terça-feira, 12 de novembro de 2013

ENSINO PROFISSIONAL


Declarações que prestei à Lusa a propósito da Conferência-Debate  de hoje (Torre do Tombo, Lisboa, 17h30) da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre Ensino Profissional:

Alunos de cursos profissionais quadruplicaram numa década

" O número de alunos no ensino profissional quase quadruplicou numa década em Portugal, mas está ainda aquém da média dos países da União Europeia e muito longe dos países mais desenvolvidos, segundo dados da Pordata. Em 2011, havia 440 000 alunos no secundário em Portugal, dos quais 198.085 seguiam a via geral e 110.462 o ensino profissional, um número que em 2001 se ficava pelos 30.668 alunos, num universo total de 413.748 alunos. A estes juntam-se ainda os 15 288 (65.971 em 2001) alunos dos cursos do ensino técnico- profissional, os 18 669 dos cursos de aprendizagem, que começaram apenas em 2009, os 2177 em cursos de educação ou formação (iniciados em 2003) e os 96 274 (74.657) no ensino recorrente. Os dados da Pordata - base de dados organizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos- registam ainda uma quebra no número de alunos do ensino recorrente nos últimos dois anos, que passou de 169.190 em 2009 para os 96.274 em 2011, e está relacionado com o fim do programa Novas Oportunidades. Os números mostram igualmente que entre 2001 e 2011, os cursos técnico-profissionais diminuíram de cerca de 66.000 para 15.000 alunos, [muitos dos cursos foram redefinidos, passando a ensino profissional]. Juntando os alunos do ensino profissional e dos cursos técnico-profissionais, o aumento registado é menos expressivo, passando de 96.000 alunos em 2001 para 126.000 alunos em 2011. Por outro lado, nestes 10 anos o número de alunos na via geral de ensino caiu de 242.452 para 198 085.

Estes dados servirão de base a uma conferência sobre esta área de ensino promovida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que pretende abordar os caminhos a seguir no ensino profissional em Portugal bem como analisar as respostas a dar em matéria de formação aos jovens que não entram nas universidades e que este ano foram cerca de 60 mil. Para Carlos Fiolhais, responsável pelo programa de Educação da Fundação e mediador da conferência, estes dados revelam que em matéria de ensino profissional ainda não se progrediu o suficiente em Portugal. Em termos europeus, dados do Eurostat relativos a 2009, colocam Portugal no grupo de países com maior percentagem de alunos na via académica de ensino, 62 por cento, contra 38 por cento para a via vocacional (que engloba a generalidade de cursos mais ligados ao mercado de trabalho). Desde então, esta realidade tem melhorado, segundo Carlos Fiolhais, devendo a percentagem portuguesa rondar atualmente os 40 por cento, enquanto a média europeia, que em 2009 era de 50 por cento para cada via de ensino, ultrapassa já esse valor. «Há um grande aumento nesta modalidade de ensino, mas estamos ainda aquém do que é a média europeia. A média europeia tem mais ensino profissional que nós. Conseguimos chegar quase a metade [dos alunos do secundário], mas eles têm mais de metade», disse Carlos Fiolhais.

 A diferença é ainda maior quando a comparação é feita com os países mais desenvolvidos da Europa, como a Alemanha - cujo sistema está a ser adotado de forma experimental em Portugal - e que tem 53 por cento de alunos do secundário no ensino vocacional. Para Carlos Fiolhais, a aplicação do sistema alemão - em que parte da formação é feita na escola e outra em trabalho nas empresas - esbarra com a fragilidade do tecido empresarial português e com a falta de articulação entre escolas e empresas. «Um dos problemas da escola portuguesa é que está muito distante das empresas», considerou.

Mas, para Carlos Fiolhais, a questão mais preocupante é sermos o país europeu com a menor percentagem de pessoas que completaram o secundário na faixa etária dos 25 aos 64 anos, ou seja, pessoas que se encontram no mercado de trabalho. A taxa portuguesa situa-se nos 37,6 por cento, enquanto a média europeia é 74,2 por cento. «Este é que é o grande drama nacional: pessoas pouco qualificadas não produzem riqueza suficiente», considerou Carlos Fiolhais, para quem é um imperativo qualificar mais jovens. «Temos que qualificar mais jovens e, se olharmos para o exemplo europeu, o ensino profissional é a melhor via para isso», concluiu. "

Diário Digital com Lusa

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