Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas (...) assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que a violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes.
Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária (...)
Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios (...).
Entretanto, [os governates] com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva (...) luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
A "ração diária das crianças e dos adolescentes"
Uma colega, psicóloga e professora de psicologia, com quem costumo partilhar apreensões sobre as consequências da educação que estamos a proporcionar às novas gerações um pouco por todo o Ocidente, enviou-me um artigo de opinião da autoria do médico psiquiatra Pedro Afonso. Vindo a lume em 2012, no jornal Público, estará um pouco desactualizado em virtude da deterioração das condições económicas, mas, no essencial, traduz o que observamos de modo cada vez mais acentuado na universidade.
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6 comentários:
Assim os "alimentamos". Assim os "construímos".
Assim os temos. E sofremos. E sofreremos.
Semideuses e semidemónios. Ou Deuses. Ou Demónios. Ou ambos. À vez ou alternados. Por vezes...
E ainda agora é o princípio.
Oxalá muitos me desmintam.
E a realidade também. Categoricamente.
Perdoem-me a intromissão de algo tão pessoal, e daí o anónimo. Bebia café na esplanada do costume, e vejo uma antiga professora a caminhar na minha direcção. Que maravilha! Conversámos muito, e com muito prazer da minha parte. Como boa professora, sempre uma excelente ouvinte. A pergunta que lhe coloquei, surgiu naturalmente do curso da conversa - "Como cativar o jovem, para um tema de sala de aula, que está saturado em todos os seus sentidos de informação?". A resposta foi bela e sábia (não tenho palavras para descrever a postura e a serenidade) - "Existe, actualmente, uma grande violência contra os jovens e as crianças. Estão permanentemente rodeados de sons e ruídos, imagens, vídeos, e muitas outras coisas. Temos de ter a sensibilidade de lhes dar o respeito que lhes foi tirado."
Falámos ainda muito mais, mas esta questão do respeito ficou-me.O respeito verdadeiro e humano, pelo ser que está a olhar para nós e nos ouve. E que naquela sala, durante aquele breve período de tempo, até poderá ser o único momento do dia, de entre uma série de dias, que são respeitados.
Só queria partilhar isto, obrigado.
Aos dois leitores:
Entendo, tal como a professora referida, que o respeito pelos alunos é central na educação.
Não no sentido de acolher os seus desejos aleatórios e momentâneos, mas no sentido de os entender como pessoas que tem o direito de aprender o que de mais relevante se lhe pode proporcionar, sendo que para isso têm de ser ensinadas.
Ensinadas, não manipuladas. A diferença nem sempre é óbvia, mas é fundamental.
Cordialmente,
MHD
(...) assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que a violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes.
Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária (...)
Penso que em todo este processo de "estupidificação" (consciente?) de massas, há uma desresponsabilização dos fautores/guardiões do conhecimento e da cultura (a Escola, por exemplo). Mas como é possível resistir a esta "vaga imensa" que nos invade a casa?
(Joaquim Gil)
Aprendendo a dizer não.
É preciso voltar a saber valorizar o sentido e a palavra "sacrifício" no estrito âmbito pessoal, em vez de projectá-lo nos outros, sob a forma de violência e chacinas. Eis porque o Cristianismo trouxe avanços em relação ao Paganismo.
Ceder à chantagem de uma suposta competição para o abismo afigura-se fraca solução,
O "Não" que desfaz o consenso patológico é o que falta. O sentido da vida e das coisas não pode ser do âmbito do científico, a mera incapacidade de Pensr mata estes sentidos. Só os nadas estão plenos de substância e quem não suporta o silêncio cai sobre o abismo.
A escola tem os dias contados, é uma seca total e corrupta, não serve para nada.
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