domingo, 30 de maio de 2010

Continuação da ginástica de fole: riso por e para professores

Texto na continuação de um outro aqui publicado.

Os cursos de riso a que me referi no texto antes publicado, são uma caixinha de surpresas, ou sustos, dependendo, na tal “lógica pós-moderna”, das perspectivas.

Uma surpresa que tirei dessa caixinha é que, paradoxalmente, os cursos, tratando do riso, anunciam-se como coisa muito séria. Se não, vejamos:

1. O formador apresenta-se com dois graus académicos superiores - licenciatura e mestrado - e como professor;

2. Entre os destinatários, estão profissionais que exercem funções de grande responsabilidade, com destaque para professores dos vários ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário, bem como auxiliares de acção educativa;

3. O sub-título dos cursos é da maior erudição universitária: “Fundamentos e práticas”. Erudição que se confirma nos conteúdo programáticos: “Análise do conceito gerador das dinâmicas para sessões de riso”, “Estudo dos requisitos para sessões de riso”, “Compreender o acto de rir como uma ferramenta”… Tudo expressões que poderiam constar num projecto de investigação de ponta a apresentar à Fundação para a Ciência a Tecnologia!

4. Até a propina é séria!

Nota: A única coisa que me parece destoar desta seriedade toda, mas estar, afinal, de acordo com o objecto do curso, é a lista de material necessário, onde se lista “um par de meias extra”.

2 comentários:

joão boaventura disse...

A este propósito, uma nota curiosa sobre a ginástica que tudo cura.

O Dr. Bernardino António Gomes, numa polémica com o Marechal Duque de Saldanha que se atrevera a meter a foice em Medicina, com a publicação do opúsculo “Estado da Medicina em 1858”, dedicada a D. Pedro V, e que lhe mereceu severas críticas, referiu que “um poeta sueco” ,Ling, tinha inventado a “cinesipatia” e cujo exagero levara o Dr. Newman a tratar a opacidade da córnea (névoa nos olhos) desta forma:

”Pressão na região supra-orbitária vinte e três vezes por dia.
Rotação passiva da cabeça sete a oito vezes por dia.
Fricções ao longo do seio longitudinal do crânio e do transverso.
Flexão com resistência do tronco.
Rotação activa dos extremos inferiores.
Percursão nas solas dos pés com cilindros de madeira.
Isto continuado por catorze semanas.”

(In “O Marechal Duque de Saldanha e os Médicos. Breves considerações acerca da memória sobre o estado da medicina em 1858”. Imprensa Nacional, Lisboa, 1859, p.13)

Perante a contundente crítica tecida pelo Dr. Bernardino António Gomes, sentiu-se o Marechal na posição de se defender escrevendo uma “Carta ao ill.mo e ex.mo sr. Dr. Bernardino António Gomes, médico de S.M., acerca do seu opúsculo ‘O Marechal Duque de Saldanha, e os médicos’”(Tip. Do Braz Tisana, Porto, 1859), mas, apesar de muito provocado, o médico resolveu não responder.

Com algum desenvolvimento este acontecimento pode ser lido na revista O Instituo, vol. VII, Coimbra, 1859, pp.279-280, coluna da direita, rubrica "Bibliografia".

Ana disse...

Cursos com nomes e programas pomposos, recheados de imposições burocráticas, é o que não falta hoje em dia.

Gracejos à parte, não caiamos no erro de esquecer o quão fundamental é o acto de rir. :) Não sabia é que já se pagava para aprender a rir?...

Ps - LOL! ;-)

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