sexta-feira, 7 de outubro de 2016

FUNÇÕES E ESTRUTURA DO MANUAL ESCOLAR

O manual escolar constitui o principal instrumento de trabalho do aluno e um guia da prática docente, entre outros recursos didáticos, nomeadamente os digitais (mais dinâmicos), o caderno diário (manuscrito resumido), cadernos de atividades e livros diversos. Desempenha dupla função informativa e formativa para o estudante, quer como veículo dos conteúdos curriculares, quer como regulador da aprendizagem. Também cumpre função formativa para o professor, como base de orientação para preparar e ministrar as aulas, para além de desenvolver função cultural, como difusor de ideologias e valores dominantes.

Cabe ao professor preservar a sua autonomia profissional com atitude crítica na adequação do programa vigente. O manual adotado na escola, mediador do currículo nacional, traduz o ponto de vista do(s) autor(es), que juntamente com a perspetiva do professor da disciplina garante um melhor conhecimento do objeto do estudo. A disposição da matéria em unidades coesas e congruentes (representadas por capítulos) permite ao aluno apreender totalidades significativas da realidade. De forma pragmática, cada unidade/capítulo pode dividir-se em quatro secções: Recordar, Conhecer, Organizar e Aplicar.

A secção Recordar, quando necessária para compreender o novo conteúdo programático, remete-se para um apêndice. Consiste na revisão esquemática da parte respetiva da matéria do(s) ano(s) letivo(s) precedente(s) para acelerar a aprendizagem.

A secção Conhecer pode subdividir-se em Texto, Ilustrações e Atividades. Um texto estudado é um texto sublinhado, numerado e anotado, pelo que aconselhar a devolução do manual como novo significa um claro erro pedagógico. Os resumos como sínteses finais dos textos informativos facilitam a assimilação dos conteúdos. Há equilíbrio entre a informação icónica e a textual, quando as ilustrações (desenhos, fotografias, figuras, quadros, gráficos, mapas) correspondem ao texto, não interrompem a leitura nem são excessivas. As atividades experimentais, laboratoriais ou de campo e mesmo o aproveitamento de programas informáticos de simulação tornam o aluno protagonista da construção do seu conhecimento. As atividades práticas, tal como as imagens legendadas, referem-se ao texto e não devem funcionar como transmissores de mais matéria e elementos de dispersão.

Na secção Organizar, o aluno aprende a transformar o texto em esquema de ordenação ou de relacionação, quer compondo um índice pormenorizado, quer desenhando um mapa conceptual. Serve também de teste à coerência da exposição. Assim, enquanto, na secção Recordar, a informação está organizada para o aluno, o que abrevia o processo da aprendizagem, na secção Organizar, a informação é organizada pelo aluno, o que caracteriza uma etapa essencial do estudo autónomo. A organização forma a base duma boa memória, sistema de codificação, armazenamento e recuperação de conhecimentos, necessários para agir de modo eficaz e inteligente.

Na secção Aplicar, habitualmente colocada no fim de cada unidade/capítulo, o estudante avalia os conhecimentos, através de respostas a questões e de resolução de problemas, e pratica a produção de textos e o treino de exercícios. Também questionar ao longo do texto principal e nos títulos dos capítulos ou das atividades estimula o sentido crítico e a curiosidade.

Um manual escolar bem estruturado representa importante fator de êxito para o aluno e proveitoso modelo didático para o professor.

Nuno Pereira (psiquiatra)

2 comentários:

Graça Sampaio disse...

Que bom seria que os meus colegas professores lessem e aprrendessem a essência deste texto! É que alguns (muitos?) por preguiça usam e seguem página a página apenas o manual escolar sem lançar mão de mais nenhum instrumento...

Unknown disse...

Interessante texto sobre o papel e funções dos manuais escolares. Bem haja!

FÁBULA BEM DISPOSTA

Se uma vez um rei bateu na mãe, pra ficar com um terreno chamado, depois, Portugal, que mal tem que um russo teimoso tenha queimado o te...