quarta-feira, 8 de maio de 2013

4. EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO GEOLÓGICO NO CONTEXTO FILOSÓFICO, SOCIAL, RELIGIOSO E POLÍTICO DA EUROPA

Quarta e última parte do texto do Professor Galopim de Carvalho.

4 - ILUMINISMO E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Na continuidade do pensamento racionalista de René Descartes (1596-1650), do criticismo bíblico do holandês (nascido de uma família de judeus portugueses) Bento Espinoza (1632-1677) e das ideias do filósofo e matemático alemão Gottfried Leibniz (1646-1716), o iluminismo abriu, definitivamente, as portas ao conhecimento científico.

Bento Espinoza (1632-1677)
Nascido e desenvolvido em Paris, como um movimento a um tempo filosófico, social, político, económico e cultural, ao longo do século XVIII e que culmina com a Revolução Francesa, este pensamento protagonizou a luta contra o obscurantismo medieval, imposto a ferro e fogo pela Igreja Católica com a anuência e, por vezes, o apoio do poder político absolutista. Num período da História que ficou assinalado como Era da Razão, o iluminismo advoga o uso do raciocínio como via para atingir, não só o conhecimento, mas também, a liberdade, a autonomia e a emancipação face ao poder político então ainda absoluto, num tempo marcado pelo monopólio comercial desse mesmo poder, pela persistência de estruturas feudais, pela pressão cultural da igreja católica e pela perseguição às ideias tidas por perigosas.

Entre os iluministas distinguiram-se os franceses Charles de Montesquieu (1689-1755), lembrado como um dos fundadores da sociologia; Voltaire (1694-1778), crítico acérrimo da monarquia e da igreja católica; Denis Diderot (1713-1784), organizador da famosa Encyclopédie (em 35 volumes, impressa entre 1751 e 1780), e os seus colaboradores Jean le Rond d’Alembert (1717-1783) e Jean Jacques Rousseau (1712-1778).

Na vida económica, o iluminismo, ao mudar a concepção do homem e da sociedade, fez nascer um outro movimento de cariz económico e político, o liberalismo, no qual se distinguiu o escocês Adam Smith (1723-1790).

É nesta fase da vida no mundo ocidental, a meados do século XVIII, que surge em Inglaterra a Revolução Industrial a par das convulsões sociais e políticas conducentes à queda do Antigo Regime, na sequência das quais a hegemonia comercial, dominada pelo poder político, foi sendo substituída por um capitalismo industrial concentrado nas mãos do sector mais abastado da burgesia.

Ganhando força em Inglaterra e na Escócia, na Holanda e na Suécia, países onde a Reforma Protestante tinha conseguido destronar a influência retrógrada da Igreja Católica, a Revolução Industrial demorou a surgir nos que se mantiveram fiéis ao catolicismo, como foi o caso de Itália, da França, de Espanha e de Portugal.

Esta Revolução, que alastrou pelo mundo a partir do século XIX, introduziu um conjunto de mudanças nos meios de produção e, consequentemente, na vida económica e social. Trouxe a fábrica em substituição parcial do artesanato, deu nascimento ao operariado e ao capitalismo industrial, fez crescer as cidades, desenvolveu novas relações entre estados e, em respeito pelos princípios iluministas, proporcionou o surgimento de uma cultura de massas, favorável ao alastramento do ensino a camadas cada vez mais vastas da população e ao maravilhoso progresso científico e tecnológico que marca os dias de hoje e que, infelizmente, não temos sabido aproveitar.

Sob o olhar do cidadão comum, cada vez mais explorado e, por enquanto, submisso, a ganância insaciável do mundo das finanças não tem permitido o uso pleno de tudo o que de bom este planeta tem para nos dar.

As primeira, segunda e terceira partes do texto porque ser lidas a partir daqui.

Galopim de Carvalho

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