sexta-feira, 26 de agosto de 2011

SUPERCOMPUTADORES ORIENTAIS


Minha crónica no "Sol" de hoje:

O mundo está a mudar, com o eixo do crescimento económico a deslocar-se do Ocidente para o Oriente. Como hoje a economia resulta em grande medida do conhecimento científico, não admira que o eixo desse conhecimento esteja também a mudar para o Oriente. Prevê-se que por volta de 2016 a economia da China ultrapasse a dos Estados Unidos e prevê-se ainda que, antes desse ano, o número de artigos científicos chineses ultrapasse o dos americanos.

Quem tem mais e melhores instrumentos pode fazer mais e melhor ciência. E o computador é hoje um instrumento essencial em todas as áreas da investigação científica e tecnológica. Um bom indicador do crescimento da China na ciência é, por isso, o número de computadores chineses na lista top 500 dos supercomputadores em todo o mundo: são já 61. E, nos cinco lugares da frente, têm duas máquinas, que partilham o pódio com duas máquinas japonesas e uma só americana. Até Junho passado a China dispunha mesmo do maior supercomputador mundial, o Tianhe-1, situado em Tianjin. Essa máquina foi então ultrapassada por outra japonesa, chamada simplesmente K, em Kobe, que tem um poder de cálculo equivalente a um milhão de computadores pessoais e consome a energia equivalente a dez mil lares.

Como se fazem e para que servem os supercomputadores? Os supercomputadores constroem-se, actualmente, juntando milhares de processadores que trabalham em paralelo. Os computadores, em geral, e os supercomputadores, em particular, efectuam simulações, isto é, obtêm modelos do mundo, cujo conhecimento nos permite antecipar o futuro, por exemplo conhecer o tempo que vai fazer amanhã, ou o clima nas próximas décadas. De facto, o boletim meteorológico que vemos na televisão ou nos jornais resulta de supercálculos. Por sua vez, para saber ao certo como será o clima daqui a meio século, supondo diversos cenários económicos, é necessário ter mais poder de cálculo do que existe hoje. Por ocasião do Tratado de Quioto, em 1997, começou a ser desenvolvido um supercomputador japonês que esteve no topo do top 500 e que se destinava a prever o clima da Terra. Hoje o K bate-o, mas não chega. Quem tiver mais poder de cálculo conseguirá saber melhor como vai ser o dia de amanhã e, portanto, estar mais prevenido. O filósofo inglês Francis Bacon disse que “saber é poder”. Ora esse processo acontece cada vez mais em duas fases: saber é prever e, evidentemente, prever é poder.

Portugal não aparece na lista do top 500, mas tem crescido nessa área. Está em curso a substituição do supercomputador Milipeia da Universidade de Coimbra por outro bem mais poderoso. A nova máquina, tal como a anterior, vai estar aberta à comunidade científica que precisa de cálculo intensivo. Em Portugal também se vai poder mais…

3 comentários:

Cláudia disse...

O dia que pegarem o padrão de condições físicas em cada planeta,(cada planeta é força de exagero) digamos um, ou outro, e construindo posibilidades, alternando variáveis e padrões físicos/químicos para a pré-disposição de elementos de atmosfera e minério, que possibilitem suportar ou integrar "vida" considerando bactéria ou, N ainda, desconhecida e é facto de muito por aprender, então para que outro planeta contribua mediante procedentes cálculos que simulados da possibilidade enquanto fenômeno, considerando a transformação necessária de propriedades "característica" do próprio que em tese poderá ser habitável, mediante transformação, então talvez ter fiado na possibilidade da maquina computador fruto da evolução aliada ao criacionismo. Quando os chineses estiverem neste patamar, o que são necessárias não só idéias, mas fôlego de quem potencializa conhecimento por universidade, então o ocidente que se cuide.
Haverá quem se tome de riso, mas a humanidade tem mais a provar, por tentativas que deram certo, os portugueses que o digam.

Anónimo disse...

A utilidade dos supercomputadores para prever “…o futuro, por exemplo conhecer o tempo que vai fazer amanhã, ou o clima nas próximas décadas…” é, como exemplo, pouco feliz, no sentido em que foi exactamente um meteorologista que descobriu que as equações que modelam o comportamento do tempo, resolvidas por métodos iterativos, são do tipo de “alta sensibilidade às condições iniciais” dando resultados a longo prazo cuja única garantia é a de estarem dentro de certos limites, desde “um máximo de calor e vento zero a um mínimo de frio e ventos ciclónicos” limites esse eventualmente calculáveis. Daí, aliás, o dito de que “um bater de asas duma borboleta (num sítio) ‘provocar’ uma tempestade (noutro sítio)”.
Apesar de tentar pela “força bruta” a previsão do tempo à custa de milhões de dados capturados “agora”, pela sua natureza matemática, o longo prazo com precisão raramente é citado mas parece andar pela dezena de dias embora a “garantia” de previsão de limites possa ser bastante maior.
A simulação de actividades em paralelo como parece ser a actividade cerebral, por exemplo, é um dos campos em que a “super computação” poderá ser determinante (somos muito bons em reconhecimento facial mesmo com alterações, com a nossa capacidade de processamento em paralelo do feixe óptico de cada olho que é, no entanto, difícil de programar).

Cláudia disse...

Com relação ao feixe óptico e tao tenho certeza mas, sem precisar a fonte de qual li, vi ou ouvi ou que até ocorreu-me, enfim que o olho através de lágrimas, ou seja em cada criatura humana cujo sofrimento, piedade, tristeza ou alegria e que inclua-se o louvor, sentimentos de emoção em que há expressão cuja secreção de inegável verdade por lágrimas na face (excluindo-se encenações, e que bem haja por enlevo de profissão) então pois que revelam um prisma, e deixo a questão, seria o arco-íris na rota de tantos sensíveis olhares?

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