Hoje, dia mundial da poesia, a televisão pública financiada pela factura de electricidade para fazer serviço público usou mais sete minutos do horário nobre para promover a crendice e o obscurantismo.
Assim, nos últimos cinco dias a RTP já dedicou 27 minutos e 39 segundos de horário nobre a esta inacreditável ideia de serviço público:
- No dia 17 de Março a estação pública de televisão resolveu usar 7 minutos do telejornal (a partir do minutos 12) para fazer publicidade a um especialista em "medicina popular", que afirma fazer diagnósticos médicos medindo, aos palmos, a roupa dos pacientes.
- No dia 19 de Março, foram dados 6 minutos e 15 segundos no horário mais nobre da televisão pública a uma cartomante, que diz acertar em 90% das vezes.
- No dia 20 de Março a televisão pública resolve dar mais 7 minutos e 24 segundos de publicidade a uma fitoterapêuta que afirma fazer diagnósticos de doenças graves através da leitura da íris, dizendo que "os olhos são o espelho da alma", lugar comum que não significa absolutamente nada. Mais grave ainda, afirmou tratar o cancro de uma paciente com a raiz de uma planta de origem coreana, cuja raiz "tem a forma do corpo humano". E conclui dizendo que "a quântica pode determinar a data da morte do ser humano".
- No dia 21 de Março, a RTP achou por bem usar mais 7 minutos (no início da segunda parte) para promover um médium que afirma "incorporar" os espíritos "de quem partiu", "geralmente santos".
Que inacreditável conteúdo de serviço público terá a RTP para nos oferecer amanhã?
6 comentários:
Isto é repugnante. Realmente tinha reparado que haviam passado reportagens sobre semelhantes tópicos dois dias seguidos, mas pensei que isso fosse uma coincidência. Que coisa mais fruste!
Caro David Marçal:
Isto é o outro lado da nossa realidade.
As pessoas não são todas informadas como o senhor.
Quando somos confrontados com o espectáculo obsceno dados pelas elites que, da forma mais desavergonhada, se amanham e pedem aos outros uma vida de cão, o que quer?
Quando isso é feito pelo «saber», pela «racionalidade», o que é que quer que as pessoas aceitem e em que é que quer que acreditem?
Na irracionalidade e na crendice.
Por isso este tipo de programas tem na aceitação pública que tem, o que leva que até a RTP os adopte.
Mas eles estão presentes nas restantes televisões.
E essa história de que não somos nós que pagamos as televisões privadas é mais um embuste: só não as pagamos directamente na factura da EDP.
Caro David, comentários para quê?...Não se admire, no entanto, caso um destes dias transmitam a nova série de "Cosmos" num dos canais estatais. Claro que eu, precavendo-me, vou esperar sentado.
Luiz Carvalho
Realmente não sei como poderia ser pior. No primeiro anúncio do que estava para vir ainda fiquei na dúvida se seria uma reportagem jornalística isenta e exclusivamente informativa.
A mim interessa-me saber que estas coisas ainda existem e entender porquê. Mas não, toda a apresentação da rubrica e introdução são no sentido de um avale do que ali se mostra.
Se não é notícia, não é reportagem, não há contra-ponto, só resta mesmo publicidade. E somos nós obrigados a pagar esta desinformação. Isto só pode ser pelo sucesso de audiências que são as mayas e afins na concorrência. Triste,
Meu Caro David: Isto é tanto mais grave por ser uma forma de publicidade televisiva enganosa, de uma televisão estatal, paga com os impostos de todos nós. Servirá, ao menos, para as Finanças verificar quais os impostos pagos por estas "profissões liberais" (ou de libertinagem!) exercida por estes pândegos?
E o que diz a isto a direcção de programas da RTP? Para já não diz nada. Ora, como diz o povo, "quem cala consente"!
Já fiz umas reclamações sobre a duraçao e falta de conteudo dos telejornais da RTP !.
Penso que a resposta , será nula!!!!!!
Mas.......
Augusto Küttner de Magalhães
Enviar um comentário