Declarações que fiz à Visão a propósito do recente documento do Conselho Científico do IAVE em que criticava a prova para professores ordenada pelo MEC. De facto, acreditei e acredito no conceito de independência do IAVE em relação ao MEC, mas ele ainda não se concretizou.
Saí a 25 de Outubro do Conselho Geral do IAVE - Instituto de Avaliação Educativa, podendo de fora analisar
com independência o que lá se passa. Partilho a crítica do Conselho
Científico do IAVE à prova para professores que o MEC- Ministério da Educação e Ciência quer a viva força
fazer. Defendo que devemos escolher os melhores professores, mas para
isso essa prova é mal feita. De resto, é inútil. Mal feita porque não
passa de um teste psicotécnico, sem nada a ver com a profissão docente.
Inútil porque não serve para escolher os melhores docentes, mas sim
para excluir os supostamente piores. Apenas afasta meia dúzia de
candidatos a professores, num tempo em que há poucos lugares. Quanto a
escolher os melhores, o MEC já mostrou que não o sabe fazer.
A prova
tem outros danos:
instalou na sociedade a ideia de que os professores são, em geral, incompetentes. Ora não são, são na sua
grande maioria profissionais não só capazes como dedicadíssimos. A
insistência na prova serviu, portanto, para colocar a profissão contra
os actuais ocupantes da 5 de Outubro, que estão a perturbar o clima
escolar e a afastar a atenção dos verdadeiros problemas da educação.
O ministro Nuno Crato colocou-se contra os professores que o levaram, em ombros, a ministro. Quanto à direcção do IAVE, antigo GAVE - Gabinete de Avaliação Educativa, que devia ser um organismo
técnico para realizar exames e não político, ela não é independente do
Ministério nem do ministro. É grave!
3 comentários:
Muito bem dito, Professor!! Permita-me que o cumprimente pela frase deste seu texto uma das quais mais me agradou: «O ministro Nuno Crato colocou-se contra os professores que o levaram, em ombros, a ministro.»
Graça Sampaio:
Mal vai quando se levam as pessoas aos ombros, é porque não conseguem ir pelo próprio pé.
É porque não se conseguem impor pelas suas qualidades.
E quando se tornaram (as tornaram) especialistas instantâneas é o desastre, como se está a ver agora, embora ainda só uma parte desse desastre e a menos grave e duradoura.
As mais profundas consequências demoram algum tempo a aparecer na sua plena dimensão,e levarão igualmente muito tempo a ser corrigidas.
Alguns dos que o «criaram» e o levaram ao colo já se mostram arrependidos.
Agora é tarde.
Mesmo que se fosse de vez, em quatro anos fez-nos muito mal, nem no dobro do tempo se corrige todo o mal que nos fez.
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