sexta-feira, 3 de agosto de 2018

APRENDIZAGENS ESSENCIAIS: As condições em que decorreu a consulta pública

“Não é bom sinal que cada Governo traga consigo uma reforma curricular 
– e esta já é a sétima – como não é que essas reformas surjam sem avaliações 
prévias dos regimes alterados e sejam vagas quanto aos recursos necessários 
para a sua execução, como sublinha o parecer negativo do Conselho das Escolas."

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, Junho de 2018. 


Os novos documentos designados por "Aprendizagens Essenciais", destinados a todas as disciplinas que compõem o currículo escolar português, estiveram em consulta pública: primeiro, entre finais de Maio e início de Junho, foram os do Ensino Básico e, agora, entre meados e fins de Julho, foram os do Ensino Secundário.

Quando o ano lectivo termina - Maio a Julho - e, por inerência, o trabalho e as preocupações dos professores se avolumam;
quando chega às escolas mais uma reforma escolar, que o Ministério da Educação afirma não o ser, mas que, na verdade, não pode negar que o seja;
quando há um novo ano lectivo a preparar com base nessa reforma radical, em relação à qual disse, ao início, visar, nada mais nada menos, do que a formação de um "homem novo";
quando uma greve de professores se revela suficientemente afirmativa e persistente ao ponto de perturbar os exames nacionais;
quanto, arrisco dizê-lo, ninguém quer saber de mais uma reforma escolar, seja ela radical ou não, pois, afinal, é mais uma reforma;
quando tudo isto e mais do que isto se verifica, a Direcção Geral da Educação solicita à sociedade, como, de resto, está obrigada (professores, escolas e instituições de ensino superior, especialistas, associações profissionais e científicas, encarregados de educação, etc.), que se pronuncie sobre as ditas Aprendizagens Essenciais.

Não sei se a participação foi ou não alargada, mas deduzo que, pelas razões acima expostas, não o tenha sido. E devia, pois, afinal, o currículo a todos diz respeito. Mas as condições teriam de ser outras.

2 comentários:

Anónimo disse...

A consulta pública sobre uma reforma de ensino em que as autoridades governamentais impõem, à partida, a política do facto consumado, deixando para a discussão entre os professores questões menores como a de decidir se em determinada escola, com tempos letivos organizados em unidades de 45 minutos, a maior carga horária deverá ser atribuída à disciplina das disciplinas, que é a matemática, ou às disciplinas inferiores com são as ciências naturais, desdobradas nas variantes de biologia e físico-química, é uma cortina de fumo que procura esconder a grande farsa que é impedir que os professores ensinem nas escolas tudo que implique o mínimo esforço de aprendizagem, dizendo que as aprendizagens essenciais são o último grito das inovações democráticas e inclusivas já que nivelam por baixo todos os alunos, quer sejam pobres ou ricos, comunistas ou fascistas!...

armandopereira disse...

o senhor presidente alerta mas promulga... ora, batatas!

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