O jornal Público de hoje reproduz uma notícia do jornal The Independent que nos podia fazer suspirar de alívio: "não são apenas os nossos alunos que denotam uma ignorância confrangedora!"
Diz-se na notícia que, no Reino Unido, foi passado "um inquérito a dois mil alunos (...) para testar [o seu] conhecimento histórico, encontrou dados surpreendentes. A maioria, entre os 11 e os 16 anos, baralhou as personagens históricas e contemporâneas e fez associações erradas". Nem Shakespeare foi devidamente reconhecido.
É claro que este tipo de dados não pode (ou, não deve) deixar de suscitar pelo menos duas interrogações:
1) Estamos, na Europa, a cumprir o dever de ensinar as gerações mais jovens no que é essencial que aprendam para serem conscientes como pessoas, para terem um papel livre e responsável na sociedade, para, elas próprias, transmitirem o legado civilizacional a outras gerações que venham ao mundo?
2) Os estudos internacionais que medem as literacias "essenciais", "fundamentais", tão caros a entidades supra-nacionais e a cada vez mais sistemas educativos, bem como as avaliações internas em que esses sistemas apostam, sem esquecer as avaliações externas e internas de escolas que se realizam com regularidade, para, diz-se, garantir-se a sacrossanta "qualidade", "escondem mais do que revelam"?
Notei que esse inquérito é da responsabilidade de "uma cadeia de hotéis". Não percebi a razão de uma empresa deste tipo se interessar por tal estudo. Porque a sociedade, no seu sentido mais geral, não confia nas entidades mais credenciadas para tanto, sejam elas políticas, técnicas, ou académicas? Ou teria sido por outra razão?
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3 comentários:
Parece-me factual: hoje há "estudos" e mais "estudos", nacionais e internacionais, que têm que ser pagos e que devem ter alguns objectivos...
Uns pretenderão revelar, outros esconder e, provavelmente, outros ainda pretenderão as duas coisas. Ao fim de tantos anos, admito mesmo que alguns pretendam apenas confundir. E ainda outros talvez pretendam agradar a quem os paga. Enfim...
Agora, parafraseando Saramago, quem puder olhar que veja e quem puder ver que repare. Há coisas que não é difícil perceber. E que a escola sirva para muitas coisas, algumas antagónicas, também é muito pretendido. Daí o sistema escolar estar perdido em muitas encruzilhadas.
Para que serve a escola? Quantas e que escolas se pretendem? Por que é que cada um não pode escolher a escola que melhor julga que o serve? O que vale o conceito de liberdade? Quem é livre? Quem decide o que é a liberdade de cada um? E se não for o próprio, há liberdade?
Veja-se o que entre nós se fez com o estapafúrdio sistema de avaliação (?) dos professores... Ou com as avaliações das escolas... E o que melhorámos com isso?
E se um professor não tiver liberdade pedagógica pode considerar-se um verdadeiro professor ou é apenas um funcionário? E, nesse caso, é ele o principal responsável e justamente responsabilizável pelos resultados dos seus alunos?
Digo estas coisas e sei que não passa de um "escrever na água", à maneira daquele homem bom que se chamava Augusto Abelaira.
"Quo vadis", escola do meu país?
penso que a solução para o problema, passa por criar mnemónicas, ajustando as personagens históricas e da actualidade, às que actualmente estão mais na "berra" e que todos os jovens conhecem.
Um exemplo: -Paulo Portas, poderia ser "clonado" de McNamara; ambos surfam ondas que à partida parecem gigantescas, mas que depois se vem a verificar que foram mal medidas, talvez porque na altura tenha passado um submarino alemão, ou assim.
-Cavaco Silva, com o cantor Miguel Ângelo dos Delfins, ambos gostam de ver "passar navios" e ambos esperam que "todas as vozes de todos os mundos devem cantar para sempre... assim".
- António José Seguro, com Jesus... o treinador do Benfica... é sempre nop raio do último minuto que a "coisa" vai por água abaixo.
-Mário Soares, Com Gabriel Pensador... já ligou para todos os nºs da lista e não consegue encontrar com quem "afogar o ganso".
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