Viva a Inteligência Artificial! Este ano a Academia das Ciências Sueca premiou-a na Física e na Química. Depois de o Prémio Nobel da Física ter sido anunciado o premio para as redes neuronais, para o físico John Hopfield e e para o cientista de computação Geoffrey Hinton, por trabalhos usando redes neuronais, o Nobel da Química foi para o seu uso para prever a estrutura das proteínas a partir dos seus constituintes, os aminoácidos. A lista dos ingredientes está nos nossos genes, no nosso ADN, em cada uma das nossas células. Dois dos premiados. Demis Hassabis e John Jumper, lideram a DeepMind, a empresa da grupo da Google (Alphabet), que a seguir a ganhar no jogo do Go a um campeão sul-coreano, um jogo mais difícil que o xadrez, com o programa AlphaGo criou o Alphafold, programa que resolveu o problema do enrolamento das proteínas, dados seus constituintes. Uma proeza inacessível aos humanos foi, em 2020, realizada por uma máquina! As aplicações já existem: novos fármacos estão a ser desenhados por ferramentas de IA. Nas moléculas, a forma serve a função: é indispensável saber a forma para conhecer melhor a função.
A empresa Clarivate , que possui bases de dados de artigos científicos (Web of Knowledge) adivinhou este Nobel da Química, os três premiados estão na lista de nomeados deste ano, assim como adivinhou o Nobel da Medicina, dado por trabalhos de descoberta do microRNA. A revista Science tinha nomeado a proeza da DeepMind como a «descoberta do ano» em 2021. Era previsível, embora a atribuição tenha sido rápida: os cientistas dessas empresa sabiam da boa probabilidade de serem premiados (é interessante, embora não inédito, os laureados serem cientistas de um laboratório privado), assim como decerto o seu co-laureado, David Baker, que inventou novas proteínas com a ajuda de um programa de computador, mas sem usar IA, abrindo caminho ao AlphaFold. Quanto ao Nobel da Física os nomes eram imprevisíveis: julgo que Hopfield foi apanhado desprevenido e que Hinton, que já tinha o prémio Turing de Ciências de Computação não contava com a distinção, nem nos seus sonhos mais remotos. Mas, ao contrário de alguns comentários, importa realçar que os trabalhos premiados são da Física, designadamente da Física Estatística. As actuais redes neuronais estão, porém, que estão longe desses modelos da física.
Nas minhas palestras sobre IA tenho mencionado as proezas da DeepMind e os trabalhos de Hinton que culminaram em bem-sucedidos algoritmos de reconhecimento de imagens. Portanto, não fiquei muito surpreendido. Vou reforçar as menções a esses cientistas. A IA tem agora a benção de dois Nobel, não é coisa pequena. A ciência continua a mudar o mundo, agora a um ritmo maior, a um ritmo que alguns dizem alucinante.
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