Em post anterior apontei um erro grave do GAVE num exame nacional de Biologia e Geologia. Claro que tenho a certeza que os professores de Biologia e Geologia, individualmente ou através da sua associação, têm feito o seu melhor em circunstâncias que não são nada fáceis. Decerto que a grande maioria se apercebeu de que aquilo que o GAVE propugnou não faz sentido. Só num ambiente educativo degradado, onde o saber não é reconhecido como central, se pode fazer passar por constante o que é, evidentemente, variável.
Fico, porém, com a sensação de que a opinião pública, à qual o erro passou despercebido, não é sensível a erros como este em provas de ciências. Mas aqui o erro é do tamanho de uma porta pois dizer que é constante a taxa de desintegração de um isótopo radioactivo, uma função que varia muito rapidamente (função exponencial), é, mal comparado, como dizer que "Os Lusíadas" foram escritos não por Luís de Camões mas, por exemplo, por Eça de Queirós. Alguém acha que se isso tivesse acontecido não teria sido feita rapidamente uma emenda em vez de se ter assobiado para o lado? E que os autores da asneira, em úiltimo caso o GAVE e quem o tutela, não teriam sido de imediato responsabilizados?
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5 comentários:
É por esta mesmíssima razão que, nesta sociedade actual feita de ciência e tecnologia (em que as funções exponenciais são comuns), é urgente aumentar a literacia científica de todos nós. É um direito que devemos exigir porquanto consagrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem (Artigos XXVI e XXVII)e, apesar de indirectamente, na Constituição Portuguesa (Artigos 42º, 43º e 73º.
António Piedade
Ninguém de errar está livre;
só que ha erros tão gritantes
que se tornam revoltantes:
tudo é questão de calibre!
JCN
Caro Professor C. Fiolhais:
Infelizmente não posso partilhar a sua convicção relativamente às associações de professores. Porque conheço o que afirmam certos professores de disciplinas tão díspares como história, matemática ou biologia, que tenho por muito competentes, relativamente às respectivas associações/ordens profissionais. E tenho muito vivo o que se passou comigo quando se colocou em discussão o projecto do actual programa de biologia e geologia do ensino secundário. A minha estupefacção foi tão grande, face ao que se propunha como programa para a parte de biologia do ano I, que apelei a que a ordem dos biólogos se opusesse à sua aprovação. Debalde. Lembro-me que troquei, na mesma altura, via "mail", abundantes argumentos com o então presidente da associação de professores de biologia e geologia, Dr Aires Alexandre, com o mesmo resultado. E o projecto de programa passou a programa, programa que está ainda em vigor.
E, tal como então, choca-me o modo como os conteúdos, especialmente os de biologia, (não) estão entrosados, a sequência proposta, as sugestões de abordagem, etc. E isto não é meramente subjectivo, porque todos os colegas com quem trabalho, quando temos que nos sentar para programar as actividades lectivas, reconhecem tal programa como uma "impossibilidade".
E o problema não é um problema, são dois, a saber: 1º Os professores têm receio de assumir as suas perplexidades e críticas; 2º Mesmo que exponham umas e outras esbarram com um muro de silêncio, às vezes acompanhado de atitudes de sobranceria e desprezo.
Partilho em absoluto das reflexões de José Batista da Ascenção. As associações de professores foram, há muito, tomadas pelo eduquês e como tal muito têm contribuído para a ideologia imposta à escola pública e a uma boa parte da pública. Se alguém tiver dúvidas é só consultar o linguarejar da associação de professores de matemática (http://www.apm.pt/portal/index.php). Como exemplo leia os pareceres sobre as provas de aferição (seja lá o que isso for) e dos exames nacionais.
"Em post anterior apontei um erro grave do GAVE num exame nacional de Biologia e Geologia"
Apontou? Não! Reproduziu a denuncia de uma professora. Denuncia essa que já havia sido aqui feita neste mesmo blog há vários dias. Isto de ficar com o crédito dos outros...vícios.
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