Destaque para a crónica de J.L.Pio de Abreu no último "Destak":
Suponha o leitor que acaba de descobrir que terá uma vida curta. Tem vários seguros de vida mas precisa do dinheiro agora. Pode então nomear algumas pessoas como beneficiários, com a condição de lhe pagarem. Como a indemnização estará próxima, elas pagarão bem o benefício que lhes oferece. Mas a venda dos seguros de vida fará com que os compradores fiquem atentos à sua saúde: se um médico certificar que está mais doente, os seguros valerão mais, e mais gente se dispõe a comprá-los. A revenda começa então a ser um negócio. Quanto mais doente estiver, maiores os lucros de quem aposta na sua morte rápida. Imagina agora o que lhe pode acontecer?
Se este cenário é ficção, ele existe com os seguros sobre a vida económica de empresas e nações, os CDS (Credit Default Swaps). Compram-se e vendem-se num mercado desregulado e deixaram de cumprir os objectivos para que foram criados. Várias vozes, incluindo as de Obama, Alan Greenspan, Warren Buffet e Myron Scholes, que participou na organização dos swaps, avisaram para o perigo que representam e clamam por regulação. George Soros tem demonstrado que o seu valor, agravado pela especulação, já não reflecte a saúde das empresas e nações, sendo antes factor de destruição que pode gerar novas crises.
Da influência dos CDSs na crise actual, já ninguém se lembra. Estes produtos tóxicos estão de novo a enriquecer os ex-falidos Bancos de Investimento e a destruir a saúde das nações. Contam com a ajuda das agências de rating que, para já, nos diagnosticaram uma "morte lenta"
sábado, 23 de janeiro de 2010
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3 comentários:
o próprio mercado bolsista e o dinheiro em si são também activos tóxicos.
Isto é apenas uma das muitas invenções dos aldrabões que controlam ou querem controlar a economia através do dito capitalismo.
Enquanto não se criar um sistema económico que proíba transacções virtuais sem correspondência com transacções físicas, vamos ter crises cíclicas, daqui a 50 anos teremos outra grande depressão e cada uma será pior que a anterior, pois o medo, o pânico aumenta, na proporção inversa da inteligência dos governantes mundiais cada vez mais belicosos e melhor armados tecnologicamente e militarmente.
Esta crise que estamos a sofrer deve-se às aldrabices financeiras.
O que nenhum economista diz é como realmente se cria o dinheiro, que ele é inventado, que o crédito que é pedido num banco durante um empréstimo não sai dos activos do banco mas é inventado do nada, simplesmente com a promessa de ser pago depois com os respectivos juros.
Que a crise actual usou e abusou deste método a um nível nunca vista e que se viu a braços com problemas quando os empréstimos, a maior parte deles feitos por entidades para bancárias menos reguladas, não puderam ser pagos.
Nos últimos tempos da gestão Bush, foram lançadas leis que permitiam aos bancos ter apenas um dólar por cada 30 que emprestavam, e chegou-se mesmo a permitir não terem dolares em depósito por cada empréstimo, que é o sistema de garantia em caso de problemas, não nos esqueçamos que se abandonou o padrão ouro, e isso só trouxe problemas..
Por último dou apenas o exemplo dos mercados bolsistas, uma empresa é avaliada em X euros, pretende privatizar 10 por cento do seu capital, transforma-os em Y acções de Z valor cada e lança em bolsa, tudo muito bem.
O problema é que depois as acções sobem e descem não em relação ao dinamismo e desempenho da empresa, melhor ou pior mas devido a especulações e assuntos subjectivos nada exactos.
Veja-se o caso da empresa quimonda, uma das empresas mais dinâmicas e de aposta em tecnologias de ponta, que estava a vender imenso, na vanguarda da tecnologia da sua área e em 2 anos perdeu metade do valor em bolsa, terá sido por falta de dinamismo? Portanto os CDS são outras das muitas aldrabices, que não têm correspondência física e enriquecem uns quantos a partir do nada!
O mesmo se passa com os créditos de carbono, que são outra tonteira e outra aldrabice.
O problema deve-se a que não existe o real conhecimento de quantos créditos devem ser lançados para venda porque não se conhece a resistência máxima do planeta e não existe uma entidade que regule tal.
Logo podem vender créditos de carbono a torto e a direito sem relação com o clima e as empresas estarem a pagar a poluição como descargo de consciência mas isso não terá correspondência real com o planeta e o ecossistema.
Eu poderia vender créditos de carbono, pegava numa folha branca, carimbava e já está.
Isto faz-me lembrar as indulgências papais e a venda de pedaços do céu e da lua!
Agora faltava mesmo era entidades reguladoras para dizer o que é vendável ou não. É preciso paciencia para ler algumas opiniões! Compra um bocado de céu ou de lua quem quiser, tem o valor que alguém dê por eles tal como as obras de arte ou uma pedrinha do Muro de Berlim, ou um frasquinho de água benta ou um xixi do menino Jesus. Os governos também viveram à grande dos produtos tóxicos, mas como tudo... não é sempre a subir e a somar. Ás vezes cai-se de mau jeito! Não podemos regular o imprevisível, é uma desilusão.
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