A divisão do trabalho intelectual levanta um problema político e social muito espinhoso: é que temos de confiar nos especialistas das diferentes áreas. Eu não tenho competência para saber se o meu médico tem razão ou não; posso usar alguns sinais vagos, mas só se eu fosse médico poderia saber melhor. Do mesmo modo, não posso saber se o que me diz um físico, historiador ou matemático é verdadeiro. Quando nenhuma destas coisas tem peso nem importância política nem legislativa, trata-se de um problema menor. Mas quando precisamos de legislar porque precisamos de fazer algo, torna-se um problema político muito difícil.
A dificuldade é esta: numa democracia saudável, são cruciais os controlos democráticos. Isto significa que as pessoas precisam de saber avaliar se uma proposta legislativa responde ou não aos seus interesses. Acontece que quando a ciência está envolvida, não podemos exercer esses controlos; só os próprios cientistas o podem fazer. Isto é politicamente muito perigoso. Que podemos fazer quanto a isto? Três coisas podem ser feitas; não resolvem o problema, mas ajudam a limitar os estragos.
Em primeiro lugar, podemos divulgar a ciência, aos adultos e aos jovens, e deve haver muita diversidade neste trabalho. A divulgação da ciência é muito importante porque quem tem informação científica básica, tem uma ideia sólida de como se procede cientificamente para refutar ou confirmar uma ideia. Isto é uma defesa contra ideias que são apresentadas como científicas, mas que ao mesmo tempo querem poupar-se à crítica, ao controlo, ao teste rigoroso, sistemático, cuidadoso. Infelizmente, grande parte das ideias que circulam entre as pessoas menos informadas são ideias tolas disfarçadas de ciência. Isto só é possível precisamente porque a ciência tem hoje grande autoridade epistémica. Vende-se todas as banhas-da-cobra fazendo-as passar por científicas. A melhor precaução contra isto é uma divulgação bem feita e rigorosa da ciência e o ensino de excelência. Mas este trabalho de divulgação e ensino tem de ter também outro objectivo: dar às pessoas instrumentos para limitar o poder político dos cientistas, para avaliar criticamente as suas afirmações e para aprenderem a dizer “não”. Uma falácia recorrente nos cientistas é semelhante à falácia das pseudociências: usar a autoridade da ciência para afirmar ideias que nada têm a ver com a ciência: ideias políticas, sociais, legislativas e até filosóficas. Uma maneira de limitar o poder perigoso dos cientistas é dar mais informação e formação científica às pessoas.
Em segundo lugar, os cientistas devem compreender que, como no caso dos juízes, não basta que sejam imparciais e justos: é também preciso que o pareçam. Se as pessoas virem os cientistas apenas como mais um grupo de pressão política e social que defende os seus interesses à custa dos interesses dos outros grupos, não aceitarão o que dizem os cientistas, mesmo que estes tenham realmente razão. Quando os cientistas italianos foram correctamente condenados porque mentiram à população dizendo-lhes o que cientificamente sabiam que era falso, pois sabiam perfeitamente que não se pode prever terramotos com precisão, quase todos os cientistas reagiram em defesa da classe e não em defesa da verdade. A verdade é que eles usaram o poder social da ciência para aconselhar as pessoas e em resultado disso morreram muitas pessoas. Se isto não é um caso claro de irresponsabilidade pública, não sei o que o será. O primeiro dever de um cientista é esquecer-se que é cientista e pronunciar-se imparcialmente sobre este caso, e não em defesa dos colegas e da classe profissional a que pertence.
Em terceiro lugar, precisamos de menos, muito menos estado. O estatismo é a fonte de quase todos os nossos problemas políticos. O estatismo é dar ao estado, que é uma entidade abstracta, demasiado poder e demasiada interferência na vida das pessoas. Precisamente porque é uma entidade abstracta, é sempre uma falácia pensar que o estado nos resolve os problemas por nós. O estado é, na verdade, um poder exercido por pessoas em que não votámos, que escapam completamente aos controlos democráticos e que nada podemos fazer para despedir. Essas pessoas são os funcionários permanentes do estado: os burocratas. Muitas pessoas estão completamente desiludidas com o ministro da educação Nuno Crato, porque a legislação que emana hoje do Ministério da Educação não só nada tem a ver com o pensamento que lhe conhecemos dos seus livros, como é exactamente igual à legislação anterior — até na linguagem. É este o poder dos burocratas: quem realmente legisla sobre a educação não são os governantes, eleitos por todos nós por processos democráticos, mas antes os burocratas. Precisamos, urgentemente, de menos estado, também por esta razão. Mas também porque quanto menos poder tiver o estado, menos o poder da ciência, por via do estado, pode prejudicar-nos. Menos estado é mais autonomia; é dar às pessoas informações e deixá-las decidir o rumo das suas vidas. E isso significa que elas vão errar e prejudicar-se. Mas impedir as pessoas de aprender com os erros é como impedir uma criança de aprender a andar porque, nesta aprendizagem, a criança inevitavelmente cai e magoa-se.
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30 comentários:
Desidério Murcho,
Eu creio que o que refere para a ciência, se aplica a todas as áreas do conhecimento. E a meu ver dá demasiada importância ao conhecimento científico. Uma das coisas nefastas a que tem levado a divulgação científica, porque dá sempre uma visão demasiado optimista desse próprio conhecimento, é uma espécie de dogmatização das ideias principais que são tomadas fora do contexto e sem ideia nenhuma as suas próprias limitações (e muitas vezes sem qualquer juizo critico).
Eu não percebo porque trata a área da ciência, como se fosse algo de muito especial e se esperasse que o conhecimento científico fosse para o cidadão particularmente importante relativamente a outros conhecimentos, tais como sobre moral, ética, estética, direito, economia, política, históricos... (para mim não é razoável essa importância, mas imagino que você tenha as suas razões, que se calhar são melhores que as minhas).
Os cientistas como especialistas de área são para a sociedade em geral figuras de autoridade e aproveitam-se desse estatuto (quando isso é conveniente) e muitas vezes são chamadas a dar opiniões de coisas que não conhecem e dão a sua opinião que muitas vezes tem apenas fundamento ideológico. Fora a sua área de conhecimento são pessoas como as outras e têm as mesmas limitações que as outras. Mas isto é válido quando se trata de ciência, como seria para a história, a música, o direito, a economia, filosofia ...
Os políticos, que são eleitos para funções executivas ou legislativas, é que têm a responsabilidade e o ónus do poder. Naturalmente nas diversas áreas em que têm de actuar devem procurar aconselhamento junto dos especialistas e agir com responsabilidade (mas eles sabem disso, espero eu). E esses políticos são julgados pelo que fazem, através das eleições (embora para mim também devessem ser sujeitos ao julgamento criminal, mas creio que isso seja difícil em democracia).
Quanto ao estado excessivo, aí estou em pleno acordo consigo, embora, infelizmente,creia que a tendência é para o reforço das atribuições e competências do estado, em desfavor dos direitos individuais.
Na verdade, o autor parece que não tira as verdadeiras conclusões da argumentação que tão brilhantemente elabora. Fica-se pela argumentação. É certo, como refere, que o que se impõe é que as pessoas sejam informadas, que conheçam o máximo para poderem ter uma opinião alargada o mais possível. Quanto mais isso for conseguido, mais pessoas haverá que saibam o que é verdadeira ciência e o que são tretas. E saberão ao mesmo tempo falar com cientistas e saber apontar-lhes a conversa errónea que possam vir a "vender" num embrulho que não tem nada dentro. E saberão olhar para os cientistas sem aquela aura de mistério, falando de coisas que só eles conhecem. Afinal os cientistas são como os outros e também se enganam, mas quando se trata de assuntos provados cientificamente, isso é mesmo verdade e isso não é irrelevante para o poder político que tem que fazer leis com base no conhecimento que seja verdadeiro, pondo de lado o que não passa de treta. É o que deve fazer com leis que apoiem a medicina científica e não apoiem as tretas da homeopatia.
Quem tem o poder ou deve tê-lo, é o poder político (não os cientistas), periodica e democraticamente eleito pelos cidadãos. Quando houver um governo eleito por uma maioria adepta de tretas como a homeopatia, aí as coisas mudam. Agora ficarmos numa de que todas as maneiras de ver a coisa são aceitáveis (e são) e, sobretudo, que isso é irrelevante para o Estado é que não.
"Muitas pessoas estão completamente desiludidas com o ministro da educação Nuno Crato, porque a legislação que emana hoje do Ministério da Educação não só nada tem a ver com o pensamento que lhe conhecemos dos seus livros, como é exactamente igual à legislação anterior — até na linguagem."
Essas pessoas são aquelas que ainda tem pensamentos pré-socráticos a respeito da forma de ensinar (Dr. Guilherme Valente, Professor José Batista) e ainda bem que estão desiludidas, isso só pode significar que o Professor Nuno Crato estará a fazer o trabalho que é necessário, felicito-o por isso.
O papel do Estado suscita muitas questões, por ser o Estado o referencial, praticamente exclusivo, da lei, do poder e da justiça. Pelo menos em Portugal, tenho a percepção de que muita gente, à falta de outros critérios e referências, ou se deixa guiar pelos ditames do Estado e da igreja, ou pelo das autoridades, policiais, médicos, engenheiros, etc.. É certo que nenhum decreto do Estado responde a questões científicas, nem isso importa directamente às pessoas, mas se a lei não proibir determinado comportamento é porque o considera lícito e, para muita gente, não é preciso mais nada para pensarem que é bom ou, pelo menos, que não tem mal. Se o Estado decretasse que se matassem/deixassem morrer os deficientes e os doentes incuráveis incapazes e os idosos inválidos e todos aqueles de quem não fosse "científicamente" previsível obtenção de ganhos sociais, pelo menos em Portugal, desconfio que muita gente acharia bem porque muita gente acha que o que é legal é bom. Um dos maiores perigos do Estado é este e estamos sempre ameaçados por ele. E este perigo parece ser tanto maior quanto menor for o papel e a influência de outros poderes sociais, tais como o da religião, da ciência, dos grupos de intelectuais e de artistas independentes, irreverentes, "loucos", da cultura. Quanto menos espírito de rebanho houver, mais possibilidades existem de diversificação de vontades. Os partidos políticos têm muita dificuldade em gerir o pluralismo ideológico-social e vemos que actualmente, nenhum governo resulta de eleições bastante participadas. Com um punhado de votos da sua clientela, num clima de forte abstencionismo que devia preocupá-los muito, são eleitos. E são sempre eleitos, com mais ou menos votos, com mais ou menos lugares no parlamento, se não ganharem duas vezes consecutivas, ganham intercaladamente. Na prática, nunca perdem eleições e sabem que o julgamento dos partidos pelas eleições é daquelas tretas mais bem impingidas pela retórica e pelo folclore das bandeiras e da "clubite". Assim, embora não haja espírito de rebanho, começa a constatar-se um fenómeno não menos perigoso que é do descrédito nas estruturas partidárias e religiosas e políticas em geral. Os partidos, embora continuem a supô-lo e a afirmá-lo por princípio, não representam a vontade de ninguém, nem são expressão de vontade própria, que a não têm, sendo cada vez mais "extensões" políticas de estratégias e de poderes exteriores. E se tivessem vontade própria, nos tempos actuais, de pouco ou nada lhes serviria, porque as forças económicas, financeiras, militares, políticas, que dinamizam e "mandam" no mundo, nenhum governo de um país consegue contrariar. E por esta impotência tentam os partidos e os governos desculpabilizar-se, do que fazem mal e do bem que não fazem, embora reivindiquem sempre o mérito do que se vai realizando. Mas os cidadãos, agora mais ovelhas tresmalhadas do que nunca, não têm como se defender do ataque dos lobos. E as condições para estes proliferarem devem preocupar-nos. Daí que, nas medicinas e nas farmacologias e nos tráficos de drogas, de divisas, de armas, de metais e de pedras preciosas e de ideologias, nos contrabandos de toda a espécie, sem falsos paternalismos (o paternalismo não é necessariamente nefasto e nocivo), seja importante avaliar o que interessa e o que não interessa, o que é para comer e o que é para deitar fora. Mas, ao mesmo tempo, é necessário ter poder para fazer alguma coisa.
Acróstico para um labrego pernóstico, com aquele sentimento de tristeza já (de muitos) conhecido:
Irra, cada coisa que a gente atura!
Longe de imaginar qual seja o móbil
Da perseguição de certa criatura
Egrégia candidata ao prémio ignóbil
Forçando, em cada texto perjura
Ousada tola mal formada e tosca
Navega como perniciosa mosca
Sorrabando matéria podre e escura
O maior cromo do De Rerum Natura
"… que gente é formada nessa escola, enfim, que as ciências da educação e essa ideologia igualitarista idealizou, portanto a 'boa escola' permite que muita gente supere completamente essa desvantagem, mas mesmo que não permita que a pessoa supere completamente, este é o meu ponto, era aqui que eu queria chegar, mesmo que não permita, permite a toda a gente poder ter um futuro digno e realizar-se como pessoa, como profissional ou como cidadão..."[Guilherme Valente]
“Esta concepção – a de que cada povo seja governado pelos melhores – implica, para sua completa realização, o aproveitamento de todas as energias e exige, portanto, que todos passem pela fieira da selecção. Isto é, a proposição referente à selecção tem como corolário esta outra - todos devem ser obrigados a frequentar a escola e a ir nela até onde as suas capacidades o permitam e exijam.” [Bento de Jesus Caraça – Escola Única].
Como tudo é muito claro sr. José Batista!!! e é mais do que o senhor Julga!!!
Falando para gente séria:
Caro Desidério, na nossa democracia, para além dos problemas que refere há outros que lhe são anteriores. Por exemplo, em matéria parlamentar, as pessoas não podem livremente apoiar e propor quem as represente, e que julgassem capazes, excepto se fizerem parte de um partido e se sujeitarem ao percurso e à pratica que creio que se inicia nas juventudes partidárias. Não sou contra os partidos, naturalmente. Mas, neste momento, a democracia não serve (bem) aos cidadãos, por me parecer capturada pelas organizações partidárias, reféns, elas próprias de outros poderes, económicos, financeiros, etc...
Não penso, pois, que a participação e a cidadania se esgotem na participação partidária, que nunca me atraiu. Ora, estamos a falar de quem faz as leis. E as leis são muitas vezes (intencionalmente) confusas e mesmo mal redigidas e até contraditórias, o que as torna inacessíveis à compreensão dos cidadãos e difíceis de cumprir, em muitos casos.
Claro que depois há o "edifício" do estado com os seus funcionários permanentes. E tem que haver. Nem sequer aprovo muito as ideias de "estado mínimo", pelo menos em certas configurações. Porque encaro o estado como garante dos direitos dos cidadãos, aos quais falta, porém, o direito de não serem prejudicados impunemente por esse mesmo estado, como se passa actualmente no nosso país.
Muito menos aceito estados totalitários como tantos tem havido e há, sem ser preciso pensar numa Coreia do Norte, com um querido líder, um supremo líder ou um eterno líder, onde não é permitido senão um pensamento único, um procedimento único e uma escola única, de manipulação, horror e extermínio - que será feito dos elementos daquela equipa de futebol que há tempos perdeu sete a zero com Portugal?.
Voltando ao nosso país e aos funcionários do estado. Eles são o que são em grande parte porque os vértices da pirâmide são os tipos que são e o funcionamento cristalizado e blindado da estrutura é o que é. Mas mesmo que os vértices da pirâmide sejam ocupados por gente de bem, o corpo da estrutura funciona por inércia. Parece que Manuela Ferreira Leite, terá batido um dia com uma bengala no chão do ministério da educação, num dos pisos mais elevados do edifício, dizendo: "daqui para baixo não mando nada". Isto foi há já há bastantes anos. Por isso mesmo nunca tive ilusões sobre o que poderia fazer Nuno Crato, pessoa que estimo e admiro pela obra que dele conheço. E que, de resto, em certos aspetos, em minha opinião, até fez e fez bem. O pior é o resto. Donde não dar qualquer crédito ao discurso patético, abstruso, repugnante, mentiroso e graxista de certos pulhas, que não precisam de enfiar um saco na cabeça para sair à rua - os "sacos" são eles mesmos.
Mas isto também não é (nem tem nada de) novo.
Corrigenda para a primeira linha deste texto:
Falando exclusivamente para gente séria
É pena não querer falar comigo.
Um pouco surpreso com o que (já) não me devia surpreender acabei por me esquecer de afirmar a minha discordância relativamente a um aspeto fundamental do texto de Desidério Murcho.
Fi-lo agora em comentário ao "post" seguinte de David Marçal. Por economia de esforço não o vou repetir... Isso, obviamente, não significa menos consideração por Desidério Murcho, que gosto de ler.
Se tem limitações, olhe que cada vez parece menos. Pois o que não é científico é segregado para os fundos de um qualquer charlatanismo.
Se a homeopatia vier a ser explicada e reconhecida como ciência, como é? Como ficam os cientistas e estas bocas de quem desconhece o que está a falar e fala em 2ª mão? Digo não à Tecnocracia, é o fim das nossas liberdades.
Seja como fôr, a ciência está a legitimar o vazio deixado pelo abandono organizado da filosofia. Claro que isto de cair no neopaganismo não pode acabar bem.
Parabéns pelo seu artigo caro Desidério Murcho, tanto pelo conteúdo como pela relevância do assunto. Provavelmente é o seu melhor artigo, entre aqueles que eu já li.
Vasco, preocupa-me a ciência porque é a grande ameaça actual à democracia, e não a filosofia. Os cientistas têm o poder do estado do seu lado, têm o poder dos grandes laboratórios, têm o poder militar. Os filósofos não têm tal poder. Se o tivesse, seriam igualmente perigosos, como o foram os religiosos no passado.
Assim, eu concordo consigo que é crucial, importante, dar uma boa formação e informação filosófica à população, nomeadamente nas áreas mais práticas da filosofia (filosofia política, ética, filosofia da economia, lógica). Na verdade, uma das coisas que me assusta é a ignorância política e ética de muitos cientistas que têm muito poder político e social, pois as mais das vezes defendem sem saber ideias filosóficas que praticamente nenhum filósofo da área aceitaria porque já lhe conhece as limitações e dificuldades, para não falar das consequências sociais, políticas e humanas nefastas.
É uma facto que os cientistas têm hoje em dia algum poder, e a opinião pública tem uma curiosidade saudável, pela ciência. Mas não me parece que a nível institucional tenham assim tanto poder.
Mas tenho num ponto tenho de concordar consigo, o conhecimento filosófico na nossa sociedade (incluindo os cientistas), está um pouco por baixo. Os cientistas, de um modo geral, estão muito focados na sua área de especialidade e quanto ao restante conhecimento (incluindo áreas de ciência que não estejam próximas do seu interesse), normalmente, não mostram grande inquietação, e as suas opiniões são correspondem quando muito ao "mainstream" (e lugares comuns), sem muito juízo critico. Mas isto também é um reflexo da crescente especialização que afecta todas as áreas do conhecimento, resultando nalguma perda de noção da globalidade.
para mim basta esta constatação para lhe dar toda a razão : nunca os governos foram tão assessorados por tantos especialistas cientistas xpto , com cortes radicais e epistemológicos com o tradicional comum /bom senso , construído ao longo de milhares de anos de vivências , e nunca o futuro pareceu tão negro.
Este Ildefonso deve confundir o Bento de Jesus Caraça com o Papa. Será pela coincidência de nomes? Como se aquilo que BJC escreveu tivesse hoje a mínima aplicação, num mundo que nada, mas mesmo nada tem que ver com o mundo desse grande peda-demagogo.
Sempre me interroguei, porque sendo a filosofia a mãe de todas as ciências, não é incluída nos conteúdos disciplinares do percurso académico. Tanto que se fala da ética e da experimentação nos vários campos científicos, e nunca se ensinou filosofia a estes profissionais. O que esperavam? Que ante a curiosidade da descoberta, estes senhores parassem para pensar se deviam ou não prosseguir? Procurassem aconselhamento e contra-argumento? Há falta de estruturação e organização, infelizmente só, nós público, notamos quando algo não corre como era suposto. Em ciência, maus resultados também são resultados, e há que os discutir e tirar conclusões deles, para conseguir solucionar o problema de forma mais eficaz doutra feita. Quando a ciência trabalha para a sociedade, só é natural que a sociedade não vire as costas à ciência. Por favor, notem que me dirijo a todas as ciências sem excepção - política, economia, física, química, biologia, etc.
Caro Anónimo;
Quanto ao nome do Professor Bento de Jesus Caraça, posso esclarecê-lo com as palavras do próprio:
"P.S. Um articulista de Beja descobriu, numa hora de ócio, que há uma grave contradição entre o meu nome, tão católico (sic) e o meu ingresso nas hostes diabólicas (re-sic). Que quer, amigo? fui baptizado à pressa e com um escasso mês de idade. Razões pelas quais os padrinhos se julgaram dispensados de me consultar..." BJC.
Tudo o que o resto que o senhor Anónimo escreve é apenas fruto de egoísmo...
Egoísmo primário.
É egoísmo daqueles que vivem num país onde não existe a guerra e fome, que podem criar e educar os seus filhos confortavelmente, a miséria dos outros é só um filme de ficção!!!
Que exista no mundo fome lado a lado com a abundância e o desperdício isso é tudo normal... é só um problema que apenas diz respeito aos outros, e que bem vistas as coisas até é preciso que existam as misérias de uns para que não faltem as mordomias de outros! e quem não percebe isto e por isso se indigna é Demagogo! Tenha Juizo! Tanta falta lhe faz.
sr. José Batista;
Acalme-se lá um pouco. É que uma qualidade das pessoas sérias é não deformam nem deturpar, e é isso, o que o sr. José Batista faz uma vez mais no seu comentário a respeito da Escola Única no seu comentário. Que bela seriedade a sua!!! guarde-a bem (a sete chaves) não vá perde-la!!!
Fique uma vez mais com a transcrição acerca da Escola Única, e que o sr já bem conhece, e que atesta bem a sua seriedade.
"A concepção que orienta a Escola Única é, como resulta da definição que acabamos de dar, a da abolição de privilégios perante a cultura - privilégios de sexo, privilégios de dinheiro, privilégios de crenças. A natureza humana é una e todo o ser humano é, por consequência, portador dos mesmos direitos; a todos deve, portanto, ser proporcionada a completa aquisição dos conhecimentos que lhe permitam viver dignamente a vida, conforme as suas capacidades - uma só condição, uma só dignidade, uma só escola."[conferencia BJC - Escola Única]
“Devido à irresponsabilidade dos governos, ao populismo dos parlamentares e à cobardia dos docentes, a universidade degradou-se para além do razoável” (Maria Filomena Mónica, “Público”, 08/12/2003).
sr. José Batista;
Transcrevo da autoria de Maria Filomena Mónica, um pouco, do que pode ler neste link:
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223996537J4mEJ0mb1Tn90RZ7.pdf
“A escola única, defendida sobretudo pelos republicanos, tinha fundamentalmente em vista três objectivos: a igualdade e a gratuitidade de acesso à instrução, o estabelecimento de um sistema educacional laico e a criação de um sistema de orientação vocacional. Todas as crianças, ricas ou pobres, rapazes ou raparigas, da cidade ou do campo, deviam gozar das mesmas oportunidades educacionais. A escola única permitir-lhes-ia «subir aos postos superiores da sociedade, consoante as suas faculdades e aptidões»*, o que beneficiaria não só o indivíduo, mas também a sociedade. Numa palavra, a escola única era o cadinho de todas as classes, a partir do qual a harmonia social progressivamente emergiria.
Fora este o sonho dos homens da revolução de 1910, daquele legislador que garantia que os Portugueses não tardariam a transformar-se numa «colmeia» e a, pacífica e diligentemente, «unindo a força dos seus músculos, a seiva do seu cérebro e os preceitos da sua moral», criar uma nova pátria**. O sonho radical da escola como primeiro agente da igualdade estava no cerne da ideologia republicana.”
*A República de 18 de Agosto de 1933.
**Lei promulgada em 29 de Março de 1911 reestruturando todo o sistema educacional (citada em J. S. Sampaio, O Ensino Primário em Portugal (1911-69), Lisboa, Instituto Gulbenkian de Ciência, 1975.
Mais sr. Batista;
“Marcello Caetano baseava a condenação da escola única numa curiosa teoria sobre a origem da inteligência. Não só acreditava na diferença inata das capacidades individuais, como sustentava que «as ideias, as noções, as experiências vão-se elaborando através de umas poucas de gerações até florir em determinada altura, na pessoa de um dos membros da linhagem [...]; a gestação duma inteligência superior é trabalho de muitos anos, de séculos até». O mérito e a classe social encontravam-se, assim, intimamente relacionados; a estrutura social, divinamente instituída, tinha um fundamento psicológico. Pensar bem requeria um prolongado exercício mental e uma preparação estranhos às classes inferiores; por conseguinte, ao nascer nelas, uma criança só muito dificilmente conseguiria ascender na escala social. Deste modo, Marcello Caetano reconhecia, e aceitava, o papel que os factores sociais desempenhavam no desenvolvimento intelectual, mas para negar a possibilidade de mobilidade ascendente. Nas suas próprias palavras, «uma criança inteligente, filha de um operário hábil e honesto, pode, na profissão do seu pai, vir a ser um trabalhador exímio, progressivo e apreciado, pode chegar a fazer parte do escol da sua profissão,e assim deve ser». Cada classe possuía a sua hierarquia interna, nos limites da qual o mérito contava. Num sentido mais lato, porém, o status era herdado.
Nestas condições, a escola única acarretaria desastrosas consequências para os indivíduos que através dela se promovessem. Filho de operário que «subisse» por intermédio da «escada educacional» pagava um alto preço: «Seleccionado pelo professor primário para estudar ciências para as quais o seu espírito não tinha a mesma preparação hereditária que tinha para o ofício, não passaria nunca de um medíocre intelectual, quando muito um homem sábio, mas incapaz de singrar na vida nova que lhe
[haviam indicado] sem o ouvir.»*”
*A Voz de 24 e 26 de Janeiro de 1928.
Amen.
O senhor Ildefonso é tão mas tão ridículo que nem merece resposta.
Fique lá com os seus sonho húmidos com o professor doutor arquitecto e engenheiro, o grande, o magnífico, o enorme Bento de Jesus Carcaça.
E egoísta era a sua mãezinha que só pensou nela quando deu à luz tão pestífero rebento. Não pensou na poluição que ia colocar no mundo.
Não acredito! Conseguiu fazer uma citação sem ser do Bento de Jesus Carcaça? Está melhorar. Um dia chega lá.
Ui, o que para aqui (não) vai... Como se eu o lesse.
Que se há-de fazer?
Sursum corda!
Esconjuro décuplo
ildefonso é abaixo de burro
lapuz é o que o ildefonso é
doido, o ildefonso casmurro
ele, o iIldefonso de má fé
fixo, o ildefonso palonço -
o ildefonso que não pensa .
não se suporta o ildefonso
sarnoso ildefonso se dispensa
o ildefonso é fedor que se adensa
Uff!
Com desconforto escrevi isto. De caminho vou tomar banho e fazer umas abluções.
ildefonso, o chato, não pensa
só sabe com o fura-bolos copiar e colar
transforma tudo em prosa intensa
o que outros decidiram defecar
de Jesus Bento não perde sentença
nem, ó paciência, cessa de carcaçar
Ó suma seca, ó deuses, ó ciência
metam o ildefonso contra o muro a marrar.
sr. batista;
Dou por terminada esta minha participação no DRN.
Não voltarei a comentar no blog, e termino com uma frase que li no Professor Rui Baptista.
"Como escreveu o sempre por mim citado Eça, "não é um vencido que se retira - é um enfastiado que se safa"!"
"Não é um enfastiado que se safa, é um chato que desampara a loja."
Bento de Jesus Carcaça
Pergunta:
Devem as pessoas comuns preocupar-se com indivíduos importunos, inconvenientes, mal intencionados, oportunistas, traiçoeiros, graxistas, obsessivos e mentirosos?
Fui obrigado a pensar que sim. Mesmo tratando-se de medíocres, desprovidos de escrúpulos. Precisamente por isso.
Apostila 1
Mensagem/apelo:
- a familiar(es) do ildefonso, acaso viva(m) com ele ou com ele tenha(m) qualquer tipo de contacto;
- a amigos do ildefonso, no caso (que a mim me parece) improvável de ter algum;
- ao médico assistente do ildefonso, caso ele não tenha desistido do paciente;
- a instituições de apoio psico-social, de caridade ou outras, que tenham particular capacidade, técnica ou simples vocação e paciência;
- a todos os autores e leitores do DRN.
Olhemos o ildefonso como alguém desocupado, mas único e original (como toda a gente…), e muito mais que isso: um indivíduo com uma “escola única”!, a quem é preciso considerar a síndrome (cujo nome desconheço), descontar a polaridade e, nos casos possíveis e aplicáveis, e conforme a situação, regular a medicação, o repouso ou o eventual uso de substâncias alcoólicas ou psicotrópricas.
Como está, o ildefonso não me parece bem e não vai acabar bem.
Apostila 2
Declaração para memória futura:
Cada um é responsável pelos amigos que “escolhe”. Mas ninguém é responsável pelos familiares que tem.
Os familiares do ildefonso, se existirem, despertam-me um genuíno sentimento de compaixão e solidariedade. Lamento o seu infortúnio.
Para eventuais descendentes do ildefonso lembro que ninguém escolheu os pais que tem. E, como ouvi em menino, lá na aldeia onde me criei, “[até] de um mau ninho sai um bom passarinho e de um bom ninho [muitas vezes] sai um mau passarinho”. Os parêntesis são meus. Por mim nunca condenaria nem desconsideraria alguém só porque tem ou teve um pai “doente”, mal formado ou velhaco. Cada um vale por si, e é por si que tem que responder. Isto no caso de não ser, como direi… “ildefonsável”.
Apostila 3
A brincar a brincar, mas com tristeza e enfado, tentei falar muito seriamente nas anteriores apostilas 1 e 2.
Cordialmente.
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