sábado, 12 de janeiro de 2008

TODOS DIFERENTES


Minha crónica do "Sol" de hoje:

A revista norte-americana “Science”, no seu número de 21 de Dezembro último, anunciou a sua escolha de “Descoberta do Ano”: A variação genética humana. Recorde-se que em 2003 tinha sido efectuada pela primeira vez a sequenciação do genoma humano. Trata-se agora de reconhecer a relevância de um conjunto de trabalhos que permitem relacionar o genoma com diferenças individuais, incluindo, em particular, a propensão para certas doenças.

A conclusão é que somos mais diferentes do que pensávamos. Isto é: o genoma humano apresenta uma grande extensão e riqueza de diferenças individuais. Cada um de nós é único e irrepetível. Os estudos que permitem a melhor compreensão do genoma estão em franca expansão graças ao progressivo decréscimo dos preços das análises. O custo de conhecer em profundidade um genoma individual só é por ora comportável para ricos e excêntricos como o geneticista Craig Venter (na foto). Mas, se esse custo descer abaixo da barreira de mil dólares, ficará ao alcance de muitos de nós. Várias empresas estão a tentar aproveitar essa oportunidade de negócio. De facto, por mil dólares já é hoje possível tomar uma amostra de saliva e fazer, com um “chip”, uma análise de um milhão de marcadores do DNA.

Os problemas que se levantam com esse tipo de conhecimento são enormes. Ainda se sabe relativamente pouco sobre a associação dos genes a doenças específicas. Mas há um conjunto de doenças, como a diabetes tipo 2, algumas doenças de coração, alguns cancros como o colo-rectal, algumas doenças dos olhos como o glaucoma, algumas inflamações como a artrite reumatóide, etc., para as quais já se encontraram marcadores genéticos importantes. Esses indicadores não são tudo: indicam, em geral, probabilidades em vez de darem certezas.

O que acontecerá se esse tipo de informação cair nas mãos das companhias de seguros, empregadores e governos? O problema não é tanto o que revela o genoma hoje, mas mais aquilo que vai revelar no futuro. A ciência continua e, ao longo deste ano, a “Science” trará com certeza novas e notáveis descobertas...

8 comentários:

Armando Quintas disse...

somos diferentes e ainda bem, senão o que teria acontecido aos europeus durante a grande peste medieval? tinham ido todos desta para melhor..
Ao contrario do que os puristas defendem a misturas de raças fortalecem o ser humano, e aliás interrogo-me se ainda se pode usar o conceito de raças pois já se nota uma certa globalização genetica e racial que conceitos como raças, caucasianos, negroides e coisas do género estão completamente obsoletas..
Quanto às questões éticas cabe aos futuros seres humanos e governos do futuro bom senso para não usarem essa informação para fins descriminatórios e proibirem essas práticas.
Vamos aguardar o que o futuro nos reserva porque a ciencia não para nem tem fim como alguns criancionistas fanáticos querem dar a entender, a escolástica essa sim já esgotou os temas e o seu prazo de validade há muito muito tempo..

Jorge Figueiredo disse...

Puristas não: racistas.

Henrique Dória disse...

O progesso, este conceito iluminista do tempo, vê-se através da ciência. Todo o mais são restos da ciência.

Brotero disse...

E os genes bacterianos e virais que foram limpos dos resultados do genoma humano? As suas implicações são enormes, nomeadamente em termos evolutivos.

Smith disse...

O filme "Gattaca" de 1997 aborda de forma bastante interessante, como a sociedade futura se transformará quando a análise de DNA individual for uma realidade.

perspectiva disse...

Carlos Fiolhais disse:

"A conclusão é que somos mais diferentes do que pensávamos. Isto é: o genoma humano apresenta uma grande extensão e riqueza de diferenças individuais. Cada um de nós é único e irrepetível."

Ora aí está uma observação baseada em dados científicos inteiramente consistente com a crença num Deus omnisciente e omnipotente, que nos criou à Sua imagem, cada um de nós com um valor intrínseco inalienável.

Os evolucionistas é que têm que explicar como é que poderia ter surgido por acaso a quantidade inabarcável de informação complexa, especificada e integrada contida no DNA, susceptível de ser precisamente codificada, miniaturizada, armazenada, copiada, transcrita, traduzida e executada.

Presentemente, não existe qualquer evidência empírica de que a informação genética surgiu por acaso.

Só a prévia adesão a uma visão do mundo naturalista é que leva muitos cientistas a crêr (sem qualquer evidência nesse sentido) que isso realmente aconteceu e pode acontecer.

E não adianta, como fez o Ludwig Krippahl, falar da mitose e da meiose, na medida em que se trata aí de processos de cópia e recombinação de informação genética pré-existente, na divisão das células, processos eles próprios regulados pelo DNA.

Também não se vai longe comparando cubos de gelo e detergente ao DNA, como fez a Palmira Silva.

Eu penso que por esta altura muitos já terão percebido que o evolucionismo se alimenta essencialmente de muita especulação, interpretação, ficção científica e epistemologia barata.

almariada disse...

O significado da palavra "ciência" não foi, não é e não será sempre o mesmo. Ou "evolui" ou se "diversifica", como preferirmos pensar ou dizer.

Anónimo disse...

Se o conceito de raça não existe ou se o negro é mais inteligente ou mais burro que o branco não me incomoda. O que me incomoda é esse meu cabelo duro igual a palha de aço.
Meu cabelo é duro e áspero. R$ 100,00 de escova progressiva e Hene toda semana + tratamento de hidratação. Cansei de gastar dinheiro e tantas horas. Hoje raspo a minha cabeça semanalmente. Sou mulato e não gosto disso. Sabe pq sou racista? Não gosto da minha cor marrom nem do meu cabelo nem do meu nariz largo e achatado. Freire fala da democracia racial através da miscigenação racial porque ele não tem o nariz que eu tenho. Sou mulato e não gosto disso. Minha mãe branca se casou com um negro pq tinha dinheiro e aqui estou eu com esse meu cabelo duro e com esse sentimento de revolta. Pq nao nasci branco? O que eu fiz para merecer isso?

EMPIRISMO NO PENSAMENTO DE ARISTÓTELES E NO DE ROGER BACON, MUITOS SÉCULOS DEPOIS.

Por A. Galopim de Carvalho   Se, numa aula de filosofia, o professor começar por dizer que a palavra empirismo tem raiz no grego “empeirikós...