sábado, 17 de janeiro de 2009

Profissões


Última coluna do médico José Luís Pio de Abreu no "Destak":

A avaliar pela procura, a profissão de médico é a mais desejada pelos jovens portugueses. Pura ilusão, porque não imaginam a vida de stress, trabalho e danos que vão ter. Claro que o domínio da doença, da loucura e da morte lhes dá algum poder.

Poder por poder, podiam antes ser magistrados, juizes, advogados, políticos, jornalistas ou psicólogos, escolhas estas que, apesar da sinuosidade das carreiras, também entusiasmam os estudantes portugueses. A grande vantagem é verem-se livres da Matemática, em que muitos tropeçam no secundário.

Economistas, gestores, arquitectos e profissões baseadas na ciência não podem fugir dos números. É verdade que muitas universidades amenizam o seu ensino, mas quem sofre com isso é o desempenho profissional. Já as engenharias exigem conhecimentos mais profundos, para mal dos habilidosos que não sabem fazer contas. Com todos estes traumas, poucos desejam ser matemáticos profissionais.

Recentemente, o Wall Street Journal publicou a lista das melhores profissões nos Estados Unidos, atendendo a critérios como qualidade de vida, oferta de emprego e remuneração. Em primeiro lugar estava a profissão de matemático, logo seguida pela de actuário e estatista, duas outras profissões que aplicam a Matemática.

Este facto diz muito sobre o país que criou Obama e mais nos diz sobre o futuro. No dia em que, entre nós, a inteligência for mais valiosa que o poder, talvez seja a altura de os jovens começarem a treinar bem cedo os números e as fórmulas. Um pouco à maneira de Cristiano Ronaldo quando corria com pesos nos pés.

J. L. Pio Abreu

4 comentários:

Rui leprechaun disse...

Claro que o domínio da doença, da loucura e da morte lhes dá algum poder.

Oh tão fantástica ilusão... há só o poder de servir o meu irmão... sempre e sempre até mais não!

Mas sou irmão de mim próprio... sirvo-me assim sem opróbrio.

Pois só o que tenho dou...

Rui leprechaun

(...e possuo quem EU SOU! :))

Anónimo disse...

«Poder por poder, podiam antes ser magistrados, juizes, advogados, políticos, jornalistas ou psicólogos, escolhas estas que, apesar da sinuosidade das carreiras, também entusiasmam os estudantes portugueses.»

Entusiasmam uns quantos, mas oferecem perspectivas muito piores ao nível da empregabilidade. E os jovens, hoje em dia, dão muita importância ao factor empregabilidade. Aqueles que têm uma excelente média são até aconselhados (pela família) a ingressar em Medicina, mesmo que um bocadinho de sangue os deixe agoniados.

Há até vários jovens que, antes de ingressarem num curso, certificam-se de que os vencimentos dos profissionais que se encontram no mercado de trabalho são suficientemente elevados para merecerem o investimento no curso.

Basicamente resume-se a: quanto vale o conhecimento? Sendo que os valores são os que o mercado de trabalho.

Anónimo disse...

Sou matemático e gosto de ser matemático, mas a metodologia do artigo no WSJ é ridículo. Por exemplo, ela considere actividade físico e contacto com o publico sempre maus.

Elísio Alfredo disse...

Pois é, concordo com o último comentário, o do mattheath, este artigo só podia ter saído do Destak, lido por quem nem sequer tem tempo de o remoer, quanto mais digerir, as mais das vezes ainda a dormir, lê as 3 primeiras linhas e passa adiante, que se faz tarde... Ou estamos nós enganados, ou o ensino no país referido tem de ser, no momento actual, na sua generalidade, uma grande chachada, digna dos ocupantes do nosso ME... Foi lá que tirocinaram? E então?

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