quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A difícil tarefa de educar em democracia

Joan Margarit, arquitecto, professor universitário e poeta catalão premiado, esteve recentemente em Portugal, tendo dado uma entrevista a José Fialho Gouveia no programa Bairro Alto, da RTP 2, que se pode ver aqui.

Nessa entrevista aborda, entre outros aspectos, a necessidade de, nas actuais democracias, se reequacionar a educação, para que as pessoas possam ir além do trivial e, nessa medida, apreciar o que, afinal, vale a pena.

"- O mais baixo da humanidade é uma pessoa que, apoiando-se nas armas, substitui a cultura, a liberdade pela opressão e pela ignorância. É o que humanidade pode fazer de mais baixo (…). Muitas vezes há críticas à democracia… A democracia tem muitas dificuldades, evidentemente (...). Um dos grandes erros da nossa geração, nos anos sessenta, foi pensarmos que, com a barriga cheia, quando as pessoas estivessem bem alimentadas, quando o pão chegasse para todos, depois da substituição da ditadura, ler Shakespeare era imediato. Era o passo seguinte, automático. E não é automático. Se há um passo fácil, é o de dar de comer porque nisso influem as máquinas, a organização… A ciência pode dar de comer, mas, depois de estarem alimentadas, as pessoas não vão ler Shakespeare. As pessoas vão é ao futebol. Nós pensávamos que isso tinha acabado com o Franco, e não acabou. Agora temos uma sociedade alimentada que não se molha à chuva, mas que não lê Shakespeare. Esse passo é muito mais difícil. Porquê? Porque podemos dar de comer a milhões de uma vez, mas não podemos pôr milhões a ler de uma vez. A leitura é um acto solitário.

- Mas achas que a democracia falhou na educação?

- Não. Não falhou, só que é muito mais difícil, e nós não sabíamos. Por isso é mais difícil saber que a poesia é um refúgio. Quantas pessoas sabem que a poesia é um refúgio? Quantas pessoas estão dispostas a fazer um esforço para ler um poema? Qualquer um pode ler um poema. Quem sabe ler um jornal pode ler um poema, mas não com o mesmo esforço com que se lê o jornal, porque aqui também não se oferece nada. Se as coisas são boas, é preciso alcançá-las, portanto é preciso um pequeno esforço."

15 comentários:

Anónimo disse...

O Margarit é mais um dos fracos observadores do mundo (não lhe tiro o mérito como arquitecto, etc) que não compreendem que as pessoas não funcionam assim, não são nada assim. Este tipo de pensamento é de um elitismo ridículo, de ignorantes. Porquê?
Porque há grandes especialistas em literatura que não suportam Shakespeare (eu também não).
Porque há grandes intelectuais que adoram futebol e até o praticam.
Porque há grandes cientistas que não lêem um jornal ou um romance. Etc.
E não me venham dizer que é porque foram educados assim ou assado, ou que não têm acesso à cultura. É simplesmente porque as pessoas são assim, não tem nada que saber.
Esse estériótipo estúpido de que as pessoas educadas tocam piano e falam francês, lêem Shakespeare e detestam futebol, adoram ópera e não ouvem pimba, só vêem filmes europeus e detestam o bigbrother, é uma coisa tão ridícula que eu nem sei o que diga. Estou fartinho de ouvir esta conversa! Isto não é de pessoas inteligentes que observam o mundo que as rodeia!
Porque é que todas as pessoas tinham que gostar do Shakespeare ou simpatizarem com a Helena Damião?! E porque é que o Shakespeare não é compatível com a ida a um excitante jogo de futebol?!
luis

Anónimo disse...

SHAKSPEAR OU CAMÕES?

Para haver Democracia
antes do mais é preciso
largas dar à Poesia,
afirmo, insisto e repiso.

Barriga cheia não basta,
como diz o aforismo,
o ser humano se arrasta
onde não chega o humanismo.

Para elevar-nos a Deus,
ou seja, acima do chão,
leiamos os corifeus
da suprema inspiração!

JCN

www.angeloochoa.net disse...

Grato... pela divulgação...
http://angeloochoa.spaces.live.com/default.aspx

Em

http://angeloochoa.net/portal_files/page0003.html

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http://angeloochoa.net/portal_files/page0004.html

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http://angeloochoa.net/portal_files/page0010.html

e em

http://angeloochoa.net/portal_files/page0005.html

poderão fazer «download»

a custo zero dessa de

‘As Cidades de Israel’

e DAS TODAS as restantes 11 publicações,

que o mesmo autor, com a sua forçosa escrita, deu a luz do dia,

nos seus 51 anos de literatura,

até hoje…

…«Poesia Para Dar…»

(Escreveria o Paulo Quintela…)

…«Tudo Dás, Tudo Tens…»

(Disse o Jesus Cristo…)

Fartinho da Silva disse...

O Canadá vive em democracia há bastante tempo e parece ter um sistema de ensino de fazer os EUA corar de vergonha.

Anónimo disse...

E daí... Senhor Fartinho da Silva? JCN

Manuel de Castro Nunes disse...

Que desolação... ver assuntos pressupostamente sérios tratados desta forma... Grande confusão. Eu pertenço à geração de sessenta e tenho a certeza de que ninguém pensava então que quem tivesse a barriga cheia passaria a ler Shakespeare.
Não sei se o lerá quem tiver barriga vazia. Simplesmente não compreendo a ideia. Basta de trivialidades de mesa de café, entre duas rodadas de sueca.

Anónimo disse...

Barriga cheia não basta,
mas sem este pressuposto
haverá quem tenha gosto
para coisas desta casta?

Com a barriga a tenir
quem terá disposição
para em vez da refeição
poemas ler e ouvir?...

JCN

Anónimo disse...

Mas afinal moderam os comentários para que?

Anónimo disse...

Para evitar, suponho eu, comentários absolutamente supérfluos e descabidos... como o seu. JCN

Manuel de Castro Nunes disse...

Acerca da moderação de comentários.
Em minha opinião, poucos blogs existirão cuja administração se revele tão liberal e democrática como este. Que os comentadores se queiram substituir aos critérios de moderação adoptados pelos seus administradores parece-me inusitado e abusivo.
Bem, de facto, encontram-se por aqui comentários bastante desqualificados. Estou convicto de que os administradores deste blog exercem uma moderação astuta. Seja, não negam a expressão a ninguém e, simultaneamente, deixam fluir e tornam visível o estrato mais profundo de uma atávica cultura de improviso.
Já agora, o Senhor Censor Anónimo pretenderá no anonimato passar a moderar este blog? Até agora, os moderadores têm pelo menos nome.

Manuel de Castro Nunes disse...

Estive cá a pensar... Será que Margarit quer dizer que é mais fácil educar em ditadura do que em democracia?
Lá mais fácil é... a ditadura é livre de obrigar a ler... Aquilo que interessa... à ditadura... E da maneira que interessa...
Labirínticas ideias...

Eu disse...

Mas estao parvos ou o quê?

Existe aqui um comentário que é apenas publicidade.

Como este já apanhei vários. Tal como já perguntaram, para quê fingir que os comentários são moderados quando claramente são apenas em diferido?

Nem o SPAM filtram!

E nem espero que o JCN perceba isto porque depois de não ter percebido o primeiro perdi a esperança.

Nem percebeu que a resposta que deu se nega a ela própria.

Ao menos que filtrem o SPAM ou deixem-se de farsas.

Anónimo disse...

O senhor "Eu", que continua a primar pelo anonimato, pelo visto... tramou-as comigo! Obrigado... pela publicidade... gratuita, animando-me a continuar! JCN

Anónimo disse...

Em vez de publicidade, não quereria vossemecê, senhor "Eu", dizer exibicionismo, que pelo visto é o que pretende vossemecê com a sua dupla e avinagrada intervenção?!... Modere-se, homemde Deus! JCN

Anónimo disse...

Senhor "Eu", que nunca pára,
diga lá quem você é:
diga o nome, mostre a cara,
que ninguém lhe bate o pé!

JCN

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