domingo, 6 de janeiro de 2008

Por que acreditam as pessoas em coisas estranhas?



Neste dois vídeos podemos apreciar o fundador e editor da revista Skeptic Magazine em grande forma na conferência TED2006 (Technology, Entertainment and Design) em Monterey, Califórnia.

Michael Shermer abordou na conferência um dos seus temas favoritos, que desenvolveu no livro «Por que acreditam as pessoas em coisas estranhas?», de que o Carlos já falou.

Esta fabulosa apresentação só me deixou uma interrogação: Como é que as pessoas acreditam nestas coisas estranhas?

12 comentários:

Rui Baptista disse...

Muitas vezes, as pessoas acreditam em coisas estranhas por ignorância. O que é desculpável. Agora o que já não é desculpável é que "cientistas" andem de braço dado com curandeiros, endireitas e outros que tais em nome de uma falsa cultura popular. Portugal não foge à regra. Como tal é sempre de louvar post's que desmistifiquem situações destas.

Ashera disse...

Não deixa de ser triste,, apesar de tudo!
Enfim
Bom Ano
Beijos

Fernando Dias disse...

Por que é que as pessoas acreditam…?

Como para muitas coisas, não há uma resposta única. Nem a herança genética nem a informação transmitida arbitrariamente pela tradição cultural o podem explicar. Sabe-se que há padrões biológicos que são activados pela prática social, que por sua vez desencadeiam perfis psicológicos (ansiedade, medo, etc.), que acabam por fazer o resto.

Os poderes “invisíveis” são uma solução para várias situações críticas recorrentes nas vidas das pessoas. O exemplo muito primitivo da religião ainda é o objecto de estudo mais completo para se perceberem os fantasmas que povoam os vales mais profundos da mente humana.

Biologicamente este fenómeno está ligado ao desenvolvimento da linguagem na nossa espécie, para o bem e para o mal, num mundo mental partilhado. A este nível, o que importa não é o sucesso dos “genes egoístas”, mas a coerência e estabilidade que controla o mundo. Isto é o que leva as pessoas a acreditarem em mundos impossíveis.

Primeiro a linguagem oral, e mais tarde a linguagem escrita, cobraram o seu preço através das escrituras da palavra sagrada. Se a escrita veio reduzir o recurso a experiências paranormais de êxtase e de misticismo, levou todavia a uma deriva interpretativa do sentido, numa incontinência imparável.

Num mundo cheio de acontecimentos desconcertantes, de escândalos e de fraudes, é muito difícil aos seres humanos abandonarem estas formas de construção do sentido. Esta terceira vaga cibernética provocou inevitavelmente, embora transitoriamente, um recrudescimento de crenças e de fundamentalismos impossíveis. Muitas pessoas ficaram assustadas.

Mas quando esta vaga estabilizar e ficar situada entre a natureza e a rede electrónica, a religião poderá cessar funções. O ritual colectivo passará aos jogos electrónicos autoconcebidos, num admirável mundo novo de realidades virtuais.

CA disse...

"a religião poderá cessar funções"

Sancta simplicitas.

Guillaume Riflet disse...

Com tantas coisas interessantes no TED, como é que te foste interessar por ISTO em particular, pergunto-te eu?
Guillaume

Zurk disse...

Já li este livro há algum tempo e o filme, apesar de muito interessante, padece do mesmo problema que encontrei no livro. Trata mais das coisas estranhas em que as pessoas acreditam e não tanto do porquê, como o título induz a pensar. A respeito do porquê gostei mais do "How do we know what isn't so" do Thomas Gilovich.

perspectiva disse...

Imaginem que ainda há muitas pessoas respeitáveis que acreditam que todo o Universo, com os biliões e biliões de estrelas e galáxias este concentrado uma partícula infinitesimal que explodiu, sabe-se lá como e porquê!

Imaginem que há pessoas que acreditam na evolução química da vida, um pouco à maneira de Aristóteles que acreditava que os moluscos eram criados por geração expontânea.

Imaginem que existem pessoas que, ignorando as quantidades inabarcáveis de informação complexa e especificada precisamente codificadas e armazenadas no DNA, passíveis de transcrição, tradução e execução, acreditam que o DNA é de alguma forma comparável aos detergentes ou aos cristais de cubos de gelo.

Realmente é impressionante como há pessoas que acreditam em coisas estranhas. Porque será?

CA disse...

Perspectiva

O que é "informação complexa e especificada"?

perspectiva disse...

Pense, meu caro CA, na informação necessária para especificar um Airbus A380.

Eis um bom exemplo de informação complexa e especificada. Sem esse tipo de informação nunca conseguiria criar uma coisa tão complexa como um Airbus A380.

Alguns falam de informação complexa, especificada e integrada.

Ora, a informação necessária para especificar um ser humano, e que se encontra armazenada no respectivo DNA, é muito mais vasta e complexa do que a necessária para especificar um Airbus A 380.

O DNA contém muitas instruções para o fabrico de olhos, ouvidos, nervos, músculos ou processos de cópia de informação como a mitose e a meiose, sendo que as mesmas obedecem a padrões não aleatórios.

Ou seja, não existe qualquer tendência natural nos átomos e nas moléculas para a formação natural dessas instruções.

Os vários níveis de informação e meta-informação contidos no DNA desafiam qualquer explicação aleatória.

Considere, por exemplo, que um ser humano tem cerca de 100 000 enzimas e proteínas, comparando com cerca de 2000 de uma bactéria.

De acordo com os evolucionistas, toda esta informação teria que ser acrescentada por acidentes de cópia (mutações).

Pense, por exemplo, na formação de uma pequena proteína funcional com 48 aminoácidos sequenciados.

Isso exige 150 bases devidamente alinhadas no DNA (incluindo um codão de arranque e de stop).

A probabilidade de tudo isso acontecer por mero acaso é de 1x10^90.

Este número é impressionante se pensarmos que o número de átomos estimado no Universo é de 1x10^80.

E repare que estamos a falar apenas de uma proteína.

No caso de um ser humano estamos a falar de 98 000 enzimas e proteínas a mais do que as contidas numa bactéria.

Se a teoria das probabilidades serve para alguma coisa, ela serve para refutar o darwinismo.

Se ela não serve para refutar o darwinismo, dificulmente servirá para qualquer outra coisa.

A Bíblia diz que foi um Deus omnisciente que criou a vida, ou seja, que gerou toda a informação contida no DNA, que a codificou e que a armazenou no DNA.

CA disse...

Perspectiva

O facto de algo nos parecer complexo não é suficiente para tirar outras conclusões.

É possível obter imagens extremamente complexa do conjunto de Mandelbrot a partir de uma fórmula e um programa de computador chocantemente simples. Quem não conhecer dificilmente acredita que com 20 linhas de código se pode gerar algo tão complexo e dirá que se trata certamente da obra de um artista minucioso.

Se tentar simular computacionalmente o escoamento de um fluido, verificará que por mais informação que use a sua simulação será sempre grosseira em relação ao que se passa na realidade. Ora não olhamos para a água que corre de uma fonte como algo extremamente complexo que prova que teve que ser concebido por alguém. Antes pensamos que pode resultar naturalmente da interacção de átomos e moléculas.

Dizer que o DNA não poderia atingir um certo alinhamento por acaso, apenas com base no número total de possibilidades de combinar os seus componentes, só seria adequado se na natureza houvesse uma máquina a gerar sistematicamente todas as combinações possíveis até chegar a uma que funcione.

Os argumentos com base na "informação complexa e especificada" podem ser reconfortantes mas não são suficientes para mostrar que as coisas não odiam ter sucedido por acaso.

Contudo, se a defesa do criacionismo levar a um desenvolvimento de certas áreas da matemática e da computação (cf., por exemplo, este artigo da Wikipedia), então pode ser que tenha sido útil esta hipótese. Agora saber o que poderá ser o resultado desta investigação parece não estar ao alcance de ninguém. E querer decidir apenas com base em razões religiosas não é aceitável em ciência.

Pedro disse...

O perspectiva fala dessa probabilidade como se a complexidade tivesse aparecido do acaso.

E já agora se temos uma probabilidade tão pequena também temos uma quantidade enorme de planetas por esse espaço fora. Pensar que a vida apareceu por acaso num ou nalguns deles será assim tão descabido?

E isso de associar o número de partículas com a probabilidade é misturar alhos com bugalhos.

Bíblia? LOL. Brilhante argumento.

Quim disse...

Realmente Michael Shermer é uma autêntica anedota!

Obviamente não contesto nenhuma das evidências de fraude por ele demosntradas. Afinal, são nada mais do que pequenos números de circo e ilusionismo. E são muito interessantes as suas explicações, que concordo serem de um razoável valor didáctico. Louvo o esforço e a dedicação de Shermer.

Agora, quanto aos temas verdadeiramente importantes que abalam as "crenças" dos cépticos e da ciência materialista e reducionista... NADA!

O que tem a dizer Shermer e todos os outros cépticos relativamente às experiências post-mortem? Á possibilidade da consciência não ser produto da actividade cerebral? Á possibilidade de outros estados de consciência e de substância? Á possibilidade de faculdade telepáticas? Etc, etc. NÃO TÊM NADA A DIZER, PORQUE POR E SIMPLESMENTE NÃO QUEREM SABER, NÃO INVESTIGAM NEM QUEREM SEQUER LER OS DADOS COMPILADOS POR COLEGAS SEUS NAS MAIS DIVERSAS ÁREAS.

Que a Palmira olhe para Shermer e Cia como competentes a desmascarar meros truques de circo e ilusionismo até concordo e aceito. Agora, que apresente estes cientistas como investigadores e cépticos idóneos, que buscam a verdade de questões importantes e fundamentais e que abalam o status quo da comunidade ciêntifica ortodoxa, vai um grande, grande passo e só tenho a lamentar.

Enfim...!

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Por A. Galopim de Carvalho   Uma das utilizações do gesso, a um tempo técnica e artística, vem de longe e materializa-se no estuque, produto...