quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Biblioteca Joanina mostra tesouros da Royal Society


Artigo de António Rosado publicado em "As Beiras" no passado dia 26:

É de valor incalculável o bloco de magnetite (escondido por baixo de uma coroa de metal) que pode ser contemplado, desde ontem (25), na Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra (UC). Com 12 quilos de peso, funciona como um íman que suporta até 50 quilos. Pertencente ao Museu da Ciência da UC, esta preciosidade integra durante três meses a exposição sobre os 25 cientistas e diplomatas que, nos séculos XVII, XVIII e XIX, fizeram parte da mais antiga sociedade científica do mundo, a britânica Royal Society. O magnete foi oferecido pelo imperador da China a D. João V, na primeira metade do século XVIII, e foi montado por um instrumentista inglês membro da Royal Society. Serviu para experiências da área da Física.

Um dos mais proeminentes professores de Física da UC, Carlos Fiolhais, é o comissário desta exposição, até porque também exerce o cargo de diretor da biblioteca. Explica que esta mostra pretende assinalar os 350 anos da existência da Royal Society, concebida por 12 sábios britânicos, que recebeu depois a chancela real de Carlos II de Inglaterra, o monarca que casou com a portuguesa Catarina de Bragança. Por esse motivo a exposição também integra uma carta escrita, ainda em Portugal, pela mão da rainha e dirigida ao seu marido.

Por entre os mais de 60 mil livros antigos, anteriores a 1830, que existem na Biblioteca Joanina – em três pisos, incluindo o da antiga prisão, também recentemente aberta ao público –, encontra-se ainda o livro de 1441 páginas, manuscrito pelo Marquês de Pombal, onde constam os Estatutos da Universidade. Está obra não via a luz do dia desde 1990, data em que se comemoraram os sete séculos da universidade.

Com a abertura dos dois pisos inferiores da Biblioteca Joanina aos visitantes, passa a ser possível fazer a circulação direta, pela zona das escadas de Minerva, até ao auditório da Faculdade de Direito. Carlos Fiolhais afirma que este percurso exterior – com obras em curso, que incluem o pátio, no valor de 800 mil euros – dará um novo impulso ao turismo cultural da universidade. Aliás, este ano já se registaram mais de 300 mil entradas, um aumento de 60 por cento relativamente ao ano passado.

1 comentário:

Anónimo disse...

A CARTA

Para essa carta enxergar
da Rainha portuguesa
vale a pena, com certeza,
a exposição visitar:

uma carta tão rendida,
tão burilada, tão fina,
tão gongórica, fingida,
que de pronto se imagina
só poder ser redigida
por uma alma feminina!

Em face do soberano,
tanta esperança frustrada,
tanta ilusão terminada
em penoso desengano!

JCN

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