quarta-feira, 15 de julho de 2020

A APATIA POLÍTICA NESTE CANTINHO EUROPEU

Perante a apatia nacional, mais ou menos generalizada, sobre o que se passa na vida política portuguesa, admito a minha quota-parte  neste “status quo” embora não pertença à legião dos que se demitem definitivamente, sem fé nem esperança,  das suas responsabilidade de portuguesismo (palavra quase sem sentido actualmente).

Deste modo, naturais de países sem estarem em estado de guerra entram em Portugal com o estatuto de refugiados sendo instalados em hotéis e pensões, com subvenções económicas para vícios burgueses pagando em troca, sem generalizar, desacatos públicos. Em contrapartida, uma pequena legião de nacionais, de alma e coração, sem abrigo, dormem na rua e a passam fome. Vá lá gente entender os nossos caritativos governantes de olhos fechados ao que se passa à sua volta  sonhando serem santificados como Santa Teresa de Calcutá. Em resumo, a caridade portuguesa deve passar por assistir prioritariamente por assistência aos seus muito pobres que  dormem ao relento acompanhados dos seus cães de estimação, verdadeiros e fiéis amigos, repartindo as suas migalhas, quando as há, com eles ou mesmo deixando de comer se necessário.

Quando se forma um partido político, sem ser para dar emprego a juventudes inúteis que se entretêm em festanças de multidões em disseminar o coronavírus, deve ele atender, isso sim,   à miséria mais desgraçada,  a melhorar a vida dos remediados, a não enriquecer ainda mais os milionários deste país com fortunas multimilionárias nascidas à vista de  olhos cegos ou simplesmente míopes, quais  tortulhos germinados em terrenos húmidos de desavergonha nacional. Pouca ou nenhuma consolação nos deve merecer o argumento de  que isto  se passa, também,  no resto do nosso globo terrestre. Cuidemos, portanto e preferencialmente,  do nosso cantinho mais ocidental de uma Europa em decadência!

Por haver um ditado que nos avisa “que gato escaldado de água quente tem medo”, caem em descrédito partidos políticos criados para dar trabalho bem remunerado a quem na vida pouco ou nada sabe fazer, e por outro lado, nesta minha mania de citar anexins, trago à colação estoutro: “Quem fala no barco é porque quer embarcar”. Não, não é este o meu caso por uma questão de dignidade pessoal de que não abdico, nem por dinheiro que queima as mãos, nem por honrarias desonrosas. 

Mas mesmo que eu fosse um dos numerosos mentirosos que juram a pés juntos não estarem ao serviço da política para dela se servirem, a minha condição de velho de 89 anos de idade não me permitiria tal devaneio deixando-me apenas a possibilidade de emitir opiniões de cidadania ao serviço da "polis". Ora, dessa posição não abdico por viver num país em que é permitido o direito de liberdade de expressão, tendo a obrigação de honrar a memória de meu Avô materno, José Pereira da Silva, presidente da Câmara Municipal do Porto (princípios da década vinte do século passado), deportado político para Angola, por ter participado na fracassada  Revolução do Porto (Fevereiro de 1927), onde viria a falecer  em  na cidade angolana de Benguela.

Devo este esclarecimento público, essencialmente,  a meus filhos, netos e um bisneto por desejar ser recordado por eles como simples cidadão herdeiro de uma genética impoluta de que tenho razão de me orgulhar. Aliás. como desejo ser recordado (eles dirão se sim ou não, digam-no agora ou calem-se para sempre!) por meus alunos de uma docência de várias dezenas de anos maioritariamente na saudosa Escola Industrial Mouzinho de Albuquerque de Lourenço Marques, durante 18 anos.

De igual modo, devo, ainda, aos meus familiares supracitados,   a notícia do passado do seu ascendente chegado,  meu sogro, major médico (falecido no posto de tenente coronel) Jerónimo  Carlos da Silveira, Comendador da Ordem Militar de Aviz e Cavaleio da Ordem Militar de  Cristo.

Teias que, para além de fontes documentais, a memória de um Antigo Império, teceu em mim e nelas me enreda enquanto a minha memória permitir e desejo perpetuadas nas minhas gerações actuais e vindouras!

Sem comentários:

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...