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 Mas chegaram então os ecrãs e, com estes, a ligação permanente. A luz 
azulada que nunca se apaga, o brilho que nunca se extingue. Despertos, 
esgazeados, atónitos, somos irremediavelmente atraídos pela sua luz. 
Tornámo-nos borboletas. Os nossos olhos já não se fecham. Foram-se as 
insónias, chegou a vigília, o tempo dos guardas-nocturnos, daqueles para
 quem a noite já não é mais do que uma sequência hipnótica entre mau 
sono e má ligação. Sou um deles.»   Assim escreve Bruno Patino nas páginas deste livro profético. O peixe vermelho, sobre o qual dissertou no livro A Civilização do Peixe Vermelho já desapareceu, foi engolido por um imparável dilúvio de ícones, textos, imagens, sons.
 Habitamos agora numa rede de ilusão de omnipotência. Acreditamos ter 
acesso a uma escolha ilimitada: músicas, filmes, séries de televisão, 
livros, notícias e reuniões. Mas o algoritmo comando-nos.  E assim 
estamos submersos, privados de liberdade, reduzidos aos nossos dados: 
remetidos para uma existência digital.
 
 Estará tudo escrito? Estaremos perante uma espécie de apocalipse 
programado por criadores - guionistas, investigadores e empresários? Se o
 fim dos tempos for produto da nossa imaginação, talvez ainda possamos 
mudar o seu curso.
 
 Um ensaio brilhante, pessoal e oportuno que desenha uma saída possível.
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