A data de hoje justifica que se recorde o encontro de dois homens de carácter que se admiravam mutuamente: Francisco Sousa Tavares e Salgueiro Maia. Encontro que é contado pelo jornalista António de Sousa Duarte, num livro que vale a pena ler: Salgueiro Maia, um homem da Liberdade.
"É neste momento que o advogado Francisco Sousa Tavares, a pedido de Salgueiro Maia, dirigindo-se à população, pedindo respeito pelos vencidos e anunciando a «libertação do jugo fascista». O ex-candidato no acto eleitoral de 1969 nas listas da depois extinta Comissão Eleitoral da Unidade Democrática trava aí uma amizade com o capitão Maia. Mais tarde, o velho democrata recordará:
«Era um militar de bravura inigualável, mas também extremamente sensato e um homem de coração. Maia era um chefe nato e dele emanava a força serena dos homens habituados a dominarem-se e, sendo preciso, a dominar os outros. Foi assim que Salgueiro Maia, com os seus homens, dos quais a maioria sem qualquer experiência e praticamente sem instrução de tiro, venceu na Revolução e virou a página da História de Portugal.
Dominou calmamente o terreiro do Paço, o tenente-coronel Ferrand de Almeida, dominou o brigadeiro (!!!) que se lhe quis opor e, pela calma fixa do seu olhar, dominou um a um os homens que receberam ordem para disparar sobre ele. No Carmo dominou tudo e todos: dominou a guarda, dominou o Governo, dominou os ministros que choravam, dominou a multidão, dominou o ódio colectivo dos que gritavam vingança. E dominou o tempo e a vitória que veio ter com ele, obediente e fascinada»" (página 115).
Livro referido:
- Duarte, A. S. (1999). Salgueiro Maia, um homem da Liberdade. Lisboa: Âncora.
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2 comentários:
O meu pai conheceu Salgueiro Maia no Colégio de Tomar, quando eram os dois miúdos. As histórias que me contou levaram-me a Francisco Sousa Tavares, de quem li os dois volumes da colecção de crónicas na Capital e outros jornais. Relembro um texto deste último sobre o Capitão de Abril, em que acusava o Estado de negar à viúva de Maia a pensão do estado. Os dois, sempre longe da ribalta: heróis, por vezes cantados, muito menos que o merecido.
Grandes homens estes, eram outros tempos, pena que após o 25 de abril feito por herois, o país tenha sido governado por cobardes, corruptos, incompentes e vira casacas.
Viva o 25 de abril.
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