domingo, 16 de junho de 2013

Educação: o relevante e o acessório

O que é realmente relevante no que respeita à qualidade do ensino é apenas isto:

1) O desenho curricular;
2) A qualidade dos programas;
3) A qualidade dos manuais escolares;
4) A qualidade dos professores.

Infelizmente, quando se discute a educação em Portugal, discute-se o acessório; e, claro, o acessório é o que mais interessa a quem não se interessa minimamente pela qualidade educativa.

Comecemos com 4. O problema aqui é que os processos em que nos baseámos ao longo de décadas para qualificar professores são, em si, muitíssimo deficientes: as universidades preparam mal os futuros professores, em muitos casos, porque a qualidade educativa nas universidades é também um bem muitíssimo escasso.

Passemos a 3: dadas as carências de 4, os professores escolhem livremente os manuais escolares mas as suas escolhas nem sempre são adequadas, pois não sabem distinguir o trigo do joio. Por outro lado, a falta de profissionalismo (e até a falta de vergonha na cara) faz alguns professores escrever manuais com fito único de ganhar dinheiro e não de contribuir modestamente para a qualidade do ensino. Isso é nítido quando se vê autores de manuais escolares que nunca fizeram fosse o que fosse de relevante pelo ensino da sua disciplina, excepto a única coisa que dá dinheiro: os manuais.

Quanto a 2, a dificuldade de fazer bons programas tem uma vez mais origem na falta de qualidade educativa das escolas e universidades, pois quem faz os programas são os professores. Apesar de nas mais diversas áreas haver professores de grande competência, não são em geral essas as pessoas convidadas pelo ministério para fazer programas, mas antes as pessoas que se movem nos corredores do poder. O resultado são programas que na melhor das hipóteses tem uma relação vaga com a realidade da disciplina em causa, tal como esta existe nas publicações da especialidade.

Quanto a 1, basta um olhar rápido pelo desenho curricular português para se ver que uma parte significativa das disciplinas que os estudantes são obrigados a frequentar são destituídas de qualquer relação, ainda que vaga, com quaisquer realidades profissionais ou académicas exteriores à escola. São fantasias curriculares que não servem qualquer propósito formativo (seja cognitivo, seja humano).

Como se pode tentar fazer melhor? Com algumas medidas simples.

Primeiro, eliminar do Ministério da Educação as responsabilidades laborais, transferindo-as para outro ministério. Ao Ministério da Educação deve pertencer exclusivamente o trabalho educativo, para não se perder tempo com braços de força com sindicatos nem perder tempo com guerras devido a mais 100 euros ou menos 100 euros, mais uma hora de trabalho ou menos uma hora de trabalho. Essas coisas do foro do trabalho devem ser tratadas por um ministério próprio que trate das condições de trabalho de todos os funcionários públicos.

Segundo, eliminar do desenho curricular todas as fantasias escolares, mantendo apenas 1) áreas académicas centrais (economia, matemática, filosofia, literatura, história, etc.) e 2) ensino de diversas profissões. Flexibilizar completamente o currículo de modo a que os alunos possam escolher as disciplinas que preferem e para as quais têm mais talento, sem perder tempo com as outras. É absurdo que um aluno tenha de perder tempo e energia a estudar filosofia ou matemática ou física ou história se isso não lhe interessa. Os alunos devem poder escolher os seus próprios percursos.

Terceiro, fazer exames nacionais rigorosos e exigentes a cada ciclo de estudos, pois esta é a única maneira de garantir que os alunos estão a receber a educação de qualidade a que têm direito. Mas os exames nacionais têm de ser responsavelmente feitos, tendo exclusivamente como objectivo estimular a qualidade educativa, nada mais. Os exames não são o momento adequado para fazer despiques entre colegas, nem para manipular números inventados de sucesso escolar fantasioso para os políticos decorarem os seus discursos. Os exames são uma coisa muito séria porque é o futuro do nosso país que está em causa, pois o nosso futuro depende da qualidade, eficiência e profissionalismo das novas gerações (que, espero, superem a miséria que são as actuais gerações de governantes e profissionais sem tino, parasitas que só sabem roubar da sociedade em que estão inseridos, mas que nunca coisa alguma deram à sociedade que lhes dá tudo).

Exames nacionais rigorosos, bem feitos, profissionalmente concebidos, sérios e objectivos, juntamente com bons programas e um desenho curricular sensato, permitirão dar às novas gerações uma formação cognitiva, humana e profissional superior à que recebemos.

Não há razão alguma para Portugal ser sempre um dos países mais pobres e atrasados da Europa; isso não é um destino a que não possamos escapar. Os portugueses não são menos inteligentes ou capazes do que os outros povos. Apenas temos permitido, ao longo de séculos, que as pessoas menos competentes tenham dirigido os nossos destinos. E isto está de tal modo entranhado na mentalidade portuguesa que as pessoas mais competentes entre nós manifestam geralmente uma atitude de nojo moral pela intervenção pública. Isso compreende-se (quem não se importa de se misturar com os nossos políticos e jornalistas com certeza não tem grande verticalidade moral), mas o resultado é desastroso. Há muita gente no país que é muitíssimo competente, muito profissional e muito honesta e eticamente vertical. São essas pessoas que têm de assumir um crescente papel público para que consigamos inverter a situação desastrosa (e perigosa: não fosse o euro o estado teria declarado bancarrota, não fosse a união europeia a democracia já teria sido abandonada) em que nos encontramos.

17 comentários:

Miguel disse...

Tenho sérias dúvidas neste ponto que gostaria de ver esclarecidas.

«Flexibilizar completamente o currículo de modo a que os alunos possam escolher as disciplinas que preferem e para as quais têm mais talento, sem perder tempo com as outras. É absurdo que um aluno tenha de perder tempo e energia a estudar filosofia ou matemática ou física ou história se isso não lhe interessa.»

E como os alunos sabem que disciplinas lhe interessam se não tiverem contacto com elas? A partir de que ponto seria dada essa flexibilização? Que cidadãos estaremos a formar se eles escolhem o seu currículo e não têm formação geral sobre o mundo?
Não acha que é importante haver um certo conhecimento "transversal" de todas as áreas, mesmo que pareçam estúpidas e despropositadas em dada fase da vida, mas que se irão revelar úteis mais tarde?

Desidério Murcho disse...

Esse conhecimento os alunos obtêm se quiserem. Os alunos não são parvos. O que temos hoje é absurdo, pois obriga os alunos a estudar coisas de que não gostam.

Como poderão os professores de X dar a conhecer X aos alunos? Fazendo aulas abertas, uma vez por ano, ou duas vezes por ano. Os alunos vão lá para ver se lhes interessa. Além disso, o aluno pode inscrever-se na disciplina X e depois de algumas aulas cancela porque não gosta. Nós temos isto em grande parte na universidade, e muitos países têm isto nas escolas secundárias. A rigidez que temos é educativa e humanamente ineficaz: para um aluno com talento para a pintura, a matemática pode ser uma tortura, e vice-versa. As pessoas são diferentes umas das outras e a escola deve potenciar não apenas respeitar essa diferença, mas trabalhar com ela.

Anónimo disse...

Concordo com grande parte do que é defendido, excepto a escolha de cada um por aquilo que quer. Parece-me que ela deve ser contida, a escola serve também para formar cidadãos, e um cidadão deve possuir conhecimentos básicos de matemática, português, literatura, pelo menos uma lingua estrangeira, história, geografia ou ciências (peço desculpa se outras áreas importantes ficaram esquecidas). Não é plausível, não é sequer considerável, que um aluno de 10 anos decida o que quer no 5º ano de escolaridade, quando tantos são os alunos que só se apercebem que queriam estudar algo diferente já estando na universidade.

A flexibilidade, parece-me, deve ser muito mais limitada, e faz sentido apenas a partir de determinada maturidade, tal como é feita actualmente.

Quanto ao resto, concordo.

Desidério Murcho disse...

E se o cidadão não concordar que precisa de saber literatura para ser cidadão? Aí vem o outro cidadão e, em nome da cidadania, impõe-lhe a chatice de passar horas a estudar uma treta que não lhe interessa.

Quantos dos cidadãos adultos que estudaram equações do segundo grau consideram que esse conhecimento é importante para eles, seja como cidadãos, seja como pessoas? Quantos dos nossos cidadãos que foram obrigados a estudar Eça sequer se lembram do que estudaram, ou consideram importante tê-lo estudado ou hoje lêem literatura?

Uma sociedade melhor é uma sociedade onde uma pessoa interessada em vender sapatos e que se está nas tintas para a literatura, podem fazer o que gosta e baldar-se para o resto.

Quem quiser estudar X, estuda X, quem não quiser, faz outra coisa. Precisamos de acabar com a mentalidade salazarista portuguesa, de impor aos outros o que uns pensam que para eles é melhor. Se houver liberdade, quem pensa que aprender literatura é importante pode continuar a convidar os alunos para a literatura. Mas há uma grande diferença entre convidar e obrigar de pistola na mão. Ou de estado na mão.

Confesso que me parece sempre fascinante o fascismo mental português. Em muitas cabeças portuguesas, a madrugada de luz do 25 de Abril ainda não chegou. Nem vai chegar tão depressa.

José Batista disse...

Interessante.

Realmente, há disciplinas cuja obrigatoriedade não se percebe. O meu filho mais novo, no oitavo ano de escolaridade, com 12-13 anitos, tinha 15!

No entanto, a escolha do percurso escolar pelos alunos merece muito cuidado. Não vejo como possa ser feita de modo genérico antes do ensino secundário. E, mesmo aí, muitos alunos não sabem o que hão-de seguir e são os pais que decidem por eles. Pais que, em muitos casos, procuram os professores, normalmente os directores de turma, para se aconselharem. Noutros casos, alguns pais sujeitam os filhos a uns testes de psicologia, os quais, segundo opiniões que me transmitem, nem sempre parecem ser muito concludentes.

Agora, é preciso discutir estes assuntos. E, no mínimo, e com os cuidados necessários (é muito fácil fazer umas "escolas" para pobres...) deixar que funcionem várias alternativas...

Lembro, ainda, que há uma escola em que os alunos, desde cedo, escolhem os assuntos que pretendem estudar e elaboram ou tomam parte na elaboração do seu programa de estudo. Já diversas vezes perguntei se há estudos que indiquem que os alunos dela proveniente se revelam mais capazes do que os da escola "normal" e têm-me dito que não há evidências de que o método seja particularmente vantajoso. Mas esta informação é demasiado pontual, digamos. Essa escola chama-se "Escola da Ponte".

Anónimo disse...

Fascismo mental é ter a 3ª classe como ensino obrigatório ou, mais tarde, implementar o 6º ano mas que não pensassem que iam ser doutores. Fascismo mental é também considerar que "Uma sociedade melhor é uma sociedade onde uma pessoa interessada em vender sapatos e que se está nas tintas para a literatura, podem fazer o que gosta e baldar-se para o resto".
E já agora, quem diz literatura dirá matemática não é?
O mundo está a ter contornos perigosos!

Desidério Murcho disse...

Não, fascismo não é uma pessoa querer baldar-se para a matemática e poder baldar-se, mas antes querer baldar-se e não poder baldar-se. Porque no fascismo, o estado e a sociedade estão acima da pessoa humana, que está ao serviço do estado e da sociedade. E por isso, na mentalidade fascista, se uma pessoa quer baldar-se para a matemática mas um facho considera que ela tem de aprender matemática, ela tem de aprender matemática.

É até uma questão de civilidade. Convide-se. Isso é muito diferente de obrigar.

Desidério Murcho disse...

Para que as escolhas sejam reais não pode ter obrigatoriedades atreladas. Por exemplo, quando eu escolhi humanidades no décimo ano foi uma chatice, pois gostava de matemática e de ciências, mas ao mesmo tempo estava interessado em tirar um curso na área das humanidades. Em contrapartida tive de gramar disciplinas inenarráveis sobre coisa nenhuma. Por que não pude eu escolher as 8 ou 9 disciplinas que realmente me interessavam? Porque um fascista qualquer decidiu que se eu queria estudar X, tinha de estudar Y e não podia estudar H. Isto é de loucos, sobretudo quando quem tem tal poder é pouco mais do que um analfabeto funcional que não lê livros relevantes da sua sua área há anos.

Fernando Caldeira disse...

A aprendizagem é um processo complexo (eu sei que isto é um lugar comum, mas não convém esquecê-lo), composto por três pólos – aluno, professor/educador e conhecimento/aprendizagens –, e pelas três relações que se estabelecem entre esses pólos: relação professor-aluno, relação aluno-conhecimento e relação professor-conhecimento. Estas relações não têm a mesma importância ao longo dos vários ciclos de aprendizagem. Assim, se no “pré-escolar” a relação educador-aluno é claramente a mais importante enquanto que no superior é preponderante a relação aluno-conhecimento.

Sendo certo que as quatro variáveis apresentadas influenciam a qualidade do ensino, isso não significa que todas têm igual peso ou grau, ou que sejam as únicas. De qualquer modo, destas, a qualidade dos professores é, sem dúvida, a mais importante até porque potencia (positiva ou negativamente) o papel de todas as outras.
Outro factor que influencia a qualidade do ensino é a sua finalidade (adestramento ou desenvolvimento?...), que condiciona, à partida o desenho curricular, a organização e a “filosofia” do sistema de ensino. Antes da questão técnica está pois a questão política, como o actual conflito entre sindicatos, governo e professores demonstra.

Não sendo o ser humano um produto natural, mas sim um produto artificial (Vygotsky), ou, para usar uma terminologia mais actual, um produto cultural, e admitindo (o que julgo não ser difícil), que ninguém nasce a adorar ou a detestar, por exemplo, Matemática, ou outra parcela da nossa herança cultural, teremos de aceitar que isso surge algures no processo de desenvolvimento e de aprendizagem. Deixando para outra altura uma análise das possíveis causas do gosto ou aversão por determinadas matérias, teremos de aceitar que todos os alunos devem ter contacto, de alguma maneira, com mais ou menos profundidade, com toda a herança cultural da sociedade a que pertence, independentemente das suas capacidades e de eventuais talentos inatos, preferencialmente, na minha opinião, o mais cedo possível.
Esse contacto não tem, contudo, de ser feito através de disciplinas formais e, menos ainda, de estar sujeito ou dependente de uma avaliação quantitativa ou formal. A importância dada à avaliação, os instrumentos utilizados e as formas que esta pode tomar é aliás outra variável que condiciona fortemente a qualidade do ensino...

Fernando J. Pires Caldeira

José Batista disse...

Parece-me um excelente princípio proporcionar às pessoas a possibilidade de estudarem o que quiserem. Mas a realidade é fértil em surpresas extraordinárias, caro Desidério. Este ano tive um aluno, um daqueles a quem facilmente chamamos "rufias", que um dia quis dizer-me qualquer coisa, que foi mais ou menos isto: - professor, eu até entendo bem a matéria que damos na disciplina, mas acontece que eu não quero fazer nada nem nesta nem em nenhuma outra. Perguntei-lhe o que achava que gostaria de fazer, ao que repetiu com a maior das franquezas: - eu não quero fazer nada de coisa nenhuma, nada mesmo. Voltei à carga, e perguntei-lhe se já havia falado dessa sua intenção com alguém, por exemplo com os pais, ao que me disse: - bom, isso é o meu problema... Impressionado, deixei passar uns dias e falei com a directora de turma. Ela deixou passar uns dias e falou com o aluno e depois com o pai e depois com ambos e também com os serviços de psicologia. Não resultou. O pai ficou mais ou menos destroçado. E esse aluno não está em boa situação, nem na minha nem nas outras disciplinas.
Isto é a realidade, dura, nua, crua.
E aquele miúdo, que terá 15 anos, não tem falta de capacidade. Não tem.
Pergunto-me: a origem do mal poderá ter estado em ele não ter escolhido, ainda que fosse não fazer nada?...
Desculpe colocar um caso assim. Mas a realidade está sempre lá, onde lido com ela, e é como se ela extravasasse das teorizações, a rir-se do nosso esforço, da nossa impotência e da nossa dor.
Gosto de dar conta destas coisas, mas não se preocupe em responder, nem eu vou maçá-lo com mais intervenções nesta caixa.

Carlos Ricardo Soares disse...

Em geral e abstrato concordo com o Desidério. Não fosse toda uma instrumentalização do ensino para os mais diversos fins, funções e utilidades, que moldam os currículos e preparam e "encaminham" os futuros "funcionários", e tudo seria diferente. A empregabilidade e as saídas profissionais também se encarregam de fazer (sem manu militari) aquilo que, segundo o Desidério, o fascismo faz, a não ser que o Estado abdicasse de "impor" os seus interesses e estratégias. A formação, a preparação e o treino, nas mais diversas áreas, tem de começar no tempo certo. As preferências individuais contam, mas deparam com as necessidades e as condições do mercado/catálogo. Na prática, a escolha é apenas a que consta do catálogo. Ainda assim, são muitos os que não se sujeitam a estudar o que não querem ou não gostam. Cada um de nós é também exemplo disso, numa ou noutra área. Mas isso tem consequências. E estamos longe, muito longe, da cidadania livre e autónoma. Continuamos, não só em Portugal, acorrentados a uma engrenagem que acorrenta os próprios Estados numa cadeia de interesses e de necessidades e de estratégias relativamente às quais o cidadão vai sendo cada vez mais excluído, mas não desonerado.

Desidério Murcho disse...

Caro José, leio sempre com interesse as suas ideias, e ainda mais os casos que relata, como este.

Eis duas ideias: primeiro, um mau princípio organizativo, político e social é organizarmos as coisas em função dos exemplos excepcionais. Isto porque façamos o que fizermos haverá sempre casos desses. A ideia é fazer o que, no cômputo geral, é melhor em geral, pois nunca conseguir fazer algo que seja óptimo para toda a gente ao mesmo tempo.

Segundo: a que propósito tem ele de estudar? Se não se interessa por coisa alguma, que fique em casa a ver TV ou vá trabalhar. Não vejo por que razão ele há-de ser obrigado a estudar. Mas talvez o desinteresse dele resulte de ver muito claramente a hipocrisia da sociedade em que vivemos: ele desde criança que ouviu um discurso bonito sobre o estudo e o trabalho honesto, sobre justiça e verdade, sobre valores elevados, mas o que está agora a descobrir é que o mundo dos adultos, incluindo os que lhe falavam desse modo, é tudo menos isso: quase qualquer adulto é incapaz de fazer seja o que for pelos outros, pensa exclusivamente em si e nos seus, é frívolo, mentiroso e vende-se por duzentos euros. Basta ler o jornal ou, pior ainda, ver TV.

Carlos Pires disse...

Desidério:

As coysas chegaram a um ponto tal que dar ou não dar mais uma hora de aulas e receber ou não receber mais 50 "tostões" não é acessório. O que não significa que não haja coisas mais relevantes. Contudo, não é de estranhar que as coisas mais relevantes estejam a ser esquecidas face à continua detioração das condições de trabalho e à igualmente contínua diminuição de "tostões" no bolso. Se na sala onde estás entrar um leão interrompes a leitura e a reflexão e tentas salvar-te, suponho. :)

Nan disse...

Ok. Somos todos fascistas. Certo. Mas diga-me, somos mesmo o único país que tem um currículo obrigatório na escola? Juro que não estou a entrar consigo!
Eu, por mim, agradeço o currículo obrigatório. De outra forma. não teria aprendido nada de Matemática, e o pouco que aprendi até ao antigo 5º ano faz com que perceba que a Matemática é gira. Mas, lá está, isto sou eu... que até acho que estudar gramática é importante para perceber o que se lê, e também acho que perceber o que se lê também é importante. E ainda hei de estudar Filosofia a sério...

Shades of wonder disse...

E as crianças do primário, podem fazer escolhas?
E seguindo este raciocinio qual é a idade que permite escolher?
Lamento, mas não consigo equacionar um ensino onde não se ensine Matemática ou outras disciplinas basilares.

Se o professor é um mestre que ensina é porque o aluno não sabe e "precisa" de aprender.

Shades of wonder disse...

E seguindo esta linha de pensamento.

Os pais têm o direito de fazer escolhas para os seus educandos?
Ou são "fascistas" por isso?

Anónimo disse...

Acho a ideia inovadora e vejo-a com boas perspectivas de que teria sucesso. As notas melhorariam visto que os alunos estariam mais empenhados porque estar aprender aquela matéria é a vontade dele. Mas, considero que esta ideia apenas poderia ser aplicada no secundário, porque considero essencial que um aluno tenha umas bases acerca de tudo. A Português para que se exprima correctamente; a Matemática para saber quanto é fica um produto com 5% de desconto; a Ciências para não dizer aos filhos que os relâmpagos são enviados por Zeus a partir do Olimpo, etc.
Acrescentaria aos exames uma nota: que os critérios de avaliação fossem cortados. Se todos os caminhos vão dar a Roma, penso que é incorrecto anular a resposta a um aluno por ter escolhido um caminho que o levou a Roma mas que esse não fazia parte daquele caminho que é referido nos critérios de avaliação.
Atentamente
Ricardo teixeira

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