terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O que é um clássico?

Em diversas ocasiões, tem-se questionado, neste blogue, a tendência de afastamento dos livros clássicos da educação escolar. Mas o que é um clássico? Apresentamos uma resposta. Uma resposta, certamente, entre outras.


Ítalo Calvino Calvino, na sua obra Porquê Ler os Clássicos? (Lisboa: Teorema, 2002) diz que um clássico “é um livro que nunca acabou de dizer o que tem a dizer”, atravessa as épocas, os leitores e as leituras, sem que a mensagem se esgote ou perca actualidade.

Um clássico oferece pensamentos capazes de gerar pensamentos. Alguns desses pensamentos geram novos clássicos.

Um clássico é o registo do conhecimento e da sensibilidade humana e, como o conhecimento e a sensibilidade humana são inesgotáveis, não se esgota, renasce, cria-se e recria-se...

Um clássico mantém a sua vitalidade apesar de todos os revezes que possa sofrer.

Um clássico deixa ouvir uma constante música de fundo, que estabelece um ponto de equilíbrio do passado com o presente e exige que este seja o ponto a partir do qual o olhar do leitor se movimenta.

Um clássico pode ser sedutor ou exasperante conforme o envolvimento do leitor: seduz pelo desafio, pela beleza ou por outra razão que nele encontramos; exaspera porque nos confronta com a nossa ignorância e incapacidades.

Um clássico acalma-nos, perturba-nos, interroga-nos, desafia-nos…

Um clássico transcende o que entendemos por bom ou mau; é independentemente dos juízos que convoca.

Todos os clássicos exigem tempo, o nosso tempo, o pouco tempo que a vida nos concede.

A questão é se estamos dispostos a reservar algum desse tempo para ler, desbravar, apreciar os clássicos e dá-los a ler, desbravar e apreciar.

Helena Damião e Ana Grave

3 comentários:

Cláudia S. Tomazi disse...

Clássico

Há livros que de tempos, sabem amar
abrem ondas em suspiros sem exaurir
que feito espuma flutuante sobre o mar
tornam-se Clássicos inspirados por fluir

Neste silêncio a saber sussurra o vento
e fora livro, com seu tempo por bramir
do intento que a ação soubera ser amor
sendo Clássico cuja razão o faz existir

Livro é posto que leio ou se li, já é lar
no pensamento fora ler é do constante
e o presente por constante o é de saber

sê-lo a ter quando o Clássico por ler
Saber-se-ia o ser pensante que é mar
quando silêncio navegado fora amante.

Anónimo disse...

Como professora de português, estou disposta, e com todo o prazer, a reservar todo o tempo para “dá-los a ler”. A questão que se pode colocar é a da escolha desses clássicos a integrar na lista a constar nos programas nacionais. Para além de que, posteriormente, seria necessário estabelecer comunicação com as editoras, pois na realidade nua e crua o professor debate-se com a luta perdida de trazer para a aula livros, ou mesmo excertos de livros, porque as famílias não têm poder de compra e há que cingir-se ao que vem no manual… um trabalho crasso, mais um desafio para crato?! Por mim, o livro de Ítalo Calvino ficava já aqui apurado. Ele diz certo, e com aquela beleza que não deixa ninguém indiferente...!
HR

Anónimo disse...

Curiosidade Classista:

Biblioteca Teubneriana, ou Teubner edições de Grego e Latin os textos, compreendem a coleção moderna a mais completa publicada sempre (e algum medieval) da literatura Greco-Roman antiga. A série, cujo o nome cheio é Biblioteca Scriptorum Graecorum et Romanorum Teubneriana, consiste edições críticas conduzindo a scholards. Hoje, os únicos riscos publicando comparáveis, produzindo edições scholarly authoritative da referência de autores antigos numerosos, são Textos Classical de Oxford e Coleção Budé (cujos os volumes incluem também traduções francesas da revestimento-página com notas). Biblioteca Classical de Loeb.

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