terça-feira, 22 de outubro de 2013

HOMENAGEM A GOMES LEAL

Do académico Eugénio Lisboa, ensaísta e crítica literário,  autor de inúmeros posts  aqui publicados, em envio que muito nos honra, foram recebidos estes versos, escritos, segundo ele próprio, “relendo Gomes Leal, num Domingo melancólico, meditando neste horror que se abateu sobre o nosso país”:

"Morre o povo aí pelas esquinas,
com a fome que também matou Camões.
Abrigam-se os pobres nas ruínas,
com gestos e ademanes de ladrões.
Com fome e frio, o povo abandonado,
sacode o mundo, tenebrosamente:
dá-me tu, ó Musa, um furor sagrado,
que nos levante, poderosamente! 
Uma lira feita só de vinganças,
uma lira cuspindo ameaças!
Uma lira que abale as seguranças
dos que vivem de rapina e trapaças! 
Dá-me um canto canoro e eloquente,
que seja para os pobres como um sol,
pai dos párias e astro transcendente,
que faz do pobre grato girassol! 
Ó Musa, quero a gana do Poeta,
que me ajude a castigar este horror,
a varrer, com vigor, esta sarjeta,
onde copulam gula e impudor!"

Eugénio Lisboa ( depois de reler “A Fome de Camões”, de Gomes Leal). 

Sem comentários:

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...