Em diversos canais de televisão portugueses, a acompanhar a notícia da morte de Manoel Oliveira, surge um rodapé com dados biográficos do cineasta. Esse rodapé começa assim: "Foi mau aluno..."
"Foi mau aluno..." é a primeira impressão de quem lê esse rodapé e que condiciona as seguintes. O raciocínio que se espera do telespectador será algo do género: não é preciso ser-se bom aluno para se ir longe na vida.
Nas notícias on-line é a mesma coisa: "era mau aluno e começou a ler já tarde", li numa delas.
Este dado, não sei se correcto ou incorrecto, mas bem destacado para o público em geral, terá fundamento na auto-apreciação que Manoel de Oliveira fez da sua passagem por um colégio de Jesuítas, situado na Galiza. Disse ele que, aí, foi mau aluno. Certamente, com toda a subjectividade a que se tem direito quando se fala na primeira pessoa...
Daí a retomarmos e a insistirmos no culto do "mau aluno" vai uma grande distância. Manoel de Oliveira vai ser mais um nome a acrescentar à lista, onde também consta Albert Einstein, destinada a "provar" que a escola não faz qualquer diferença.
sexta-feira, 3 de abril de 2015
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3 comentários:
Parece ser um reflexo da influência dos media anglo-saxónicos que ultimamente têm tido um impacto por cá... "Portugal got talent"?
Por favor, não alimente o mito de que Einstein foi um mau aluno. Era um pouco rebelde, mas tinha excelentes notas! Ver, por exemplo,
http://gizmodo.com/5884050/einstein-actually-had-excellent-grades
http://content.time.com/time/specials/packages/article/0,28804,1936731_1936743_1936758,00.html
Espero que do meu texto não se deduza que Albert Einstein foi mau aluno. Não foi.
O que eu quis dizer é que Einstein é frequentemente referido como um génio que foi mau aluno. Ao seu nome juntam-se, em geral, mais alguns (o de Manoel de Oliveira foi o último de que tive conhecimento) para provar que não há problema nenhum em ser-se mau aluno, pois, afinal, o que se aprende na escola não tem importância no futuro.
Trata-se de um mito que continua a ser alimentado, certamente com consequências.
Maria Helena Damião
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