quinta-feira, 26 de março de 2020

A pandemia como "oportunidade de ouro" para entrarmos de uma vez por todas no paradigma educativo do século XXI

Quem diria que seria preciso uma pandemia como esta que estamos a passar e de que, por enquanto, não se vislumbra o fim, nem as reais consequências, para entrarmos de vez na educação do século XXI, do futuro? Esta pandemia torna-se, assim, "a oportunidade de ouro" para mudarmos de paradigma. Di-lo Diogo Simões Pereira, que se identifica como Director-geral da Associação EPIS – Empresários Pela Inclusão Social, num recente artigo do PúblicoVale a pena ler algumas passagens desse artigo e ponderar nelas:
(...) Numa semana, os professores de todo o país tiveram a capacidade de alavancar os seus recursos e competências, para dar início a uma vaga de ensino remoto sem precedentes em Portugal. 
Isto significa que, no “aftermath” desta crise, todos nós, como sociedade civil, mas em particular o Estado, temos obrigação de fazer o investimento necessário para consolidar e melhorar as boas práticas desenvolvidas: dotar as escolas das infra-estruturas tecnológicas e equipamentos necessários (...) e disponibilizar acesso de banda larga à internet a todos os colaboradores e alunos;formar e treinar em tecnologias de informação os professores do 1.º ciclo ao secundário, com incentivos que assegurem massa crítica para que a cultura de ensino com recurso ao digital se consolide, em vez de “voltar tudo ao mesmo";consolidar os conteúdos e “tools” digitais desenvolvidos, em parcerias amplas entre escolas, editoras, universidades e empresas (...);rever os curricula, à luz do “Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória”, apostando em novos modelos não formais e informais de aprendizagem e de capacitação, com a participação da sociedade civil e das empresas, possíveis neste paradigma digital; ajustar o estatuto da carreira docente e a organização das escolas para modelos mistos de ensino presencial e à distância, que facilitem a vida aos professores e aos alunos, sobretudo em zonas e situações em que, atualmente, têm de percorrer muitos quilómetros (...); não menos importante será garantir a inclusão digital e a igualdade de acesso dos alunos de famílias mais desfavorecidas, em particular no que diz respeito às infraestruturas e equipamentos disponíveis nas suas casas, eventualmente compensadas pelo apoio de salas geridas pelas juntas de freguesia (...). 
Esta revolução digital na Educação deveria ser potenciada pelo Estado numa primeira fase, mas criaria todo um novo ecossistema de parceiros públicos e privados (...). 
A crise da covid-19 criou a oportunidade de ouro para darmos o salto, finalmente, para uma Educação do século XXI. Devíamos todos começar a trabalhar neste projeto desde já, com a ajuda do Governo, mas também da União Europeia (...). Há recursos humanos disponíveis e talento suficiente no país para iniciarmos este caminho já. Mãos à obra!

4 comentários:

Socorro, a minha mulher tem um blog disse...

Delírios?

Rui Ferreira disse...

Mais um pateta que nem se dá conta que o que realmente defende é nada mais nada menos que acabar com a escola.
Deixo aqui parte de um comentário de alguém (perdoem-me não conseguir nomear) que de um modo muito simples e sábio se referiu a este tipo de patetice:
"... uma dica para evitar dizer disparates em público: não se fiem na ideia genial que vos passou pela cabeça, mas que ninguém ainda pôs em prática; o mais provável é que a estupidez esteja em vocês, e não nos outros."

Veremos disse...

Claro que sim. Desde que, no ensino à distância, no 1º CEB:
- os recursos tecnológicos e internet sejam fornecidos pelo ME nas escolas e nas casas dos professores que, pelos vistos, deverá estar aberta à visão do público (o pessoal da primária proporciona aulas teóricas, práticas - Teatro, Desporto, Música - em que espaço?). Talvez uma parceria com atores e músicos que raramente têm trabalho e clubes desportivos ou ginásios para este tipo de aulas. As CM poderiam pagar-lhes essas aulas nos seus interativos espaços;
- os pais não trabalhem para que possam assegurar o devido acompanhamento
tecnológico aos filhos em tempo letivo/horário de trabalho dos professores ou podemos todos trabalhar à noite, porque o povo pode tudo;
- seja dada formação gratuita a pais e professores do país inteiro para aquisição de competências técnicas, no âmbito das ferramentas tecnológicas que necessitamos de dominar, sendo a gratuitidade condição da obrigatoriedade;
- que haja uma estrutura consistente de monitorização do trabalho dos alunos, dos docentes e dos pais, evitando que os docentes, depois das aulas presenciais, ainda tenham de estar horas afiambrados aos computadores para correções e apoios digitais a E.E. e alunos;
- que depois de uma crise económica sem precedentes, o Governo tenha dinheiro para pagar a luxúria do conforto tecnológico indoor para que as editoras, universidades e empresas assumam, de uma vez por todas, as rédeas da escola.
Não havendo dinheirinho, sempre podem ir novamente aos bolsos dos docentes congelados (não sei se os bolsos, se os docentes), vazios de subsídios e com reformas precárias, apesar dos 40 ou 45 anos de trabalho.
Eu tive um sonho de grandeza na minha humilde mansarda...

Rui Baptista disse...

O salto galopante para as novas tecnologias não pode, e muito menos deve, agir em detrimento das aulas presenciais. Aliás, esta medida deve ser pensada (e muito meditada) sem ser no desvario desta pandemia cujo móbil principal é salvar vidas humanas. Nada substitui a empatia que se gere entre professor/aluno e vice-versa, e essencialmente, a sociabilização no dia a dia com os colegas da escola E o que dizer do aluno sentado junto ao computador em trabalhos académicos e jogos de computador, quais ostras agarradas à lapas? Esta situação enfraquecerá os músculos que contribuíram para a posição bípede que levou milénios a alcançar voltando o homem à quadrepedia original. Aliás, o pouco movimento dá aso às chamadas doenças hipocinéticas como sejam cardiovasculares e desvios da coluna: cifoses, lordoses, escolioses e obesidade infantil, etc. No âmbito dos medicamentos há os que devidamente doseados curam; em excesso matam!

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...