terça-feira, 6 de julho de 2021

AS ORIENTAÇÕES DA OCDE PARA A DIGITALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) acaba de publicar (mais) um relatório para a educação com o título The state of higher education: One year in to the COVID-19 pandemic

Apesar de incidir no ensino superior, o texto não se distingue dos múltiplos textos que tem publicado para os níveis de ensino não-superior. A redacção traduz a sua invariável e apurada narrativa, onde foi, em tempos mais recentes, integrado o “argumento pandemia Covid-19”. 

O que se segue é um resumo do prefácio assinado pelo Director da Directoria de Educação e Competências da OCDE e Conselheiro Especial em Política de Educação para o Secretário Geral. No caso de a educação ser uma preocupação do leitor, não deixe de consultar o original.

A pandemia interrompeu a vida e a educação, expôs problemas dos nossos sistemas de ensino, mas também nos facultou a possibilidade de não seguirmos o mesmo caminho quando voltarmos ao “normal”.

Precisamos de encontrar novos insights. Numa crise sem precedentes como esta, é difícil obter percepções do passado, mas podemos olhar para as respostas dos sistemas a este desafio. Por isso, a OCDE tem recolhido dados, feito o seu tratamento estatístico e apresentado uma série de relatórios. 
A pandemia Covid-19 afectou severamente o ensino superior e expôs a necessidade de reexaminar os modelos pedagógicos e as políticas estabelecidas. É preciso adoptar medidas inovadoras que se prendem com a requalificação, o aperfeiçoamento, a internacionalização, o financiamento… 
Talvez o mais surpreendente do relatório seja mostrar quão mal preparadas estavam as universidades da maior parte dos países para funcionarem em regime online. Antes da pandemia poucos países contemplavam a aprendizagem nesse regime. 
Os estudantes dizem querer ir às universidades para conhecer pessoas excepcionais, ter conversas inspiradoras com os professores, colaborar em investigações e participar na vida social. De modo a atender às suas expectativas, as instituições precisam de criar ambientes onde a digitalização expande e complementa as relações estudante-professor e estudante-estudante, ainda que não as substitua.
A crise provocada pela Covid acelerou a digitalização, a qual se traduziu na concepção de cursos, na instrução, na avaliação, etc. Abriu-se a possibilidade de criação de opções de estudo mais flexíveis, numa combinação online e presencial. As instituições estão a responder com celeridade, num cenário que inclui novos actores (por exemplo, empresas e fornecedores de tecnologia educacional). 
No novo ecossistema as instituições continuam a ter um papel central de organização e certificação da aprendizagem. Abre novas oportunidades para os estudantes decidirem o que aprender, quando aprender, como aprender, onde aprender e para verem a sua aprendizagem reconhecida. 
Estudantes adultos podem requalificar ou aperfeiçoar competências ajustando o seu perfil ao mercado de trabalho de maneira flexível, acessível e rápida obtendo certificados reconhecidos nesse mercado. Devem ser proporcionados programas de aprendizagem mais curtos a par de outros mais longos. Por exemplo, o governo português lançou o Iniciativa "Skills 4 pós-Covid" em maio de 2020, para equipar os desempregados com competências procuradas no dito mercado. 
As tecnologias digitais tornam possível a “internacionalização virtual”, embora essa opção seja menos atraente para os estudantes tradicionais do que a presencial. Contudo, ela constitui uma mais-valia para estudantes não tradicionais, reduzindo custos de instrução, melhorando e individualizando as oportunidades de colaboração com os professores. 
Tudo isto vai implicar o compromisso das instituições com a criação de ambientes de aprendizagem de última geração, grandes investimentos em hardware e software, formação do corpo docente, adaptação de abordagens pedagógicas, e avaliação de tais ambientes. 
O sucesso da digitalização dependerá da adequação dos programas facultados, das competências das equipas responsáveis por eles, da atenção prestada às necessidades dos estudantes, considerando as suas expectativas de emprego, da qualidade das estruturas e da sua flexibilidade em termos de inovação.
Obviamente, o uso de tecnologia digital também encerra riscos que vão desde a confidencialidade dos dados pessoais dos estudantes até à criação de novas desigualdades entre eles. 
Por último, a carreira académica pode precisar de ser ajustada de modo a incentivar os professores a usarem eficazmente a digitalização no ensino.

Sem comentários:

EMPIRISMO NO PENSAMENTO DE ARISTÓTELES E NO DE ROGER BACON, MUITOS SÉCULOS DEPOIS.

Por A. Galopim de Carvalho   Se, numa aula de filosofia, o professor começar por dizer que a palavra empirismo tem raiz no grego “empeirikós...