Título: Como Havemos de Viver?
Autor: Peter Singer
Tradução: Fátima St. Aubyn
Editor: Dinalivro, 2006, 424 pp.
Qual é o sentido da vida? Numa prosa clara e elegante, o filósofo australiano Peter Singer (Universidade de Princeton), responsável pela revitalização da ética aplicada, discute nesta obra a ausência de sentido que a vida moderna por vezes parece encerrar, e propõe uma alternativa ética para uma vida plena de sentido. Discutindo o mito de Sísifo, a estratégia de pagar na mesma moeda de Axelrod, o mundo moderno da alta finança e muitos outros temas, é um livro fundamental para quem quiser conhecer melhor o alcance prático da melhor filosofia contemporânea.
quarta-feira, 23 de maio de 2007
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12 comentários:
O pensamento de Peter Singer é literalmente bestial
O que é difícil de aceitar em Singer é essa metafísica utilitarista de base. Ele me parece um pensador muito sensato, rigoroso, porém essa metafísica é problemática. Ainda mais quando aparece com o caráter não-metafísico.
Você compartilha do utilitarismo singeriano em suas reflexões sobre o sentido pra vida, ou mesmo em reflexões sobre a ética, Desidério?
Jorge Lacerda
No Epílogo de "As perguntas da vida" (Publicações Dom Quixote), Savater "trata" da questão do sentido da vida de um modo interessante (e semelhante ao do zalmoxis).
Depois de "mostrar" que a pergunta pelo sentido da vida tem um carácter religioso, Savater tenta reposicioná-la de modo a que fique filosoficamente válida.
Quem não tem acesso à obra referida pode encontrar parte do epílogo aqui: http://ocanto.esenviseu.net/destaque/sentido.htm
Independentemente do valor do livro e do seu autor penso que DM
não deveria recomendar o livro.
O então deveria fazer uma declaração de interesses.
E mais não digo.
Lamento
Se a vida nao tem sentido, que sentido tem dizer que nao tem sentido? Há um sentido latente em dizer que nao tem sentido, ainda que este não é entendido como tal. A vida não é neutra, dado que neutralidade (nulo) nao existe, ou é uma coisa ou é o (ainda) nao entendimento desta. Tal como dizer que Deus existe e o (ainda) não entendimento que existe. Quando se diz que não existe, procura-se definir uma neutralidade (laicismo ou outros -ismos derivados). Quando não se entende como tudo começou, pensa-se que tudo o que existe hoje, sempre foi assim, mas não, houve um paraíso em que era tudo diferente. No entanto, o homem decidiu não ouvir àquele que o criou e tudo ficou diferente. Ao pensar o contrário, procura-se realmente subir mais um nível como se um videojogo se tratasse. Pergunto-me é se este novo nível inclui alguma transformação biológica (aumento de informação) já que todos os supostos níveis anteriores envolveram tal transformação. E se tal transformação acontecer, esta surge pela única vontade do homem ou não. Até agora, pelo que tenho visto sobre aqueles que procuram o sentido da vida evolucionariamente (e que sao supostamente muito evoluídos), estes desenvolveram somente a questão mental, no sentido de chegar ao "EU SOU" (em inglês, I AMness) que Cristo demonstrou. No entanto, acredito que estão a cair em fantasias egocêntricas e narcisistas e dar razão àqueles que condenam todos os charlatões e pseudo-espirituais que foram surgindo ao longo dos tempos. Estes vivem confortavelmente em ambiguidades e contradições da vida, ou seja, podem dizer uma coisa hoje, e amanhã dizer outra, se isto ajudar a encontrar uma resposta. Dizem-se tolerante das pessoas e das suas limitações, ou seja, todos têm razão, e de acordo com a situação, uns terão mais que outros. Difícil é explicar a alguém que num determinado momento não tem razão quando este sabe que a tem. E acham sentido na vida não procurando violência, dizem que é coisa de níveis inferiores que se batalham uns com os outros. Pois, quem conhece a Palavra de Deus, sabe que todos estes foram mencionados e que portanto, nada é novidade, somente na forma como se apresentam. Os que não procuram um sentido da vida, perdem-se em actividades materialistas, e a procurar a tal iluminação impossível, dizendo e contradizendo-se, justificando-se até mais não poder. Tive um coach numa altura, que tinha acesso (e eu também o tive) aos melhores "assessments" incrivelmente desenhados para chegar a um auto-conhecimento mais profundo, para realmente tocar na base da questão segundo dizia. No entanto, o "vicio" continuava, ou seja, havia sempre o intuito de justificar-se perante si próprio. Sempre eu, eu, eu, e eu. Este coach tinha mais de 500 sites criados por si para defender a sua justificação perante si próprio. E quanto mais se justificava, mais queria justificar-se. É o que faz o Peter Singer. Justifica-se no intuito de defender as suas paixões e interesses. E quanto mais defende as suas paixões, mais tem necessidade de justificar-se.
Boa noite.
"Tive um coach numa altura, que tinha acesso (e eu também o tive) aos melhores "assessments" incrivelmente desenhados para chegar a um auto-conhecimento mais profundo, para realmente tocar na base da questão segundo dizia."
E o Rui deixou um coach destes?
guida martins
Penso que seria interessante LEREM o livro em primeiro lugar, e depois sim, vir aqui deixar uns comentários...
Caros leitores
Obrigado pelos vossos comentários.
1) Não tenho de declarar quaisquer interesses pois nada ganho com as vendas deste livro, nem ganhei qualquer dinheiro com a sua publicação. Mas mesmo que fosse eu o tradutor, ou o editor ou o revisor científico ou até o autor, eu não hesitaria em recomendar este livro.
2) A minha perspectiva sobre o sentido da vida deve mais a Susan Wolff do que a Peter Singer, mas há uma convergência entre estas três perspectivas.
3) A perspectiva de Singer sobre o sentido da vida é independente da aceitação do utilitarismo, assim como a minha. Sobre as base utilitaristas da ética recomendo a leitura da introdução de Pedro Madeira do livro Utilitarismo, de Mill (Gradiva).
4) Não é verdade, historicamente, que o problema do sentido da vida seja exclusivamente religioso, como Savater sugere. E a bibliografia contemporânea sobre o tema é largamente independente da religião. O problema do sentido da vida é um problema de valor: trata-se de saber qual é o valor das diferentes actividades que preenchem a nossa vida, e se umas actividades terão mais valor do que outras, e quais.
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