Para me acalmar, para não ouvir disparates e o que não queria ouvir, fui na sexta-feira a uma sessão de poesia de Camilo Pessanha (um poeta genial que descobri verdadeiramente nesta sessão de poesia) na Casa de Chá do Jardim da Sofia em Coimbra: estive lá desde as 18:00 até às 20:00, sem telemóveis e sem televisão.
Por isso fiquei a ouvir. Eu fico sempre calado quando vejo ou ouço coisas que me intrigam.
Ontem ouvi sobre uma pessoa que jogava com as palavras por prazer, por isso nem as escrevia, dizia-as, jogava com os sons… e isso nunca está acabado.
É, como bem dizia a Regina, uma das minhas parceiras de sessão, como cozinhar… é sempre para os outros, nunca é para nós.
Deixo-vos o poema "Na cadeia":
"na cadeia os bandidos presos!
o seu ar de contemplativos!
que é das feras de olhos acesos?!
pobres dos seus olhos cativos
passeiam mudos entre as grades,
parecem peixes num aquário.
- campo florido das saudades,
porque rebentas tumultuário?
serenos... serenos... serenos...
trouxe-os algemados a escolta.
- estranha taça de venenos
meu coração sempre em revolta.
coração, quietinho... quietinho...
porque te insurges e blasfemas?
pschiu... não batas... devagarinho...
olha os soldados, as algemas!"
Camilo Pessanha
passeiam mudos entre as grades,
parecem peixes num aquário.
- campo florido das saudades,
porque rebentas tumultuário?
serenos... serenos... serenos...
trouxe-os algemados a escolta.
- estranha taça de venenos
meu coração sempre em revolta.
coração, quietinho... quietinho...
porque te insurges e blasfemas?
pschiu... não batas... devagarinho...
olha os soldados, as algemas!"
Camilo Pessanha
Talvez Coimbra, onde Pessanha nasceu em 1867, devesse organizar um Prémio de Poesia com o nome deste grande poeta. Vou estar atento e ajudar a tornar isso realidade.
:-)
1 comentário:
Da metáfora: o extracto da inteligência sob o ângulo ternura.
Enviar um comentário