quarta-feira, 9 de abril de 2014

2.º ENCONTRO PRESENTE NO FUTURO: PORTUGAL EUROPEU, E AGORA?



Já saiu o livro "Portugal Europeu. E Agora?, Actas do 2.º Encpntro "Presente no Futuro" da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Transcrevo o resumo de um debate que ma altura travei sobre perspectivas da educação com Carlos Grosso.

DEBATE: O FUTURO DA ESCOLA, com Carlos Fiolhais e Carlos Grosso

Carlos Fiolhais abriu o debate referindo alguns dados da PORDATA e do estudo da Fundação sobre a Europa, designadamente o facto de, entre 1986 e 2010, ter aumentado muito a fracção dos alunos no ensino secundário (de 11% para 20%) e no ensino superior (de 5% para 16%). Apesar disso, só cerca de um terço (35%) da população portuguesa entre os 25 e os 64 tem pelo menos o ensino secundário. A média na União Europeia a 27 países é 73% e atrás de nós só se encontra Malta. Isto é, na educação melhorámos, mas estamos ainda bastante longe dos padrões europeus, que devemos ambicionar.
 
Carlos Grosso focou a sua intervenção nos resultados em Matemática obtidos na prova internacional TIMSS-2011. Nessa prova, realizada por alunos do 4.º ano de escolaridade de 65 países, os resultados dos alunos portugueses subiram relativamente à participação anterior, que tinha ocorrido 16 anos antes, ou seja, em 1995. Na comunicação social houve muitos ecos dessa melhoria de resultados, sobretudo chamando a atenção para o facto de Portugal ter ultrapassado o desempenho da Alemanha,  que, sendo um país poderoso e central na construção da União Europeia, muito nos deveria orgulhar.  No entanto, fazendo uma leitura mais cuidada e completa dos resultados das últimas duas décadas, ele acentuou o facto de, em todas as provas realizadas, os países asiáticos, nomeadamente Singapura, Coreia do Sul, Hong Kong, Taipé e Japão, terem obtido melhores desempenhos que os países europeus. Para além disso, referiu ainda que a diferença entre os níveis alcançados por aqueles países asiáticos e pelos países europeus tem vindo sistematicamente a acentuar-se, afastando-os consideravelmente dos melhores desempenhos europeus, o que parece configurar uma crise na educação escolar europeia.

A classificação dos testes enquadra os resultados em quatro níveis de desempenho previamente definidos e 60% dos alunos portugueses não ultrapassou o segundo nível de desempenho, que corresponde à aplicação de conhecimentos matemáticos elementares a problemas simples, de resposta imediata, enquanto na Coreia do Sul e em Hong Kong apenas 20% dos alunos se ficou por este nível. Todos os países ocidentais colocaram mais de metade dos seus alunos nos dois níveis mais baixos, sendo o menos mau destes indesejáveis resultados  obtido pela Inglaterra com 51% (a Alemanha obteve 63%). Comparando as percentagens de alunos que atingem o nível de desempenho mais elevado, também aqui se verificaram diferenças demasiado significativas, com apenas 8% dos alunos portugueses a alcançarem o nível mais alto de desempenho contra 43% em Singapura e 39% na Coreia do Sul, ficando novamente a Inglaterra com a melhor posição entre os europeus, apesar de não ultrapassar os 18% (a Alemanha teve 5%).  Somos europeus e não asiáticos. Somos educados numa cultura europeia que, em muitos aspetos, difere da cultura asiática, e é bom que essas diferenças culturais existam. Mas, no mundo globalizado em que vivemos, temos que nos esforçar por esbater estas diferenças, construindo na Europa, incluindo Portugal, uma escola que seja mais exigente, mais disciplinada e mais diversificada.

Carlos Fiolhais (responsável pelo programa de Educação da Fundação) e Carlos Grosso (professor de matemática da Escola Secundária Pedro Nunes).

1 comentário:

José Domingos disse...

"Portugal Europeu. E Agora?"

E agora o País está destruído:

http://historiamaximus.blogspot.pt/2014/03/quatro-decadas-para-construir-e-quatro.html

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