sexta-feira, 27 de outubro de 2023

QUANDO AS PALAVRAS SÃO USADAS PARA ALIMENTAR CONFLITOS...

Daniel Barenboim, pianista e maestro judeu, o primeiro a conseguir cidadania israelo-palestiniana fundador com o académico egípcio-palestiniano Edward Said da West-Easteern Divan Orquestra que integra músicos de países de todo o Médio Oriente, apelou à paz logo após o ataque do Hamas a Israel que aconteceu neste mês (ver aqui):
Acompanhei os acontecimentos do fim de semana com horror e com a maior preocupação ao ver a situação em Israel/Palestina piorar a níveis inimagináveis. O ataque do Hamas à população civil israelita é um crime escandaloso que condeno veementemente. A morte de tantas pessoas no sul de Israel e em Gaza é uma tragédia que irá pairar por muito tempo. A extensão desta tragédia humana não reside apenas nas vidas perdidas, mas também nos reféns feitos, nas casas destruídas e nas comunidades devastadas. Um cerco israelita a Gaza traduz uma política de punição colectiva, o que constitui uma violação dos direitos humanos. 
 
Edward Said e eu sempre acreditámos que o único caminho para a paz entre Israel e a Palestina é um caminho baseado no humanismo, na justiça, na igualdade e no fim da ocupação, em vez da acção militar, e hoje estou mais convencido disso do que nunca. 
 
Nestes tempos difíceis e com estas palavras, solidarizo-me com todas as vítimas e suas famílias. 
Como em muitas outras ocasiões, as suas palavras foram criticadas, sobretudo por não ter feito um claro apelo ao Hamas para que liberte os reféns que fez. Acusado de parcialidade, afirma-se que, ao invés de contribuir para a paz, potencia a discórdia.
 
Num conflito tão longo e terrível como este em que temos postos os olhos, todas as palavras ditas e omitidas, são usadas para o alimentar. Quando assim acontece, o caminho para a paz está cortado e não parece haver veredas ou atalhos.
 
Ver aqui e aqui.

1 comentário:

Carlos Ricardo Soares disse...

Retomo o que escrevi, há uns tempos, a propósito do poder das palavras.
As palavras podem ser nossas aliadas, mas a nossa desconfiança deve ser total. Não acredito que alguém tenha o poder de meter as palavras na ordem.
Não te deixes conduzir pelas palavras.

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...