Várias pessoas me têm perguntando por que razão a nossa ortografia é tão ilógica. Escrevemos “coração”, mas faria mais sentido “curação”; escrevemos “táxi” e “taxa”, usando o “x” de maneiras completamente diferentes; escrevemos “coser” e “cozer” com significados diferentes quando a fonética é exactamente igual; ora usamos “ç” ora dois “s” para fazer o mesmo; etc. Porquê tantas opções ortográficas ilógicas?
Por duas razões. Primeiro, porque as ortografias são naturalmente ilógicas. São-no porque emergem naturalmente do uso das pessoas, e umas pessoas escrevem de uma maneira, outras de outra, e isso acaba por ficar cristalizado como correcto. Sim, isto significa que a ortografia é mera convenção, nada havendo de intrinsecamente errado em escrever “çoldado” em vez de “soldado” ou “tácsi” em vez de “táxi”. Tudo o que precisamos, numa ortografia, é de regularidade, para nos entendermos melhor.
A segunda razão é que os linguistas portugueses têm revelado incompetência, ao longo do tempo, sempre que fazem reformas ortográficas. Uma ortografia completamente ilógica e tradicional é aceitável, porque é essa a tradição: reflecte a evolução orgânica da língua, como o inglês. Mas quando fazemos reformas e leis sobre a ortografia, ou fazemos bem, como os italianos, ou mais vale ficar quieto. O nosso problema é que nem somos como os italianos, que modernizaram bem a ortografia e acabaram com as coisas ilógicas, nem somos como os ingleses, que deixam a ortografia evoluir organicamente, sem a intervenção de linguistas incompetentes a soldo do estado.
Assim, temos o pior dos dois mundos: por um lado, somos quase incapazes de ler a quase totalidade dos livros clássicos de língua portuguesa que temos nas bibliotecas. As sucessivas reformas ortográficas pouco mais fazem do que servir os interesses dos editores, para vender novos dicionários. Vamos a uma biblioteca e, ao contrário do que acontece na Inglaterra, quase não conseguimos ler o Eça de Queirós tal como ele escrevia (até o nome mudámos, era “Queiroz”). Na verdade, mesmo uma pessoa particular, como é o meu caso, consegue o feito de ter na sua biblioteca privada livros com três ortografias diferentes (porque tenho livros dos anos 50, livros recentes e agora livros de 2012)! É o completo caos ortográfico.
Por outro lado, continuamos com uma ortografia tão ilógica quanto a que tínhamos antes dos desvarios republicanos nos terem não apenas matado o legítimo rei como ainda por cima quase nos mataram a língua.
Podemos resistir passivamente a este desvario ortográfico anunciado e repetido? Não. Porque a partir do momento em que o estado obriga as escolas a usar a nova ortografia, em menos de uma década todos os livros e jornais passarão a usá-la. É o meu caso: como sou autor de livros para as escolas, tenho de usar a nova ortografia. E, como é natural, não me dá jeito usar ortografias diferentes em diferentes livros. Assim, a única maneira eficaz de resistir a esta aberração ortográfica é juntarmo-nos todos a quem generosamente está a dar o seu tempo, energia e dinheiro para levar à assembleia da república as razões da rejeição da nova ortografia. No momento que os deputados virem com clareza que 1) o acordo não unifica, desunifica e 2) a nova ortografia está tecnicamente errada porque em vez de simplificar, complica, em vez de tornar mais lógica a ortografia, faz o contrário, estamos a um passo de rejeitar esta tolice. E quando os deputados virem que 3) o Brasil já por várias vezes assinou tratados ortográficos com Portugal que depois rejeitou, verão que não estaremos a fazer coisa alguma de extraordinário ao rescindir esta tolice.
Repare-se que, no Brasil, a violência ortográfica é muitíssimo menor do que em Portugal, havendo apenas alguns casos parvos, como “pára”, que passa a escrever-se sem acentuação. Em Portugal, os casos parvos, como “espectador”, que perde o “c” – que continua no Brasil, outro caso de desunificação – constituem a quase totalidade da nova ortografia. Ninguém em Portugal teria protestado com a nova ortografia se fosse razoável, tirando apenas o “c” de “actual”, por exemplo, e outros casos semelhantes. Fazer isso seria modernizar bem a língua, e permitiria alguma unificação com o Brasil, que resolveu sozinho eliminar as consoantes mudas, há décadas. O problema é que está longe de ser razoável; é de uma incompetência linguística atroz.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O corpo e a mente
Por A. Galopim de Carvalho Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
22 comentários:
off topic : tão engraçado nenhum blog político partidário ,da esquerda à direita passando pelo centro ,comentar as eleições italianas..estarão assustados com o Grillo falante ?
Tenho aquela sensação que não me larga, achar que todos os acordos ou a maioria deles que foram feitos nos últimos séculos foram feitos para serem jogados no lixo. Sapere aude...
"As ortografias são naturalmente ilógicas. São-no porque emergem naturalmente do uso das pessoas". Não o são quando não são reformadas. Nós escrevemos como escrevemos porque houve quem propusesse regras que contrariaram o tal uso das pessoas. Como houve para todas as línguas que são escritas, incluindo aquelas que são tendencialmente etimológicas. Todas seguiram, a dado momento, uma lógica muitas vezes implacável e destruidora de todos os usos antecedentes. A ortografia do português é aliás bem lógica, e agora ainda mais.
"Tudo o que precisamos, numa ortografia, é de regularidade, para nos entendermos melhor." Por esta lógica, seria apoiante do Acordo, que não faz senão trazer lógica a partes ilógicas da escrita, como as consoantes mudas.
Há um elemento que o autor esqueceu: as palavras que se escrevem de maneira diferente quando se "dizem" da mesma maneira (coser/cozer, conselho/concelho, óptico/ótico) não são um defeito da ortografia: são uma vantagem da ortografia. O objectivo principal da língua escrita não se destina a reproduzir a língua falada, nem a ensinar a pronunciar a língua. O objectivo principal da língua escrita é transmitir uma determinada mensagem, e para isso a língua escrita tenta eliminar as ambiguidades. Num código escrito ideal, não existiram palavras homógrafas: a cada significado corresponderia uma forma diferente de grafar. A imperfeição da língua escrita é que leva às homografias.
Até nisso o AO90 é pernicioso para a língua: ao aumentar de forma incrível as homografias, está a deixar-nos com um código escrito que aumenta de tal forma as ambiguidades que entender um texto com um nível de complexidade que ultrapasse o de uma lista de compras é absolutamente penoso, enquanto que com a ortografia correcta é uma tarefa super simples para qualquer leitor.
Nesta matéria, concordo inteiramente com Desidério.
..."escrevemos “coser” e “cozer” com significados diferentes quando a fonética é exactamente igual; ora usamos “ç” ora dois “s” para fazer o mesmo; "
Eu não acho nada que a fonética seja igual nestes casos.
Quanto ao resto concordo com o autor.
A razão pela qual não "escrevemos tal como falamos" é tão simples e fácil de aceder quanto ao facto que, só em Portugal, existem formas regionais muitos diferentes de falar português. Não se trata, portanto, de uma qualquer erro, mas da aplicação de uma lógica de unidade. A mesma que o Murcho aqui evoca sem, no entanto, fazer-se competente. Outro problema de competência, este mais típico de um estudante de "inspiração analítica" (portanto, pouco mais que um escolástico contemporâneo), é não perceber que isto dos acordos ortográficos sempre foi uma questão ponderada pela política. Se o português de Portugal corresponde à forma forjada entre Coimbra e Lisboa, submetendo as restantes formas faladas do português em Portugal, pois o país é, politicamente, submetido a Lisboa, já um acordo ortográfico entre os PALOP implica um complexo jogo político entre vários estados que, antes do mais, não se querem submeter aos ditames e regras de outros. Não se trata, pois, de uma incompetência dos linguistas, tal como "dá impressão" ao murcho de razão, mas de um problema político de difícil solução. Talvez se resolva quando o Brasil fixar-se como uma das grandes potências mundiais e Portugal continuar à procura de caravelas.
Desculpe lá, mas se os livros mais antigos que tem são dos anos 50, não pode ter 3 ortografias diferentes. O anterior orotografia data de 1945. Portanto, só pode ter livros com a ortografia de 45 e com a do famigerado acordo ortográfico.
Até 1907 o português tinha a mesma ortografia em Portugal e no Brasil.
As "reformas" que criaram as diferenças foram ditadas por modismos cientitistas franceses (mas que os franceses se abstiveram, evidentemente, de aplicar a si mesmos, que a língua francesa não é para o rapazio brincar e lá esta ela, igual, "ilógica", "sem evolução" há mais de 250 anos... ) e por nacionalismo político.
É que a "evolução" da língua resulta não em alterações de grafias, mas, bem ao contrário, na estabilização ortográfica - fruto da escolarização efectiva e do acesso directo e seguro ao conhecimento da norma.
Os brasileiros (actualmente com 75% de analfabetos, entre "clássicos e funcionais) aproveitaram a ortografia para afirmações de nacionalismo (REFORMA ORTOGRÁFICA E NACIONALISMO LINGÜÍSTICO NO BRASIL http://www.filologia.org.br/revista/artigo/5(15)58-67.htm ). As mudanças não se deveram a qualquer "evolução natural" e já em 1823 (sic) propunham a adopção da denominação de "língua brasileira" para o idioma português que falavam.
Quanto à "ortografia fonética" ou "científica" é, como se referiu, ideia contemporânea da frenologia (o Afonso Costa prometeu, também, um código penal "científico" baseado na teoria das bossas...) e teve e tem a simpatia das maçonarias brasileira e portuguesa a propósito de uma maior proximidade para o "governo mundial" de que um dos primeiros passos seria um lugar permanente do Brasil no Conselho de Segurança (desígnio nº 1, confesso, da política externa brasileira nos últimos 50 anos) e que seria facilitado pela "ortografia única" - que não é única... - que seria facilitado (vá-se lá saber porquê...) pela adopção do português como língua de trabalho da ONU (e daí terem cessado as reivindicações do "idioma brasileiro" - que, ao contrário do português não seria um idioma internacional).
Tudo isto parece um mau romance de ficção política, mas é o próprio Malaca a dizer que o acordo não é uma questão linguística mas política (entrevista ao Expresso de 29 de Fevereiro de 1908), e os brasileiros sentem a situação suficentemente segura para se poder ouvir do insuspeito Houaiss que a reforma de 1945 (que, essa sim, unificava a ortografia a quase 100%) foi rejeitada por ser... lusitanizante (Entrevista ao «Folha de S. Paulo», em 11 de Maio de 1986, «Sentimos que a ortografia de 1945 era lusitanizante»)...
Ilogismo? Irrracionalismo? Delírio? Nãoo....
Fica aqui, para Desidério Murcho ir desmontando e classificando falácias ( os ne sequitur são tão evidentes que não contam...) a espantosa declaração de um secretário de estado da cultura de Portugal: «Só assim poderemos participar, e a nossa participação é essencial na criação de um estado mundial de ordem baseada no direito e de progresso. (...) Por isso Portugal ratificou o acordo ortográfico da língua portuguesa e criou um fundo para o aprofundamento da língua nas regiões do mundo que contam com comunidades de portugueses e nos países da CPLP.»
J. A. Pinto Ribeiro | Ministro da Cultura
[ citado por Marco Antinossi | Agência Lusa | S. Paulo | 10-06-2008
ILOGISMO???? Não!
"É o meu caso: como sou autor de livros para as escolas, tenho de usar a nova ortografia."
Salvo o devido respeito, não tem.
Primeiro, porque o denominado acordo não está em vigor na ordem jurídica internacional e, por isso, na ordem jurídica interna portuguesa, onde vigora, intocado, o Decreto 35.228, de 8 de Dezembro de 1945, o que faz com que resoluções de governo, assembleia, despachos, etc., sejam ilegais e ilegítimos, muito em particular o despacho da ministra Alçada que ignora um parecer oficial fortemente contrário ao «acordo», da Direcção-Geral do Ensino Básico e Secundário, sem explicar que outros estudos fundamentam a sua decisão...
Claro está que não é fácil dizer não, mesmo quando a lei está ao nosso lado. Nunca foi.
Guilherme Almeida,
Para além de todas as iniciativas, se o poder político persistir no delírio fascistoide e totalitário, é de crer que se imporá uma queixa contra o Estado Português nas instâncias internacionais já que este «acordo» é uma grave agressão, um crime cultural ao património cultural português e, por isso, uma violação grosseira dos Direitos do Homem.
Há tribunais para isso, alguns dos quais onde o estado português é habitualmente condenado.
Estamos muito longe de sermos uma democracia e toda esta fantasia totalitária é uma triste prova disso.
Caro Desidério Murcho:
Quanto aos ilogismos, seria interessante verificar em que é que escrever "aceção" em vez de acepção torna a língua "mais lógica".... Creio que lerá com gosto este artigo de Vitor Guerreiro, se porventura já esqueceu: http://criticanarede.com/ed1.html
Coisas do 1º mundo.
"Ilogismos" explicados:
http://www.youtube.com/watch?v=YvABHCJm3aA
É que convencional não quer dizer arbitrário ou caprichoso.
De arbitrário aquio, apenas a intervenção de "sábios" (como se designavam no séc XIX) de sábios de países que são um escândalo cultural (Portugal está ao lado da Espanha, geograficamente mas 21 lugares abaixo nos índices de alfabetização. Sim, 21 lugares. Quanto ao Brasil, está 10 lugares abaixo do Zimbabwe - país onde o Festival Shakespeare (lido na grafia original, é evidente) movimenta milhares de jovens. Pois movimenta. Pois é. Não é preciso dizer mais, pois não?
"Todas seguiram, a dado momento, uma lógica muitas vezes implacável e destruidora de todos os usos antecedentes."
O que se verifica, e nas línguas do saber (inglês, francês, as mais universais) é que há uma sedimentação da ortografia, como se percebe facilmente: se o analfabetismo é zero há mais de um século, os hábitos de escrita enraízam-se e arreigam-se: é o resultado da evolução. Não há qualquer registo de em Inglaterra ou em França tenha ocorrido nada de implacável e destruidor, como afirma. Quer apontar factos concretos (datas, etc?) pelo menos nos últimos 250 anos, sendo certo que pode ir até mais longe...
E só para sabermos do que estamos exactamente a falar.
A entrevista do Malaca é de 2008 e não de 29 de Fevereiro de 1908, embora esta última data se adeque mais ao pensamento que presidiu ao acordo...
No entanto, seria difícil que o parlamentarismo monárquico produzisse um acto como a "reforma de 1911" (ela mesma, em parte, uma resposta ao projecto de reforma brasileiro de 1907). A "reforma" de 1911 - que Fernando Pessoa* classificou de criminosa - é produto de um governo constitucionalmente ditatorial (bem como a reforma de 45). As reformas e as ditaduras parecem dar-se bem. O recente acordo do castelhano (que versa sobretudo questões de nomenclatura e meia dúzia - literal - de alterações não tem qualquer pretensão a ser obrigatório, por respeito para com os utentes. Coisas estranhas para Portugal.
"Aceção" não tem nada de lógico - mandam as regras de leitura do Português que se leia "a-ceção" e não "a-céção" como muita gente parece pensar.
São 3 grafias diferentes, sim:
1. Acordo Ortográfico de 1945. Um pseudo-acordo, já que o Brasil não o aplicou.
2. Decreto-Lei n.º 32/73, de 6 de Fevereiro (para "acompanhar" a Lei Brasileira n.º 5765, de 18 de Dezembro de 1971), mais um pseudo-acordo.
3. Acordo Ortográfico de 1990. Mais um pseudo-acordo.
Entrei na escolinha em 1944 e saí em 1948 "com distinção e menção honrosa" para o meu Professor!
Aos 76 anos não há nenhum Malaca nem ministro ou governo que me ensine a dar erros na escrita do Português.
Aos analfabetos do futuro desejo as maiores prosperidades, facilidades e imbecilidades...
A pedido de Guilherme Almeida, substituímos os eu comentário por este, corrigido de algumas gralhas (apagamos o anterior)
A nossa língua portuguesa é um fenómeno inacreditável.
Pegue-se num livro francês com 80 anos: lê-se como se fosse escrito hoje. Para
exemplificar (e ninguém me vir dizer que falo sem fundamento), tenho aqui
ao meu lado a bela "Cosmographie", de E. Catalán, cuja sexta edição data
de 1845, com a provecta idade de 168 anos (a primeira edição será certamente bastante mais antiga). Lê-se
maravilhosamente. E com prazer. Pegue-se num livro inglês com 100 anos e lê-se bem, sem grandes
transtornos.
Pegue-se agora num livro em português, de 1920 e as diferenças são
gritantes para a grafia actual. O que querem? Somos "modernos".
Mas ninguém morre por escrever "pharmacie" na França ou "pharmacy" na
Inglaterra. Mas aqui, como somos "evoluídos", e não paramos quietos com a
língua, em todos os sentidos que esta expressão possa ter, não
descansámos enquanto não nos modernizámos de "pharmácia" para "farmácia"
e outros semelhantes "progressos" fabulosos. Devemos ter ganho imenso com
isso, basta ver o nosso colossal avanço em relação à Inglaterra e à
França, países claramente muito atrasados em comparação com o nosso. Tão
atrasados que nem mudam muito a língua, contrariamente ao que acontece
connosco, que não paramos quietos, estamos sempre a querer fazer
mudanças.
E as palavras que escrevíamos como no Brasil e que agora escrevemos
diferente deles? Se se quer escrever como se fala e se nos diversos
países lusófonos se fala diferente, a grafia fica diferente. Onde está
então o Acordo? Mais valia chamar-lhe desacordo.
O Windows regista 18 variantes de inglês, 15 variantes de francês e 20
variantes de espanhol. Mas no Windows apenas há duas versões de português, PT e BR,
(enfim as mais influentes).
Estão agora a ver, os numerosos movimentos latino-americanos a exigir que
Madrid mude ao sabor da Venezuela, da Guatemala, de Cuba, do Chile, do
Peru, do México etc.? E os poderosos movimentos do Norte de África, Suiça
e Canadá a exigirem mudanças ortográficas a Paris? E que dizer do
ultimato americano, australiano, e de outros, a Londres, para unificar o
Inglês?. Mas nós, só com duas (vá lá, aceitem-se sete) versões, já
embarcámos no disparate de termos como aspeto/aspecto, exceção/excepção,
Egito, mas egípcio, etc, etc. E com a pouca lógica de truncar a etimologia sem remorso algum.
O número de falantes e o poder económico só pesam como argumentos "justificativos" para o caso Brasil/Portugal, mas já não
pesa para os Estados Unidos da América/Inglaterra. Que espantosa e
irónica coerência...
Não há latas de tinta preta suficientes para nos pintar e cobrir de
vergonha.
O que fazer?
Guilherme de Almeida
É um completo disparate dizer que o acordo ortográfico veio trazer "lógica" por aplica uma regra uniforme para todas as consoantes mudas. Só há um pequeno problema, a maior parte das consoantes afectadas não são nem nunca foram mudas.
Aliás devido à aniquilação das supostas "consoantes mudas" que de facto não são mudas, aumentou a quantidade de palavras homógrafas, que como consequência se tornaram eventualmente homófonas. Este simples facto torna impossível em certos casos distinguir qual é a palavra que se pretende utilizar tornando um texto ilegível.
Só um idiota poderia dizer que uma língua onde não possível ler é mais lógico.
Enviar um comentário