segunda-feira, 22 de abril de 2013
O que é a tolerância?
Vale a pena ler este texto de Carlos Pires, professor de filosofia da Escola Secundária de Pinheiro e Rosa, que explica muito bem o que realmente é a tolerância. Várias vezes tenho sido acusado neste blog por alguns comentadores de ser relativista, quando na verdade não o sou; o que acontece é que não sou um ditadorzinho de meia-tijela, que quer impor aos outros o seu modo de ver as coisas. Ser relativista implica aceitar que toda a gente tem razão, o que é incompatível com a tolerância, pois tolerar é dar às pessoas o direito de não terem razão. E de nada adianta ser tolerante se isso não se traduzir em medidas legislativas que acolham na nossa sociedade as pessoas que têm crenças completamente erradas, anticientíficas, pseudocientíficas, etc.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O corpo e a mente
Por A. Galopim de Carvalho Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
9 comentários:
O texto está bem escrito e distingue com clareza o que há a distinguir. Não sei até que ponto o "e procura coexistir pacificamente com eles, apesar de achar que não estão certos." é possível e factualmente tolerante. Não gosto do termo tolerância. "á portuguesa", tolerar é literalmente "deixar que existam, mas no seu canto"; sem mistura; longe, de preferência. Prefiro o termo aceitação ao termo tolerância. Dir-me-á: Não são o mesmo. Respondo: Pois não. Daí a minha preferência.
"Distingo a convicção da fé. A fé é a crença em qualquer coisa que não está provada, em termos objectivos. Qualquer coisa que não se viu, mas em que se acredita. A convicção não. A convicção resulta da observação com verdade dos factos, dos acontecimentos da vida. Eu não tenho fé. Tenho convicção, que é uma coisa diferente. A convicção não seria convicção - e seria fé - se não houvesse espaço para as dúvidas."[Álvaro Cunhal - «Público» 17 de Abril de 1996]
Professor Desidério Murcho, concorda com a citação acima?
Se sim, as pessoas «tolerantes» são as que têm fé ou as que têm convicção?
Agradeço desde já a sua resposta. Obrigado
Cordialmente,
Infelizmente, nos dias que correm, quando se promove a tolerância, no melhor dos cenários, o que se pede (e o que se valoriza) é que as pessoas tenham uma atitude indiferente relativamente aos outros. No pior dos cenários é uma espécie de apelo que promove a total ausência de valores.
De facto só faz sentido de falar de tolerância quando se refere a algo que é diferente (e com o qual o convívio é de algum modo difícil).
Existem no nosso pais medidas que "não acolham na nossa sociedade as pessoas que têm crenças completamente erradas, anticientíficas, pseudocientíficas, etc" ? Isto é de facto escandaloso e inaceitavel ! Quais são essas medidas, onde é que elas se encontram, a ver se acabamos ja com elas ?
Estamos a atirar tudo para ser feito pelos outros, quando chegou o momento de nós, todos, ajudarmos a fazer.
Em tudo, até na educaçao, que não só instruçao.
Até na tolerância!!!!!!!!!
E não estarmos sempre a arranjar bodes expiatórios....para não vermos que tambem falhamos........
Professor Desidério Murcho;
O senhor é um homem de fé.
Não têm convicção, tem fé.
Não é tolerante, mas considera-se tolerante!!!
É por isso que o senhor, a senhora Sara Raposo, e mais alguns professores de filosofia discordam daqueles que (como David Marcal) sendo homens da ciência, portanto com convicção, são tolerantes, e não alinham na sua rétorica acerca da "liberdade e direitos" que se devem dar aos «charlatões».
Sim, porque é atavés da exploração da fé que se movimentam muito bem os «charlatões».
E o senhor para a boa defesa dos «charlatões» o que pretende mostrar é que, os cientistas é que são pouco tolerantes. Nada mais errado!!! Os cientistas são homens convictos "resulta da observação com verdade dos factos, dos acontecimentos da vida" são por definição tolerantes.
... "consigo eu não aprendo"
Desidério:
Obrigado pela referência.
Tenho algumas dúvidas sobre os limites do "acolham na nossa sociedade", mas de facto não te chamaria relativista. Por falta de tempo, não consegui acompanhar o debate que aqui tens travado com o David Marçal e com alguns leitores, apesar de ter lido um ou outro post. Posso ainda ir lê-los todos, mas gostava de ler uma defesa das tuas ideias cuja compreensão não implicasse estar sempre a ir ver outros posts e comentários.
Hoje em dia existe a tolerância política, a tolerância científica, a tolerância desgovernativa, a tolerância religiosa, a tolerância analfabeta, a tolerância doutourada, a tolerância vampiresca, a tolerância sexual e homossexual, a tolerância belicista, a tolerância ditatorial, tolerância medíocre e mais tolerância qb.
É sempre um prazer ler o que coloca aqui caro Desidério. P.f. continue.
Enviar um comentário