terça-feira, 16 de agosto de 2011
NOVE MIL E SETECENTOS MILHÕES DE EUROS
Ensinar ciência e estimular a curiosidade é dos melhores investimentos que podemos fazer. Porque treina as pessoas a quererem saber, a questionarem a razão das coisas e a discutirem as opções. E isso é o melhor que podemos fazer pela nossa liberdade e democracia. E pelo nosso bem estar, para além de permitir despertar mentes para a actividade científica nas várias áreas.
Não percebo o silêncio ensurdecedor sobre o caso BPN.
Os dados são simples:
1. O Estado nacionalizou o banco, no governo de José Sócrates, por 2.4 mil milhões de euros;
2. Aparentemente vendeu 70% dele ao BIC por 40 milhões de euros, ficando com encargos e com a obrigação de injectar 550 milhões de euros no banco para que ele fique prontinho a funcionar;
3. Do negócio resultam ainda 2 mil milhões de euros em "lixo" que, espero não estar certo, ainda vamos ser chamados a pagar;
4. O processo em tribunal contra responsáveis do BPN, 15 no total, fala (segundo o despacho de pronúncia) num rombo de 9.7 mil milhões de euros. Vou repetir: NOVE MIL E SETECENTOS MILHÕES DE EUROS.
Não existe na história das finanças públicas de Portugal nenhum caso desta dimensão, nem lá perto.
Faça as contas: calcule quantos hospitais podia construir com este dinheiro (um hospital médio pode custar 100 milhões de euros, prontinho a funcionar), ou quanto custaria aumentar, por exemplo, em 100 euros o salário mínimo nacional, ou para quantos meses daria este dinheiro para pagar o subsídio de desemprego aos 600 mil portugueses desempregados, ou para quantos anos daria este dinheiro se quiséssemos, por exemplo, duplicar o financiamento das universidades (investindo assim fortemente na nossa capacidade e inteligência - custam actualmente 700 milhões por ano), ou...? Não quer saber? O rombo do BPN custa 1000 euros a cada português, seja qual for a sua idade.
A sua obrigação é querer saber, fazer perguntas e exigir ser esclarecido.
PS/ anteriormente sobre o BPN. /DS
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