terça-feira, 14 de janeiro de 2020

UM ABRAÇO QUE LEVOU QUASE VINTE ANOS EM TRAVESSIA ATLÂNTICA


(Na foto o Professor José Maria Santarem e eu a seu lado)

Meu artigo de opinião publicado hoje no "Diário as Beiras".

Na altura a que me reporto vivia-se um tempo de mitos e falácias sobre os malefícios  dos pesos e halteres  refutados, com muita autoridade, pelo Professor José Maria Santarem, reputadíssimo especialistas a nível mundial sobre os efeitos benéficos do treinamento com pesos e halteres.

Colho do seu extenso e valioso currículo pequena notas: José Maria Santarem é doutorado em Medicina, pela Universidade de São Paulo, especialista em Fisiatra e Reumatologia. Coordenador dos cursos de pós-graduação  em Fisiologia do Exercício Físico e Treinamento Resistido na Saúde, na Doença e no Envelhecimento no Centro de Estudos em Ciências da Actividade Física, da Faculdade de Medicina da  Universidade  de São Paulo. Dirige actualmente o Instituto Biodelta, instituição dedicada  às aplicações, ensino e pesquisa  do treinamento resistido. É autor do livro “Musculação em todas as idades” (1ª edição, 2012), merecedor, entre outras,  da seguinte referência: “Há um paradoxo que identifica o entendimento de progresso, caracterizado por um evidente desenvolvimento cognitivo concomitante  a uma progressiva redução da capacidade física dos seres humanos, cuja longevidade se implementou mais no último seculo do que nos que o precederam . Nesta obra, Santarem mostra a magnitude dos efeitos do sedentarismo e a forma mais adequada de preveni-lo ou reverte-lo em prol de um envelhecimento saudável” (Wilson Jacob Filho, Professor Titular de Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Em edição de 1973, contradisse, no meu  livro, “Os Pesos e Halteres, a  função cardiopulmonar   e o  doutor  Cooper” (edição de 1973), as críticas  feitas,  por Kenneth Cooper aos exercícios com resistências progressivas, no seu livro,  “Aptidão Física em qualquer idade”, de que cito : “Os halterofilistas representam apenas a aptidão muscular tendo a motivação certa, mas a orientação errada, por estarem  presos ao mito de que a musculatura forte ou a agilidade significam aptidão física.  Eis um dos maiores enganos no campo do exercício”
.
Anos mais tarde, encontrei respaldo sólido para a minha fidelidade aos pesos e halteres nos trabalhos de investigação do Professor Santarem sobre a sua prática na melhoria  e manutenção da  forma física dos seus executantes. Sendo  eu, ao tempo, docente da Faculdade de  Ciências do Desporto e Educação Física da  Universidade de Coimbra (2002) que melhor personalidade  da Fisiologia do  Exercício Físico para se pronunciar sobre o meu livro? Passado pouco tempo do seu envio recebi do Professor Santarem  o seguinte mail:

“Com muita alegria recebi o seu livro e a sua carta. Nossos ideais são comuns, e nossas dificuldades  históricas também. Felizmente hoje as evidências nos apoiam e somos ouvidos, mas é sempre emocionante lembrar os tempos em que éramos quase ignorados, Gostei muito do seu texto que, naturalmente, deve ser lido com a lembrança da situação do conhecimento de então. Como me pediu, segue em anexo um texto meu actual, é um capítulo de um livro de medicina do esporte, ainda a ser editado. Meu desejo é que um dia nos possamos encontrar e rir bastante com as dificuldades do passado. Um fraterno abraço. Santarem”.

Por escassos dias, esteve o Professor José Maria Santarem  em Portugal, tendo-me visitado na minha residência em Coimbra para me dar um abraço, onde me encontro temporariamente imobilizado numa cadeira de rodas, após uma queda por me levantar  de supetão da cama. Óptimo regresso ao Brasil e bem haja pela sua visita amiga que muito me honrou e conforto me trouxe. 

Como sentenciou Francis Bacon, “as amizades duplicam as alegrias e dividem as tristezas”. Eu tive a prova disso mesmo pela nobreza que a Amizade  representa  para o Professor Santarem  em horas de infortúnio dos amigos!

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