segunda-feira, 12 de março de 2018

A SOLIDÃO DOS VELHOS




Novo post de Galopim de Carvalho:

Neste fim de Inverno, finalmente e felizmente chuvoso, ocorreu-me trazer, de novo, este aviso aos que, despreocupados, não oferecem aos pais e avós os últimos dias de companhia de que eles tanto precisam.

Este flash de fim de vida, intensamente estampado na montagem fotográfica, do pintor canadiano,Tony Luciani,  cala bem no fundo da nossa sensibilidade, não pela sombra do companheiro que partiu, já liberto e descansado das dores do corpo e da alma, mas pela irreversível solidão da que ainda espera pelo começo dessa viagem.

Tudo dói na crueza desta imagem. É a expressão no rosto da velha senhora e o seu corpo, que se adivinha ressequido, escondido numa roupa que, por isso, ficou vários números acima. São os sapatos e as meias, de quem não tenciona sair à rua. É a toalha, grande demais para a pequena mesa a dois, agora dobrada e a dizer que, estendida, serviu uma família inteira que se esfumou. Pelos vincos bem marcados, esta toalha, talvez de linho, que ela própria bordou em tempos de jovem casadoira, a juntar ao enxoval, mostra que acabou de sair de um velho baú, com anos e anos de dobrada e adormecida ao lado de um saquinho de alfazema…

Nota: o autor da montagem é Tony Luciani, segundo informação do amigo Nelson Ferreira
GALOPIM DE CARVALHO

1 comentário:

Anónimo disse...

Perante quadros tão tristes como este, a gloriosa Medicina hipocrática, coadjuvada pela orgulhosa Enfermagem, digna de formação universitária, bem como o saber pré-científico dos curandeiros supersticiosos de leste e oeste, fecham os olhos e passam adiante, a não ser em casos excecionais, como quando o dinheiro dos velhinhos ainda fale alto!

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...