somos «entusiastas» do Magalhães ou, se não somos, temos de arrasar a coisa sem dó nem piedade, não lhe reconhecendo o menor valor.

Fernando Martins disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernando Martins disse...

Caro Pedro:

Sendo eu entusiasta da informática, acho a ideia do Magalhães excelente. Contudo a sua aplicação prática vai ser péssima: miúdos que deveriam estar a escrever (mas não num computador...) a ler e a aprender a fazer contas, pois nada pode ser retirado ao trabalho duro e individual no 1º Ciclo se se quer pôr uma criança a ler, entender, escrever e fazer contas, vão agora ter direito a uma consola de jogos (muitos pedagógicos, felizmente) e de Internet e abusar deste recurso.

Ora o Magalhães, usado em contexto de aulas, seria excelente - mas não é assim, com penso ter provado antes, que vai ser usado... Vai ser levado para casa, para sedentarizar e embrutecer a esmagadora maioria dos nossos alunos. E gordos e burros já temos que chegue na nossa sociedade...

José Gonçalves disse...

O computador “português” analisado em http://education.zdnet.com/?p=1602
(Pelo menos o “nosso” tem um plástico "mais giro").

José Gonçalves disse...

A notícia do “Magalhães” em inglês. A “tradução” em português é que foi fraquinha.

http://www.theinquirer.net/gb/inquirer/news/2008/07/31/500k-classmate-pcs

Rui Baptista disse...

Meu Caro Fernando Martins:

Plenamente de acordo com os seus comentários.

Para já, apenas uma pequena achega. Numa altura em que a obesidade infantil (tendo como uma das causas a falta do mais elementar e natural exercício físico, cada vez mais notada, do simples brincar da criança saudável que ri, corre e salta) preocupa os governos dos países mais desenvolvidos do planeta, não contribuirão os computadores distribuídos no ensino básico para o agravamento de uma questão de uma real gravidade, em termos de saúde pública?

Crianças agarradas ao rochedo de uma cadeira, com uma grande destreza no dedilhar dos teclados dos jogos de computadores, mas incapazes de andarem com um porte garboso sem problemas de desvios da coluna, com as "banhas" a rebentarem pelas costuras dos calções, é essa a juventude que a sociedade e os pais devem fomentar?

Poder-me-ão objectar que esta situação já existia dezenas de anos atrás. Concedo, e exemplifico. Aquando da minha frequência no Curso de Oficiais Milicianos de Infantaria, em Mafra, havia um soldado-cadete finalista de Medicina incapaz de marchar com a oscilação assimétrica dos braços ou saltar em altura vinte centímetros (sim, vinte centímetros). Esta era uma das excepções que corre o risco de se tornar em tantas excepções que deixem de o ser para passarem a regra. Salvaguardo o exagero, embora receie que venha a assumir aspectos de uma triste realidade!

Carlos Fiolhais disse...

O "Magalhães" é apenas mais um exemplo daquilo que se chamo "ilusão informática", isto é, a ideia perfeitamente errada, mas que se quer passar por verdadeira, que os computadores vão resolver os problemas do nosso ensino.
Tenho trabalhado desde há muitos anos com computadores no ensino, em todos os níveis, e quer-me parecer que os computadores, só por si, não só não resolvem como vão agravar alguns dos graves problemas existentes. Oxalá me engane, mas prevejo que a ciência experimental, com um espaço já muito reduzido no ensino básico, seja ainda mais encolhida. Não seria melhor apoiar mais um corpo docente que tanto precisa, na área das ciências, de ser apoiado?

Carlos Fiolhais

Fernando Martins disse...

Já agora, um cartoon que ilustra o último comentário, do Blog anterozóide:

http://antero.wordpress.com/2008/09/09/o-inicio-de-uma-nova-era/

João disse...

O texto original não era sobre os aspectos politicos da escolha do Magalhães mas sim sobre o seu valor pedagógico.

É obvio que não é o Magalhães que vai resolver os nossos problemas no ensino (já viram a discrepancia das horas de matematica no horario escolar entre nós e a europa?). E um computador é tão bom como aquilo para que é usado. Mas pergunto, começar a ensinar cedo informatica e teorias da computação e a usar bases de dados e processadores de texto é uma má coisa? O computador não pode servir para estimular o interesse por uma serie de outros assuntos? Não existem imensos jogos que estimulam a capacidade de resolver problemas (Teoricos do jogo venham me ajudar!!), não existem jogos que melhoram a coordenação motora e visual? Programar não obriga a um raciocinio objectivo?

Fernando Martins disse...

Um computador é uma ferramenta tão boa como outra qualquer. Não substitui é o trabalho que no 1º Ciclo tem de ser manual.

Depois o dinheiro que irá ser gasto nesta feira de vaidades será para usar em brincadeira e sedentarismo por parte dos alunos do 1º Ciclo - nas Escolas não há rede eléctrica nem formação para usar esta ferramenta.

Conviria ainda dizer que foi dada uma vergonhosa formação aos Coordenadores TIC dos Agrupamentos, que constou de palestras em inglês macarrónico dadas por russos, sessões de propaganda à Intel e realização de canções e afins em louvor do Magalhães (e até sortearam um Magalhães por sessão). A verdadeira formação dos docentes não há verdadeiramente desde 2006, pois a Ministra cortou as verbas para que esta se realize (excluindo alguma formação TIC, sobre Bibliotecas Escolares e outras coisas mais raras mas já pagas pelo docente).

LA disse...

Ó Carlos, "...quer-me parecer que os computadores...", isto agora é por pareceres?
Parece-me, parece?
A mim também há muita coisa que me parece.
E que tal ter uma atitude menos pareceretiva e ir à literatura ver o que dizem os entendidos.
É que a mim parece-me bem.
É que nem pareces um físico!
Parece-me bem acabar o comentário, parece.
Bons pareceres e até logo!

lmjabreu disse...

Blá Blá Blá, alínea 1, alínea 2, and so on.

Magalhães = cursos de office desde jovens.

Imaginem o resultado.

Os miúdos andam na escola, passam algum tempo com aquilo, levam com a propaganda em cima, fazem exercício(obrigatório), fartam-se da coisa, passa a ser banal, mas fica a educação Officiana sempre conveniente a uma certa empresa.

rosacruz7 disse...

mmm...
Só uma 'achega' pessoal: o problema não está no uso do computador - como alguém já aqui afirmou a tecnologia não é boa nem má. O seu uso é que pode ser mau ou bom.
O que me assusta, mesmo, são os atalhos. Na vida, o mais importante não é a meta final, mas a viagem até ela. E ao 'cortar', 'queimar' etapas está-se a perder algo importante, não? Conheço miudos (e tantos graudos!) que pura e simplesmente se recusam a racicionar seja o que seja - é muito 'chato', é para isso que me pagam, etc.
Estamos perigosamente a encorajar plágios mais ou menos descarados, e uma certa cultura de facilitismo que, ou eu muito me engano, ou vai dar para o (muito) torto...
Enfim, é só a minha opnião, e vale só como tal. Bem-haja pela paciência.

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...