domingo, 29 de novembro de 2009

Ainda sobre as virtudes na vida espiritual dos romanos...

"E se Roma atingiu tão rapidamente essa espécie de invulnerabilidade que a protege dos inimigos, é porque as tradições e os costumes lhe asseguram uma superioridade de facto sobre todos os outros homens: austeridade, disciplina, fidelidade aos compromissos, uma honestidade rígida fazem dela uma cidade única entre todas as outras."
Políbio

A leitura das obras romanas recomendam-nos a deificação de três virtudes sem as quais qualquer empresa colectiva perde a resiliência. Na verdade, parecemos tão acostumados a ver a falta de valores morais nos nossos dias, que nos esquecemos que a coesão de um qualquer grupo se deveria estabelecer numa vivência semelhante.

A forma como Roma se conseguiu impor, em pouco tempo, aos povos vizinhos, e a grandeza que a cidade alcançou foram motivo de espanto para outros povos que procuravam uma explicação para este crescimento.

Se lidas com atenção as obras de autores romanos, reconhecemos extraordinárias as exigências morais dos romanos. A devoção, devotio, à Pátria e à Urbe, encarregava-se de uma preocupação constante na edificação de modelos morais de conduta. O respeito que votavam à tradição e ao costume dos antepassados, mos maiorum, e o respeito pela religião, conduzia o cidadão a pautar-se por códigos rígidos que cumpria piamente e que o conduzia numa procura da excelência que se sustentava na sabedoria.

Os Romanos obedeciam a valores morais e políticos - alguns herdados dos Gregos, mas a maior parte especificamente seus - que o mundo moderno, consciente ou inconscientemente, adopta para os padrões de comportamento actual. Virtus, Pietas e Fides constituem a tríade fundamental que dominava a vida dos romanos (a vida familiar, a economia e a sociedade). A coragem e valentia própria do vir (homem), o respeito pelos deveres religiosos, cívicos ou familiares e fidelidade aos juramentos e compromissos, revestiam o ideal de Humanitas, o comportamento próprio do homem que se concentra no que lhe é intrínseco – a cultura intelectual, a bondade de carácter, a cortesia e o dever.

Estes valores eram-no na edificação do ser a nível individual, mas resultavam na integração social e cívica plena. Uma mensagem que o mundo moderno não pode esquecer.

Imagem: António Manuel da Fonseca, 1796-1890. Eneias Salvando seu Pai Anquises do Incêndio de Tróia (1855), óleo sobre tela 304 x 214 cm. Palácio Nacional de Mafra, Portugal

1 comentário:

Jose Simoes disse...

Disparates.

Os vencedores escrevem no livro de história que tinham razão.

O rapto das sabinas aliás, é um exemplo dessas virtudes espirituais.

José Simões

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