quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Gatos e Homens


Georges Perec, romancista e poeta francês, autor de “Les Choses”, tinha como companhia preferida os gatos pretos.

No filme L`Atalante de Jean Vigo, a cozinha e o quarto, dentro do navio, do cómico, e ímpar e femeeiro Le père Jules (Michel Simon), está também ela cheia de gatos, e ele diverte-se a afagá-los como se fossem mulheres.

Em mecânica quântica, a interpretação de Copenhaga irritou Erwin Schrödinger e levou-o a imaginar uma experiência mental, onde dentro de uma caixa lacrada estava um gato e um gás venífluo que seria libertado assim que uma amostra de  núcleos radioactivos, com um determinado tempo de Meia-Vida, começasse a decair. Ao fim de algum tempo há 50:50 de possibilidades de o gás se libertar. Ele põe-nos então duas questões: O que acontece ao gato se a caixa permanecer encerrada, e o que acontece ao gato se a abrirmos? A resposta à segunda questão é óbvia: ele está vivo ou morto (colapso da função de onda); todavia, para a primeira questão, ele está vivo e morto, em simultâneo; isto é o paradoxo de Schrödinger. A perturbação de um sistema pela observação ou medição é um dos pilares da interpretação de Copenhaga, os outros são a dualidade da natureza da partícula-onda (a complementaridade) e a incerteza numa medição quântica.

O poeta Vasco Graça Moura também convive com gatos. No seu poema “variações sobre um gato”, um gatinho salta para o teclado do computador e inadvertidamente escreve “ba”. Este facto deixa o poeta ensimesmado com a possibilidade de no ecrã aparecer o nome “bach” e com a possibilidade do gatinho ser sobredotado. É nesse momento que o retira do teclado para matar a curiosidade do leitor, como quem diz basta ou chega.

Uma das novelas que mais gosto de John Steinbeck é Ratos e Homens. Aqui, o autor compara os homens apanhados pela grande depressão, vagueando de quinta em quinta, a ratos, mas fá-lo depreciativamente; no final, ele deixa ao leitor a sentença para um homem deficiente e incapaz de controlar as suas emoções, que acaba de assassinar acidentalmente uma mulher casada com o filho de um proprietário.

Gastos e de rastos, caminhamos, vamos, sonhamos, lemos….

2 comentários:

João Alves disse...

Adoro gatos. Tenho dois. O que escrevem no teclado do computador, não sei. O que sei é que por vezes apagam o trabalho que faço ou fazem a página andar quilómetros... a tecla do espaço é a maior. Neste momento metade do teclado está tapado pela cauda e parte da pata de um deles. Se isto é física quântica não faço ideia. A Alexandre Solnado diz que é a energia que está entre os electrões e o núcleo dos átomos e eu acredito, se é ela que o diz.
Continuo a preferir os gatos.

Angelo Miguel Pessoa Alves disse...

No próprio núcleo há a forças nucleares: a fraca e a forte.
Aconselho que procure a experiência de Feynman com a dupla fenda em "http://cpenelopefournier.com/index2_ficheiros/Page415.htm"

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