quarta-feira, 19 de março de 2014

Quem simpatiza, pára.

Quem simpatiza, pára.
Fernando Pessoa/Bernardo Soares

Nunca será demais lembrar acontecimentos históricos que, positiva ou negativamente, marcaram a vida dos homens, e lembrar também os homens que pela nobreza dos seus actos marcaram um Tempo.

Nesse sentido, a Fundação Aristides de Sousa Mendes, em colaboração com a Universidade de Coimbra (Reitoria e Faculdade de Economia), promove o Colóquio «Os Diplomatas Portugueses durante a II Guerra Mundial», a realizar no próximo dia 21 de Março, na Faculdade de Economia (sala Keynes), entre as 10.00 e as 18.00 horas, reunindo diversos investigadores, nacionais e estrangeiros (João Paulo Avelãs Nunes, Cláudia Ninhos, Daniela Nascimento, Ansgar Shaefer, Lina Madeira, Avraham Milgram, Sofia Leite e Irene Pimentel que organizou esta jornada, com entrada livre).

Está a Fundação Aristides de Sousa Mendes igualmente grata à Fundação Calouste Gulbenkian, à Antena 2 e à Câmara Municipal de Coimbra pelos apoios concedidos. Falar na acção dos Diplomatas Portugueses durante a II Guerra Mundial é lembrar não só o nome de Aristides de Sousa Mendes (Bordéus, 1940), mas também o de Sampaio Garrido e o de Teixeira Branquinho (Budapeste, respectivamente, de 1939 a 1944 e 1944) ou o de Veiga Simões, ministro plenipotenciário em Berlim, de 1933 a 1940.

Uma sensibilidade humanista será o elo que os une, mas ajustar-se-á mais ao sentido da frase que escolhi para epígrafe o comportamento dos três primeiros diplomatas.

Por alguma razão o Yad Vashem atribuiu, respectivamente, em 1966 e 2010, a designação de «Justo entre as Nações», a Sousa Mendes e a Sampaio Garrido, a qual, segundo parece, estará prestes a ser concedida também a Teixeira Branquinho.

Etimologicamente a palavra «simpatia», de origem grega (syn+pathos), significa «estar com o sofrimento de» e foi essa capacidade de sentir o sofrimento que afligia os perseguidos pelo nazismo, na sua maioria judeus, que determinou a coragem destes diplomatas e os fez «parar», ou seja, reflectir e depois agir.

É por vontade própria que não mencionamos o número de pessoas que salvaram, porque uma que fosse e o gesto de solidariedade deveria ser lembrado. Na ousadia de resistir e de desobedecer a ordens superiores, verbos usados por Aristides de Sousa Mendes na descrição do seu acto de consciência, e que também se aplicam a outros diplomatas, reside o exemplo, o belo que, no seu sentido filosófico, é o que ilumina.

Maria do Carmo Vieira 
(Fundação Aristides de Sousa Mendes)

1 comentário:

Luís Morgado disse...

Talvez este artigo vos possa esclarecer:

http://novoadamastor.blogspot.pt/2012/11/aristides-de-sousa-mendes-as-origens-do_10.html

O Aristides não salvou ninguém por motivo "humanitários", mas sim porque estava falido e afogado até ao pescoço em dívidas de jogo.

E é mentira que o Salazar lhe tirou o salário. É só consultarem os documentos oficiais que podem lá constatar como o Aristides continuou sempre a receber o seu salário até morrer.

Talvez não fosse má ideia irem investigar quem roubou documentos do processo do Arisitdes de Sousa Mendes do arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros...

Dou-vos uma dica, o último nome é "Soares"...

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