terça-feira, 29 de maio de 2007

MAGOS E SÁBIOS


Outra crónica minha saída no "Sol", esta no dia dos Reis deste ano. Chegados a meio do ano já dá para ver que metade das previsões dos magos já falharam... Na foto, quadro de Giotto da Visita dos Reis Magos, onde a representação da estrela de Belém está inspirada num cometa (provavelmente o cometa Halley, que o pintor viu em 1301).

No dia 17 de Dezembro de 1603, o astrónomo alemão Johannes Kepler, ao observar com uma luneta, do castelo de Praga, a sobreposição de Júpiter e Saturno na constelação de Peixes, propôs que essa era a “estrela de Belém” de que falava a Bíblia. O descobridor das leis dos movimentos planetários, feitas as contas, descobriu que um encontro desse género teria ocorrido no ano 7 a.C. E notou que o famoso judeu português Isaac Abravanel, negociante, tesoureiro de D. Afonso V e comentador bíblico, tinha interpretado o fenómeno astrologicamente: Júpiter significava príncipe, Saturno a Palestina e Peixes o final dos tempos, pelo que o “príncipe do final dos tempos tinha nascido na Palestina”.

Segundo os Evangelhos, os Reis Magos teriam vindo atrás dessa “estrela”, isto é, desses dois planetas, os maiores do sistema solar. Mas quem eram esses reis? Pouco se sabe. Nem sequer há a certeza que fossem três. A não ser apenas uma lenda, não seriam reis, mas sim magos, isto é, astrólogos, que procuravam a referida conjunção, bem nítida na Palestina. Deviam vir da região do Tigre e o Eufrates (onde hoje é o Iraque; Tikrit, a terra natal de Sadam Hussein é junto ao Tigre) onde tinha nascido a astrologia, que no tempo de Cristo se confundia inteiramente com a astronomia. Eram magos e sábios.

No tempo de Kepler vivia-se ainda a transição entre a astrologia e a astronomia. Com efeito, foi com as observações celestes e com a matemática que a astronomia ganhou foros de ciência. O sábio foi, porém, obrigado a ser mago para sobreviver: fazia horóscopos que lhe encomendavam. Chegou a afirmar que Deus tinha dado um sustento a cada criatura e aos astrónomos tinha dado a astrologia. Mas as coisas mudaram: hoje em dia, um sábio não é um mago!

No início de cada ano, por altura do Dia de Reis, não faltam as previsões astrológicas para o ano todo. Os seus autores são, evidentemente, magos e não sábios. Estão mais na tradição de Abravanel do que na de Kepler. E ganham mais dinheiro como magos do que ganhariam como sábios, se algum dia o conseguissem ser.

2 comentários:

Anónimo disse...

A estrela de Belém foi um evento especial utilizado por Deus num momento muito especial, o da encarnação do Seu filho Jesus Cristo.

Tentar encontrar uma explicação meramente naturalística para o evento é tão absurdo como tentar encontrar uma explicação naturalística para o nascimento virginal de Cristo ou a Sua ressurreição.

Uma tal explicação não existe, pelo simples facto de que se está perante evendos de causa sobrenatural, dotados de uma forte componente teológica.

As explicações naturalistas assentam na premissa, ideologica, de que Deus não actua no mundo real. No entanto, Ele actua no Seu Universo, sendo essa a verdade essencial do Cristianismo.

De resto, há muitas outras coisas, que Deus fez, que escapam a uma explicação naturalista, como sejam a criaçao do Universo, a criação da Vida e a criaçao do ser humano.

Também aqui se trata de eventos com uma causa sobrenatural, para os quais pura e simplesmente não existe uma explicação natural.

Os sucessivos revezes das cosmologias naturalistas (v.g. Steady State, Big Bang) e das "provas" da evolução (v.g. Neandertais, Lucy, "penas de dinossauros!, "órgãos vestigiais", "junk-DNA", "relógios moleculares", Archaeopteryx, Archaeoraptor,)apenas demonstram a situação de pré-falência científica dos modelos naturalistas.

A ciência funciona muito bem aqui agora, perante factos observáveis e repetíveis. No entanto, ela nada tem a dizer sobre o processo da criação, na medida em que este assentou em processos de criativos inteligentes que n]ao estão em operação actualmente, e que só podemos conhecer através dos seus efeitos.

O Universo está cheio de sintonia e informação, dando conta de uma complexidades inabarcável pela mente humana e inexplicável com basem em processos naturalisticos aleatórios.

Não existe, pura e simplesmente, nenhum mecanismo convincente que permita explicar a origem acidental, a partir do nada, de matéria, energia, espaço, tempo e informação. Todas as tentativas naturalistas de encontrar um tal mecanismo têm falhado e vão continuar a falhar.

Anónimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=yV0lVWtyduo

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