quarta-feira, 18 de março de 2020

UM AVISO SÉRIO

Texto que nos foi graciosamente cedido pelo biólogo Jorge Paiva.
Há muitos anos que alerto para a situação de altíssimo risco, na qual políticas inqualificáveis colocaram o nosso país. Há anos que digo que preferia que o meu pais exportasse alimentação e conseguisse divisas, em vez de pasta para papel. Há anos que alerto para a situação em que colocaram o nosso povo rural: na dependência do eucalipto, de uma única fonte de sobrevivência, cuja multinacional até pode “brincar” com o preço de compra. 
Por outro lado, o camponês abandonou grande parte dos campos, não só porque preferiu plantar eucaliptos nos seu baldios e, muitas vezes, até nos seus campos de cultivo, como também não tinha capacidade de competir com as multinacionais estrangeiras produtoras de produtos alimentares vegetais e animais, tendo desistido da agricultura, deixando os campos. 
Ainda há poucos dias perguntei a um político, que me elogiava o interesse económico do eucalipto para a sua região autárquica, se a população dessa região comia folhas de eucalipto ou comia produtos vindos de outras regiões? Perguntei-lhe também se 90% dessa região tinha ardido por causa de plantas alimentares ou por causa da referida região ser um eucaliptal contínuo? Também lhe perguntei se ele sabia que a produção de pasta para papel era altamente poluente (gasosa e líquida) e que havia efluentes despejados directamente no oceano com um ´prévio tratamento não totalmente eficiente? 
Se esta crise do coronavirus levar ao isolamento do país (espero que não), não estamos preparados para sobreviver, pois não temos alimentos nem produção deles para nos alimentarmos. 
Isto é apenas um AVISO SÉRIO, pois vem aí uma crise muito mais grave, como alerta o filósofo José Gil: “Esta terrível experiência que estamos a viver constitui apenas uma antecipação, e um aviso, do que nos espera com as alterações climáticas” (Público 10918: 4-5, de 16.03.2020). 
Jorge Paiva, Biólogo 16.03.2020

1 comentário:

Anónimo disse...

É em épocas de grande sofrimento e medo, como esta que atravessamos, que os grandes visionários podem dar rédea solta às suas criatividade e vontade de terraplanar pequenos outeiros e grandes montanhas, trazendo para o terreno as competências que, no seu tempo, souberam cultivar em contexto de sala de aula arejada com a inefável reforma Veiga Simão.
Não há que enganar: o futuro da Humanidade está no fundo do mar!
Eu já estou a ver cidades enormes, como a cidade do México, Xangai, Nova Iorque ou Tóquio, construídas de raiz no fundo do mar e perfeitamente viáveis, devido a enormes calotes semi-esféricas de vidro ultra resistente que as protegem da massa enorme de água salgada que têm por cima. Nessas megalópolis, livres de eucaliptais, as matérias-primas necessárias para fabricar o indispensável papel, que hoje tanta falta nos faz, são, nem mais nem menos, do que as versáteis algas

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