As notícias que nos chegam do Japão não são boas. As reportagens dos média têm-se centrado em Fukushima, onde o número de vítimas é muito diminuto, mas também nos transmitem o enorme drama humano: há milhares de mortos - neste momento mais de 5000 confirmados, número que vai aumentar - em resultado do terramoto e tsunami numa vasta região. Em Fukushima há quatro reactores com problemas e em dois deles o contentor interior pode ter sido danificado, expondo ao ambiente algum material radioactivo. Inclusivamente, pode ter havido nesses casos fusão parcial das barras de combustível. Há ainda a questão da existência de água suficiente em piscinas onde se depositam barras usadas. Não se sabe ao certo. A informação é incompleta e a que há é, por vezes, mal compreendida e mal tratada. Há, naturalmente, factores de ordem política, tentando vários políticos, perto e longe, minimizar os prejuízos das suas causas.
Certo é que esforços concretos estão a ser empreendidos para arrefecer os reactores avariados, em particular o número 3, com helicópteros e canhões de água (uma boa notícia, no meio das más, é o facto de os meios aéreos poderem sobrevoar o local, o que significa que os níveis de radioactividade no local não são demasiado perigosos, isto é, a situação ainda não é semelhante à de Chernobyl, onde houve uma grande nuvem radioactiva libertada). E certo é também que as operações de socorro e restauro estão a decorrer a bom ritmo, e com extraordinária eficiência, por todo o lado das zonas atingidas pelo terramoto e tsunami.
Já estive no Japão, em Tóquio e na cidade científica de Tsukuba. Sei, por experiência própria, que os japoneses são disciplinados e têm uma enorme competência e brio profissional. São extremamente solidários e dedicados ao seu país. Impressionou-me uma frase de um combatente japonês da Segunda Guerra Mundial, que agora apareceu citada: "Aprendemos a matar. Aprendemos a morrer. Mas não aprendemos a render-nos". Num contexto agora de guerra contra os estragos causados por um terrível acidente natural, a última frase é particularmente oportuna.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O corpo e a mente
Por A. Galopim de Carvalho Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
4 comentários:
Que belo texto sobre aquela desastrosa tragédia que se abateu sobre os nossos irmãos japoneses! Cheio de compreensão e de saber e sem laivos de dramatismo. Esta é que é uma verdadeira homenagem a um povo que está a sofrer, de forma tão "natural" uma tragédia de dimensões inacreditáveis.
Ai de nós, se fosse cá!
a última frase é particularmente lame....
adaptar não é render
render é o marasmo da fome...isso já vi
Se bem entendi as notícias, o helicóptero NÂO pôde sobrevoar a central.
Enviar um comentário