domingo, 17 de fevereiro de 2008

Delenda Tabaco


«Todo o mérito da virtude está na sua prática»
Cícero, De Officiis.

O meu post sobre os aquecedores de pátio que a Europa pretende banir suscitou uma série de reacções, nomeadamente do Desidério e do Ludwig, este último muito crítico do «erro» de cálculo de Eric Johnson, o perito britânico para a United Nations Framework Convention on Climate Change cujas observações transcrevi, que «ignorou» o facto destes ofensivos aparelhos estarem ligados 24 horas por dia, 625 dias por ano (o Ludwig reconheceu o exagero e posteriormente corrigiu a sua estimativa para «apenas» cerca de cinco horas por dia durante 300 dias por ano).

De qualquer forma, quiçá por não ter sido explícita q.b., o propósito do post foi entendido como uma crítica à recente lei do tabaco. Mas o post não versava sobre a lei do tabaco, pretendia apenas apontar algumas disposições legais impostas por censores moralistas anti-tabaco que começam a apresentar tiques de autoritarismo - a que o Desidério chama perfeccionismo.

Dadas as dúvidas aparentemente suscitadas pelo post, esclareço melhor o que pretendia criticar. Ninguém duvida que é boa ideia utilizar aparelhos que usem energia de forma eficiente. Mas os aquecedores no cerne da polémica apresentam uma eficiência térmica inexcedível com a tecnologia actual. Exactamente por isso, na resolução que pretende banir da Europa «equipamentos pouco eficientes em termos de energia», os aquecedores de pátio foram os únicos aparelhos designados especificamente uma vez que não entram nesta categoria. Na realidade, a primeira vez que vi esses aquecedores em Portugal foi no interior (de um restaurante), onde a sua eficiência, segundo o dono, permitia uma poupança muito considerável de energia já que em vez de manter toda a sala aquecida à espera de eventuais comensais apenas ligava o dito aparelho nas imediações das mesas ocupadas.

Assim, o que está em jogo não é a eficiência térmica destes aquecedores, sobre a qual não há dúvidas, mas sim o facto de alguns considerarem que os fins a que se destinam (em Inglaterra, pelo menos) são «imorais». Como corroborado pelo que pensa o Ludwig que, embora concordando que as emissões dos aquecedores são irrelevantes em termos globais, afirma noutro exagero de «egocentrismo ideológico»: «Mesmo assim, é muito combustível e CO2 só para ficar na rua sem casaco».

Grande parte das emissões domésticas de CO2 é devida a aquecimento, de água e/ou de ar. A maioria de nós não considera «imoral» ter um esquentador ou um aquecedor em casa mas imaginemos que se aprova esta lei e daqui a uns tempos temos no parlamento europeu uma maioria de adeptos de duches de água fria ou de quem considere que qualquer forma de aquecimento de ar, interior ou exterior, é imoral e ineficiente (como de facto é, por muito bem isolada que esteja a casa) .

Uma lei não deve proibir algo considerado «imoral», mesmo que pela maioria da população. Esta legislação, se aprovada, não é mais que uma prescrição autoritária e moralista. E, como todas as prescrições moralistas, é completamente arbitrária uma vez que depende do que o legislador considera ou não moral!

Acho perfeitamente compreensível que quem não fume considere imoral «desperdiçar» combustível para permitir que quem o faz em Inglaterra não congele no processo mas acho perigoso que não se aperceba de que ao bater palmas à lei que proibe «imoralidades» (na sua perspectiva) está a aplaudir um retrocesso legislativo que na próxima o pode atingir. Por outro lado, embora admita que para muitos o tabaco «cheira mal», não considero que tal facto «devia ser objecção suficiente» para que se fume. Concordo totalmente que os não fumadores não devem ser involuntariamente expostos às substâncias nocivas exaladas por outrem mas é a sua saúde que deve ser protegida não as suas narinas. Há quem considere ofensiva a fragrância do tiossulfinato ou de derivados de furfuril-mercaptano. Dever-se-à proibir o consumo de alho ou de café fora da privacidade do lar para proteger o sistema olfactivo dos mais sensíveis a estes compostos de enxofre?

Para além de autoritárias, algumas destas prescrições moralistas são completamente ridículas, como seja pretender que a proibição de fumar ao ar livre dentro do perímetro de uma pista da NASCAR tem alguma coisa a ver com a protecção da saúde dos espectadores. No caso do Hawai, é absolutamente cretino pretender que é a proibição de fumar nas praias que vai salvar a fauna marinha local quando ao largo das ilhas flutua uma mancha de lixo plástico cerca de duas vezes maior que os EUA (continental), essa sim responsável pela morte de cerca de 1 milhão de aves marinhas por ano (vídeo não recomendado aos mais sensíveis), assim como de umas centenas de milhares de mamíferos marinhos.

De facto, parece que os legisladores hawaianos consideram irrelevantes os estimados 100 milhões de toneladas de detritos plásticos que as correntes acumulam no North Pacific Gyre, entre o Hawai e o Japão - ou, apenas nas imediações das ilhas do Hawai, uma «sopa» de plástico com cerca de 10 metros de profundidade que se estende por uma área de dimensões superiores ao Texas. Para estes emuladores modernos de Catão, o grande perigo para os ecossistemas da zona são as 2000 beatas apanhadas na praia por zelosos moralistas! Um perigo tão grande que uma multa aos prevaricadores que conspurcam o espaço público não é suficiente!

Como é óbvio, embora o acetato de celulose dos filtros dos cigarros seja um biopolímero biodegradável (contrariamente ao que pretendem alguns, não persiste por séculos ...), as beatas não deveriam ser descartadas no meio ambiente, seja na rua ou na areia da praia. Os dejectos de animais de estimação que decoram as ruas de Lisboa degradam-se muito mais rapidamente que o acetato de celulose e, com excepção dos donos dos ditos animais, penso que concordamos todos que não devia ser aí o seu lugar. Tal como em relação às pastilhas elásticas, especialmente depois da proibição de fumar em locais fechados, urge educar quem fuma para não deitar no chão as beatas.

Mas é profundamente rídiculo pretender que serão as proibições de fumar na praia que vão salvar os oceanos (que são os nossos «tanques de carbono») ou a vida marinha ameaçada, especialmente quando se considera que nenhuma medida está a ser tomada em relação às incontáveis toneladas de lixo que poluem os cursos de água do nosso planeta!

24 comentários:

Ciência Ao Natural disse...

Concordo!
Para além de andarmos em sintonia de revolta...
"Idade da Saúde e do Branco"

Abraço

Luís Azevedo Rodrigues

Unknown disse...

Fantástico!

Eu, que não fumo, estava irritadissima com a desonestidade intelectual do Ludwig e com as confusões do Desidério. Imagino a sintonia de revolta dos que fumam...

Juro que não entendo como há tanta gente que faz exactamente aquilo que tanto critica nos outros. Será que não percebem que perdem a autoridade moral de os criticar?

PS: Palmira, na mouche a citação de Cícero, mas acho que vai passar ao lado de quem inventa anos de 625 dias :)))))))

Abobrinha disse...

Rita

Uma desonestidade intelectual seria manipular os dados. Não foi o caso. Nunca ouviste falar de gaffes?

Não sendo desonestidade intelectual, o insistir em perseguições aos fumadores quando os não fumadores foram perseguidos durante anos e anos (e só uma lei que devia ser desnecessária resolveu o assunto) não é muito racional.

Não entendo a confusão do Desidério Murcho: pareceu-me muito claro. Aliás, a única coisa que me parece mais claro que todos os argumentos anti-tabaco apresentados (no blogue do Ludwig fui eu que contribuí com a parte de leão) é os amuos dos fumadores e maria-vai-com-as-outras. Sim: amuos!

Não havia outra justificação para esta lei que não fosse a falta de civismo, que prejudicava gravemente a saúde de quem não o pretendia. Não devia ser necessária, mas foi.

Nem comento a eficiência energética de um queimador que vai ser colocado lá fora quando o exemplo é de um que é colocado dentro de portas. É que nem merece o meu latim!

Fumar na praia não me parece mal porque me posso desviar. A beatas são outro problema de cidadania, mas cabe na categoria de lixo. E só de lixo. Não entendo é o que é que tem que ver com o gravíssimo caso de plásticos e outro lixo no oceano. Se alguém alegou problemas de poluição, deve ter andado a fumar coisas estranhas. Dentro de casa, claro!

A do NASCAR tem piada e é de facto caricato. Não merece discussão.

Repito que se a repressão de estes e outros comportamentos passar a palermices como proibir fumar na rua ou tratamento diferenciado no acesso à saúde, então irrito-me ainda com mais veemência do que contra os fumadores. Faço notar que é mais do que a esmagadora maioria dos fumadores foi alguma vez capaz de fazer por mim e pelos meus direitos.

Unknown disse...

Abobrinha:

Se não é desonestidade intelectual escrever um post para dizer que o perito britânico nos cálculos de CO2 não sabe fazer as contas e empolar os números para levar a brasa à sua sardinha não sei o que é desonestidade intelectual!

Se queremos escrever um post a dizer que os peritos não sabem fazer contas fica bem pelo menos não fazer uma destas :)

Unknown disse...

E está bem explícito no post que não se trata da lei do tabaco mas dos desvarios autoritários de apóstolos anti-tabaco que aproveitam a mais pequena coisa para impor a sua moral aos outros.

Tu podes achar imoral um aquecedor à porta do pub para os clientes não congelarem enquanto fumam, mas experimenta uma noite com -10ºC em Inverness...

Se calhar achas que é mais eficiente energeticamente o pessoal ir todo para dentro dos carros e ligar o ar condicionado enquanto fuma...

A casa da minha avó tem um pé direito gigante, é uma casa velha cheia de frinchas à portuguesa e é praticamente a mesma coisa aquecer o ar da rua que a casa da minha avó. Também são imorais os aquecimentos da minha avó?

Abobrinha disse...

Rita

Eu discordo que esteja explícito no post que não se trata da lei do tabaco. O que acho é que se anda às voltas, num esconde-esconde.

Posto desse modo, a casa da tua avó é imoral. Devia ser mais bem isolada e ser mais eficiente do ponto de vista energético. Pronto, era isso que querias ler? Agora substitui "imoral" por "racional" ou "amigo do ambiente" e vê se não fica melhor e se não traduz melhor o que se passa.

Fumar dentro dos carros, deixa que te diga! Agora ter espaços para fumadores como em Portugal se está autorizado a ter, isso é diferente! Porque (e mete isso na cabeça) ninguém foi proibido de fumar!

Eu não tenho culpa de eles terem noites em que está 10ºC na rua! Também não tenho culpa de fumarem. Mas há-de haver um compromisso que permita conciliar ambos. E os aquecedores não me parecem bem. Dito isto, sabes perfeitamente que é gente que aquece tanto a casa (sem isolamento, logo, imoral) que tem que abrir as janelas para conseguir respirar! Isto é imoral! Ou qualquer das opções que queiras e que te dei antes.

Voltamos ao início: não é claro que isto não seja por causa da lei do tabaco (o Luís achou que era). Todas as causas que se referem (aquecimento global, excessivo uso de combustíveis fósseis, lixo nos oceanos) estão referidos aqui só mesmo para enganar. Para justificar conferir uma liberdade aos fumadores que eles não têm e da qual sempre abusaram porque julgaram ter.

Eu não discordo de nada do que está neste post... simplesmente acho um abuso colar isto à lei do tabaco. Aliás, a maioria dos comentários a estes posts têm argumentos de indecentes a inocentes em relação à lei do tabaco.

Outra coisa: o Ludwig reconheceu que se enganou a apresentar um cálculo (é diferente de se enganaro NO cálculo). Aliás, o erro era tão clamoroso que te deste conta dele (eu não: não peguei na máquina). Sendo as contas dele (fora o erro) só uma estimativa, chamou a atenção para o facto de as outras contas serem convenientemente favoráveis a vender bilhas de gás.

artur figueiredo disse...

Publiquei comentários sobre a actual lei do tabaco num anterior post da Professora Palmira porque me parece que a lei tem os mesmos indícios de prepotência e arbitrariedade que esta pretensão de acabar com os aquecedores de rua. As minhas desculpas à autora e ao blog se houve lapso de interpretação, mas infelizmente penso que já não me é possível apagar os meus comentários.

É mesmo verdade que a lei me é indiferente porque não sou um grande fumador e há muito tempo que tenho todas as precauções para fumar em espaços fechados e, quando fumo na rua, a maior parte das vezes tenho que guardar as beatas no bolso (e não sei se do ponto de vista ambiental isso é positivo porque os casacos têm de ser lavados com maior frequência).

Mas irrita-me bastante esta tendência actual para uma sociedade clean... sobretudo na área de restauração e bebidas que me parece importante na economia nacional e onde não vislumbro nenhum tipo de estratégia. Outras conversas! Tal como a eficiência energética dos edifícios!

Parabéns à autora do post por ter recentrado as preocupações. Estas manchas de plástico não devem ser alvo de polémicas! Nem a pretensão de acabar com elas!

artur figueiredo disse...

Tal como suspeitava, claro que é possível remover os comentários. De qualquer forma, as minhas desculpas.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Temos de reconhecer que, com esses «625 dias por ano» (sic) não há nada que resista!

Abobrinha disse...

Eu não dou os parabéns à autora por esta série de posts em particular (aprecio a maioria dos outros, o que é irrelevante para o caso, mas não quero ser só negativa) por dois aspectos que me parecem essenciais:

- Fez uma série de contas que foram contestadas num post do blogue KTreta. Em vez de as contestar de volta, faz uma afirmação falsa (sim, eu disse falsa) que é "o Ludwig reconheceu o exagero e posteriormente corrigiu a sua estimativa para «apenas» cerca de cinco horas por dia durante 300 dias por ano". A estimativa nunca foi corrigida: a estimativa sempre foi esta e não os 600 e tal dias (mas com uma gralha no meio), mas preferiu ignorar isto a seriamente discutir a real estimativa e contestar ou não esse valor. QUem não leu com atenção parece achar que houve desonestidade intelectual e não uma gralha (parecendo que não,não são a mesma coisa).

- mistura alhos com bogalhos e centra tudo à volta da lei do tabaco. Todas as questões abordadas são impostantes mas são questões à parte. A questão da deriva autoritária é importante e precisamente por ser importante tem que ser tratada com seriedade e argumentos sólidos. Não com argumentos laterais (coloquialmente chama-se desconversar).

Se queria provocar um debate esclarecido à volta de qualquer dos temas, tem que tentar de novo, que assim não dá.

Unknown disse...

Abobrinha:

A Palmira não fez contas nenhumas: transcreveu as contas de um perito na matéria.

O Ludwig achou que o perito não sabia fazer contas e toca de fazer um post chamado "contas estranhas" a contestar as contas do perito e a chegar à conclusão que afinal o perito estava enganado e um aquecedor emite mil vezes mais que um plasma porque... estava ligado 24 horas por dia 625 dias por ano.

Foi de facto uma gaffe não foi uma gralha. Se as 15000 horas/ano podiam ser gralha "mil vezes mais" por extenso, não é gralha, é mesmo gaffe :)))

Unknown disse...

O post não se centra em torno da lei do tabaco que só é referida para dizer que não é isso que está em causa.

O que está em causa é a deriva autoritária de fundamentalistas anti-tabaco que inventam as mais rídiculas desculpas para proibir quem fuma de o fazer ao ar livre onde a saúde dos outros não está em causa!

Não estou a ver onde é que isto é desconversar.

Se calhar aqueles que se indignam contra os que pretendiam retirar os direitos de assistência à saúde aos fumadores (em Inglaterra) também estão a desconversar...

Haja paciência para fundamentalistas! Religiosos ou outros...

Abobrinha disse...

Rita

Eu ia apresentar-te excertos do texto que demonstram que este post é sobre o tabaco, mas para isso tinha que citar o texto quase todo. Só não vês isso se não queres, desculpa que te diga.

Também só não vês fundamentalistas pró-tabaco se não quiseres. Repito que a questão da assistência à saúde dos fumadores não é desconversar (mas foste tu que puseste a questão, não a Palmira) e eu disse que a questão era relevante. Os aquecedores não, a tua questão é e é muito importante porque... olha, porque nem é discutível, pronto!

Em contrapartida, se quiseres bater em alguém, vai ao meu estabelecimento ao post do aborto. Não que precise de ajuda, porque sei o que fiz e no que acredito, mas nem acredito em algumas coisas que foram lá escritas.

Abobrinha disse...

(Naturalmente não te convidei para ler o meu post para concordares comigo mas só para veres)

Unknown disse...

Abobrinha:

Será que não percebes o ridículo dos teus comentários? Primeiro " centra tudo à volta da lei do tabaco" depois de te apontar que não o "crime" é conter a palavra tabaco :)))

O Ludwig já se confessou no blog dele, o problema dele com o tabaco é um trauma de infância. Mas o resto do pessoal não tem culpa dos pais que lhe calharam na rifa!

PS: Obrigado pelo convite mas a amostra opinativa obriga-me a declinar... livra, pra fundamentalistas já basta o Jónatas!

Abobrinha disse...

Rita

Devolvo-te a reflexão: não te apercebes do ridículo dos teus comentários e do ridículo da colagem do tema do tabaco a coisas que não têm nada a ver?

Não foste capaz de ver que foi colocado neste post de modo deliberado uma manipulação de um erro (que foi uma gaffe), para rapidamente descredibilizar um cálculo que apresentou o Ludwig?

Bem, depois de achares razoável assumir que o Ludwig confessou um trauma de infância quando o que escreveu foi que os comportamentos que viu em criança não eram aceitáveis quando cresceu e evoluiu a partir deles, já não digo nada. Deves ser muito traumatizada! Ou isso ou segues os comportamentos que aprendeste sem os questionar sequer. Ou seja, não evoluiste! Francamente, quem tem algo em comum com o Jónatas Machado és tu: não lês o que escrevem. Ou por outra, lês mas interpretas à tua maneira, às tuas conveniências.

Cá por mim o trauma que tens é mesmo com o Ludwig. Só gostava de saber porquê.

Do mesmo modo saíste-me cá uma moralista e uma preconceituosa de primeira. Eu, que até gosto de discutir contigo e gosto da tua combatividade (o que não implica que concorde contigo) rotulaste-me logo de fundamentalista e acabou. Não leste sequer a porcaria do post, onde sou chamada de fundamentalista a feminista (no mau sentido) a assassina pelas posições que defendo. Por homens!

Mas tu foste ler sequer? Não: partiste para o preconceito em vez de procurar saber ou compreender a minha opinião. O que também fizeste neste caso. Tal qual o Jónatas Machado.

Eu e o Ludwig fomos superiores a ti: reconhecemos que pode haver uma perseguição dos fumadores. Mas não por causa da porra dos aquecedores e que é perigosa e que tem que ser combatida. Mas tu, no teu fanatismo, escolheste ignorar tudo isso.

E rotulaste-me simplesmente de fundamentalista. Rótulos, minha menina, é coisa que não aceito e não imponho. É feio.

Ludwig Krippahl disse...

Rita,

As contas estão no estudo que o tal perito referiu. O valor que ele citou vem daqui:

«It has been estimated by the LPG industry that in 2006 around 8,600 tonnes of LPG was supplied in cylinders sized for alfresco appliances. Of this, around 80% is estimated to be used for patio
heaters. This quantity of gas produces 94.9 GWh (341,700 GJ) of energy which releases around 20.3 kt of CO2, using the CO2 emission factor of 0.214 kgCO2/kWh.»


Mais à frente no mesmo documento vem:

«With ‘smoke-free’ now the norm in almost all enclosed public places, and if England follows the trends observed in other countries and cities which have already banned smoking, there will be an increase in the installation of outdoor heating.[...]
For gas heaters, the illustration of possible annual usage suggests that emissions could be between 141 and 282 ktCO2.»


Ou seja, há um valor de 2006 baseado no consumo doméstico de LPG e uma estimativa para o que vai acontecer a curto prazo baseada nas tendências observadas nos bares, hoteis e restaurantes.

Não me parece desonesto da minha parte questionar o tal perito por ter citado a estimativa do consumo doméstico para 2006 em vez da estimativa para o consumo nos estabelecimentos para os próximos anos.

O que me parece menos honesto é dar a impressão que o meu argumento depende dos tais 600 dias de utilização, quando isso foi só uma gralha irrelevante para a minha crítica: a estimativa das emissões para o uso comercial destes aquecedores é dez vezes maior que a estimativa apresentada, que é só acerca do uso doméstico em 2006.

Ludwig Krippahl disse...

Já agora, se quiserem ler o documento todo:

http://www.mtprog.com/ApprovedBriefingNotes/pdf.aspx?intBriefingNoteID=436

Unknown disse...

Fantástico :)

Para quem não aceita nem impõe rótulos tens montes de jeito para pôr rótulos aos outros :)

Gosto de saber que sou " maria-vai-com-as-outras", "moralista" e "preconceituosa" porque não aceito que tu e o Ludwig são "superiores" a mim.

O " maria-vai-com-as-outras" nem comento mas o moralista baralha-me, se fosse amoralista ainda percebia por achar que ninguém tem o direito de impor a sua moral aos outros.

Já o preconceituosa percebo: não aceito a tua e do Ludwig insinuação de que os "fundamentalistas pró-tabaco" estão a inventar uma conspiração. Uma perseguição.

Estas coisas do Hawai e do Nascar são...er... como era? ah desconversar :)))

Pior, sou mesmo muito preconceituosa: acho que só mesmo um fundamentalista pode dizer o que disseste num dos posts do Ludwig

Eu tenho razão neste assunto do tabaco e acabou!

Abobrinha disse...

Rita

Os meus parabéns: conseguiste distorcer todos os meus argumentos e não ter a humildade sequer de ver onde falhaste.

A frase que citas fui eu que a escrevi e assumo-a. Não como fundamentalismo mas porque vem no final de uma enorme discussão onde eu reconheci os argumentos que me apontaram e que achei válidos (tenho que reconhecer que não eram muitos) e rebati ponto por ponto todos os que me apresentaram.

Pior que isso, todos os argumentos que me apresentaram ignoravam ostensivamente as razões que eu apresentava. Logo, a frase é um dasabafo e parte de uma faceta minha: sou exagerada. Mas vindo de quem achou que o Ludwig tem um trauma de infância, já acho tudo normal.

Está visto que só sabes tirar o pior de cada discussão. Não sabes tirar o que de bem ela tem e aprender com ela. Cada discussão serve só para aprofundares mais as tuas convicções.

Ficas a saber que os únicos rótulos que te pus eram os de inteligente e combativa. Estás a mostrar-me que me enganei e que não gostas de ser contrariada pura e simplesmente. Como prova de que não queria saber (e não quero!) que discordasses comigo convidei-te a ler um post meu. E tu... bem... agora convido-te eu a ler o que escreveste e como eu o interpretei. Talvez aprendas alguma coisa.

Hydrofluoric disse...

"Mas os aquecedores no cerne da polémica apresentam uma eficiência térmica inexcedível com a tecnologia actual. Exactamente por isso, na resolução que pretende banir da Europa «equipamentos pouco eficientes em termos de energia», os aquecedores de pátio foram os únicos aparelhos designados especificamente uma vez que não entram nesta categoria."

Maybe by now you have probably noticed the absurdity of this claim, i.e. what's the point of something being very efficient if its output is 60 , 70% or more wasted? Imagine a house with a very efficient central heating system and very good insulation. Assume it is on and outside is -10 C. Now imagine the people in the house starting to open the windows, then removing the roof then knocking down the walls. What is the point of that efficiency?

Yes, it is good to read many books but sometimes it is worth to get outside and observe the real world. Let's look at how most of these patio heaters are used (i.e. outdoors), where the thermal source is well above the heads of the seated people. Now there are basically 3 methods by which thermal energy can be transported:

1) Convection
2) Conduction
3) Radiation

In convection, as most people already know, heated air (above the seated people) rises, then cools down and drops, establishing a convection current, so this will not help at all the seated people. Big waste.

The air is a very poor thermal conductor (0.026 J/(m*s*C), so you'll need a very high temperature to compensate for that. Big waste.

The amount of radiated energy per second (power) from a thermal source can easily be obtained by the Stefan-Boltzmann law and though it increases with T^4 (T is the source temperature in Kelvin) it also rapidly decreases with the square of the distance as it radiates, assuming isotropic radiation. Big waste, apart for the people very close to the source.

Now let's look at this "expert" Dr. Eric Johnson. First he doesn't even have a PhD nor is he a medical doctor, so why he is called a Dr. is a mystery. Second is work was commissioned by Calor Gas, the biggest supplier of LPG used to power these stupid patio heaters. It is then no surprise that a biography of this "expert" can be found in their website: E J biography. He's never published any peer reviewed paper in a climate related journal. He might be an expert on something but I don't know in what, maybe on Greek alphabet letters.

By the way, the ban has been approved by a massive 592 to 26. Almost all the votes against were from the UK Independence Party. What they want to be independent from I don't know either, maybe independent from any kind of intelligence.

As Lisbon today had about 100 mm of rain (after a prolonged drought) here is a very good paper on precipitation modelling, published by the proper experts: Climate paper

Unknown disse...

Abobrinha:

Não acho que um blog seja o local apropriado para se debater os meus ou os teus rótulos :)

É um pouco ...er... falta de respeito em relação aos "donos", pior que fumar-lhes pra cima, estar aqui com esta converseta.

Pelo que percebi destas últimas tiradas, rótulos àparte, mudaste de opinião e reconheces que há uns moralistas autoritários que usam desculpas esfarrapadas para tentar impor a todos a sua moral, neste caso proibição total de fumar no espaço público?

PS: tens razão numa coisa, não arredo pé da minha convicção de que ninguém tem direito a impor aos outros as suas opiniões e morais. E prefiro um estado democrático e livre, por muito que discorde das políticas seguidas, a um estado autoritário e totalitário que imponha a todos as minhas opiniões e morais. Era disso que tratava o post, já agora...

Abobrinha disse...

Rita

Comparado com muitas trocas de mimos que aqui aconteceram, acho que fomos comedidas e que não ultrapassamos os limites. Houve choque de egos, mas não se passou ao insulto e à falta de respeito.

Eu não mudei de opinião: se leres para trás, a minha opinião sempre foi de que a proibição total de fumar não faz sentido. Se te incomodares em ler a posição do Ludwig, é isso que ele defende. Quanto a discriminação de fumadores (ou seja de quem for) ao ponto de os preterir em tratamentos de saúde, nem pensar. Mas eu não estou a dar-te novidade nenhuma: ti é que não leste nada disto em primeiro lugar. Mas está escrito, em vários sítios das minhas numerosas intervenções.

COntinuo a ter a mesma opinião deste post: eu li-o e interpretei-o como já expus. Não precisas de concordar comigo, mas acho que devias reconhecer que fizeste julgamentos apressados em relação a mim e à minha opinião.

Unknown disse...

p_adic_metric

Estás a confundir a eficiência intrínseca dos aparelhos em si e a eficiência do seu uso. E mesmo esta, comparada com as formas alternativas de aquecimento de ar exterior, é muito superior a todas as outras, fogueira incluída.

O que estás a dizer é que achas «imoral» que as pessoas aqueçam ar exterior o que é diferente.

Acho mais imoral que se usem SUVs para deslocações na cidade, que libertam bateladas de CO2 e gases poluentes. Acho imoral que a Europa tão preocupada com as emissões de CO2 não dê o exemplo e, p.e., não acabe com os passeios semanais de avião entre Estrasburgo e Bruxelas. E com os passeios dos eurodeputados back and forth de Bruxuelas para os seus países.

Acho imoral que não se invista em trasnportes públicos e se desincentive o uso de carros.

O que se pouparia em CO2 se Bruxelas não preferisse atacar os alvos fáceis (e irrelevantes) em vez dos que realmente importam...

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...