Segundo escreveu Desidério a propósito da condenação de seis cientistas pelo homicídio de pessoas que morreram no terramoto de L'Aquila em 2009:
Quando os cientistas italianos foram correctamente condenados porque mentiram à população dizendo-lhes o que cientificamente sabiam que era falso, pois sabiam perfeitamente que não se pode prever terramotos com precisão, quase todos os cientistas reagiram em defesa da classe e não em defesa da verdade. A verdade é que eles usaram o poder social da ciência para aconselhar as pessoas e em resultado disso morreram muitas pessoas.
Não. Eles não fizeram nada disso. Se há coisa de que podem ser acusados é de não terem partilhado o seu conhecimento científico, pois não abriram a boca. Nada disseram e foram usados como figurantes numa encenação levada a cabo por autoridades políticas locais e pela protecção civil. Não deviam ter deixado, é certo. Deveriam ter falado e retirado a falsa autoridade científica de quem falou em nome deles, dizendo disparates. A sua omissão é condenável, mas por homicídio é absurdo. Tanto poderiam ter falado eles, como inúmeros outros cientistas ou simples pessoas bem informadas. Porque não condena-los a todos? A decisão judicial, se vier a ser confirmada pelos tribunais superiores, é desastrosa para a ciência. Muitos cientistas sentir-se-ão inibidos de participar em comissões semelhantes e contribuir com o seu conhecimento em prol da sociedade. É um passo em direcção ao obscurantismo.
7 comentários:
A esta altura do campeonato já não devia ser novidade a tendência do indolente filosofo em basear os seus argumentos em pressupostos falsos, tudo começou porque ele nem se deu ao trabalho de ler a regulamentação absurda que foi proposta e mesmo assim achou que precisava de defender os tolos que, de tolos não têm nada, do bicho papão imaginário do cientificismo. ( E defender os tolos não é ser paternalista?)
Toda esta espiral de textos em defesa da aldrabice, mas sobretudo do ego de uma determinada pessoa, só dá mau aspecto a este blog.
Muito bem, subscrevo o post de David Marçal.
Decisão judicial absurda que qualquer cidadão medianamente informado rejeita. Só possível, talvez, porque apoiada em elaborações discursivas sem ligação com a realidade. Justiça a descridibilizar-se a si mesma.
No dilema informação de proteção civil versus ciência há de facto uma margem muito grande de incerteza, se o acalmar é importante, a alertar que o risco nunca é nulo tem de acompanhar sempre os comunicados contra os alarmistas que jogam aqui cartadas de atingirem muitos minutos de fama na comunicação social (não são 5 minutos apenas, é sempre que lançam uma suspeita têm os jornalistas à perna).
Infelizmente estar silencioso é também grave, mas daí a serem condenados vai uma grande distância, mas encontrar o ponto de equilíbrio para quem está no terreno é de uma dificuldade que só quem passou percebe. Como geólogo, ex-autarca e sinistrado em 1998, como colaborador com serviços de vigilância sismovulcânica sinto muito a situação.
Relativamente ao aspeto em apreço partilho a opinião de David Marçal. A posição de Desidério Murcho, neste particular, é excessiva e chocante.
Agora, não é desejável nem curial que cientistas se deixem usar como figurantes em encenações feitas por certos políticos...
Mas não falaram e é só mais um passo em direcção ao abismo, a tecnocracia é a ameaça, isso sim. Os cientistas são meros funcionários com privilégios momentâneos e de acordo com a agenda do Poder. Quanto mais próximos do Poder mas depressa são descartáveis por eles. Enquanto não admitirem publicamente que 90% da ciência é farsante ou tendenciosa, a única coisa que temos garantida é o retrocesso civilizacional e imposição de verdade científicas equivalentes às que antes eram oriundas da religião. O problema está sempre no Poder, no topo da pirâmide, e esses são sempre os mesmos, com uma agenda multi-milenar.
O horror! Fujam todos para as montanhas! Mas não se esqueçam do chapéu de folha de alumínio.
A ciência tem trazido muitas mortes e sofrimento humano!
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