terça-feira, 20 de janeiro de 2009

GALILEU VERSUS DARWIN

Mas que ano! Este ano é o ano Darwin, mas é também o ano Galileu. Celebram-se os 200 anos do nascimento de Darwin e os 400 anos das primeiras observações telescópicas realizadas por Galileu. A revista "New Scientist" de 20 de Dezembro passado perguntou a vários cientistas e pensadores qual era mais importante para a humanidade, Galileu ou Darwin. Vejamos, escolhidos por mim entre outros, os depoimentos de um físico, Lawrence Krauss, de um escritor sobre biologia, Matt Ridley, e de um filósofo, Daniel Dennett:

LAWRENCE KRAUSS
"Já era evidente antes de Darwin que partilhamos muitas coisas com outras espécies. O que ele fez de modo brilhante foi remover a descontinuidade entre Darwin e outros animais, e mostrar como é que leis naturais não orquestradas podiam produzir a diversidade da vida que observamos. Mas Galileu removeu-nos do centro do Universo: que maior queda poderíamos nós sofrer? Mais ainda: ele substituiu o conhecimento "revelado por Deus" pelo conhecimento empírico. Voto em Galileu!"

MATT RIDLEY
"Nem hesito: Darwin, porque o tamanho da queda do homem do seu pedestal ainda está a aumentar. Há apenas uma dúzia de anos, a maior parte dos cientistas pensavam que eram os genes que fizeram o nosso cérebro especial. Agora sabemos que os nossos cérebros são maiores do que os de um rato só porque evoluímos para activar um conjunto de genes do crescimento do cérebro durante um pouco mais de tempo. A similaridade da vida é surpreendente mesmo para aqueles que já esperam ser surpreendidos. Comparado com isso, quem é que quer saber que astro anda à volta de outro?"

DANIEL DENNETT
"É um empate. Darwin mostrou que somos animais, ocupando o nosso raminho na árvore da vida e não necessitando de nenhuma chama divina para descrever as nossas muitas adaptações. Galileu iniciou o processo que mostrou que habitamos um pequeno lugar à volta de outro pequeno lugar, ambos perdidos no meio de milhares de milhões de lugares numa galáxia. Ambos nos deram as melhores razões para reconsiderarmos a fonte dos sentidos nas nossas vidas: fomos nós, usando os dons que a evolução cegamente nos deu, que criámos e adoptámos os sentidos que levamos tão a sério."

7 comentários:

alfredo dinis disse...

Se perscrutamos os confins do universo, não será para melhor nos conhecermos a nós mesmos? A provável descoberta de outros planetas habitados por vida inteligente talvez nos revele aspectos interessantes não só do universo mas do nosso lugar nele. Talvez então deixemos de nos considerar apenas uns corpos estranhos à deriva, sem qualquer relevância, e passemos a considerar-nos cidadãos do universo. Considero por isso que não tenho que escolher entre Galileu e Darwin. Fico com os dois!

perspectiva disse...

Lawrence Krauss diz.

"Já era evidente antes de Darwin que partilhamos muitas coisas com outras espécies."

Partilhamos muitas coisas, porque temos um Criador comum. Se não partilhássemos nada é que era de estranhar.


"O que ele fez de modo brilhante foi remover a descontinuidade entre Darwin e outros animais"

O problema é que realmente não mostrou. Não explicou a origem da vida nem explicou como é que se aumenta a quantidade de informação genética nos genomas, aspecto essencial à plausibilidade da evolução.

"...e mostrar como é que leis naturais não orquestradas podiam produzir a diversidade da vida que observamos."

A vida não é o produto das leis naturais. A vida é o resultado de informação codificada. Se existe alguma lei natural em matéria de informação codificada é de que esta tem sempre origem inteligente. Não se conhecem quaisquer excepções.

"Mas Galileu removeu-nos do centro do Universo: que maior queda poderíamos nós sofrer?"

O problema é que as observações astronómicas mais recentes corroboram a singularidade da Terra e do sistema solar.

"Mais ainda: ele substituiu o conhecimento "revelado por Deus" pelo conhecimento empírico. Voto em Galileu!"

Galileu acreditava no Deus revelado. Ele apenas se limitou a questionar a cosmologia aristotélico-ptolemaica geralmente aceite.

perspectiva disse...

MATT RIDLEY
"Nem hesito: Darwin, porque o tamanho da queda do homem do seu pedestal ainda está a aumentar."

Isso não é uma afirmação científica. A vida depende de informação codificada e esta de inteligência.


"Há apenas uma dúzia de anos, a maior parte dos cientistas pensavam que eram os genes que fizeram o nosso cérebro especial."

Os genes contêm informação codificada e esta tem sempre origem inteligente. Não se conhecendo excepções.

O facto de partilharmos sequências genéticas codificadoras de informação com outros seres vivos apenas atesta a existência de um Criador inteligente comum, exactamente como a Bíblia diz.

Se não partilhássemos nada era a existência de um Criador comum que estaria em causa.

"Agora sabemos que os nossos cérebros são maiores do que os de um rato só porque evoluímos para activar um conjunto de genes do crescimento do cérebro durante um pouco mais de tempo."

A única coisa que sabemos é o tamanho dos cérebros dos seres humanos e dos ratos. Isso é facto. O resto é interpretação evolucionista dos factos.

"A similaridade da vida é surpreendente mesmo para aqueles que já esperam ser surpreendidos."

O que é inteiramente consistente com a crença num Criador comum.

"Comparado com isso, quem é que quer saber que astro anda à volta de outro?"

Na verdade, tudo depende do ponto de vista.

perspectiva disse...

DANIEL DENNETT
"É um empate. Darwin mostrou que somos animais, ocupando o nosso raminho na árvore da vida..."

O problema é que a árvore da vida é uma construção imaginária, que pressupõe a evolução. O próprio Stephen Jay Gould escreveu que os galhos e o tronco da árvore da vida são produto da imaginação, sem qualquer correspondência no registo fóssil.

O que vemos são diferentes espécies contemporâneas, juntamente com algumas que se extinguiram e que só existem no registo fóssil.

Também vemos muitas espécies que pensávamos estarem extintas há milhões de anos, mas afinal estão vivas e de boa saúde, não tendo evoluído nada desde a sua suposta extinção. Por isso se chamam "fósseis vivos".


"...e não necessitando de nenhuma chama divina para descrever as nossas muitas adaptações."

Precisamos sim. Isto porque essas adaptações só são possíveis porque existe informação codificada nos genomas e a informação codificada supõe sempre inteligência, não se conhecendo quaisquer excepções.

"Galileu iniciou o processo que mostrou que habitamos um pequeno lugar à volta de outro pequeno lugar..."

Pequeno, mas singular, como atestam todas as observações astronómicas.

"...ambos perdidos no meio de milhares de milhões de lugares numa galáxia."

Não estamos perdidos. Deus sabe bem onde estamos e encarnou aqui na Terra em Jesus Cristo.

"Ambos nos deram as melhores razões para reconsiderarmos a fonte dos sentidos nas nossas vidas"

Quem não explica a origem da vida, também não consegue explicar o destino...

"...fomos nós, usando os dons que a evolução cegamente nos deu,"

Essa é uma linguagem no mínimo estranha, tanto mais que existe informação codificada no núcleo das nossas células que não foi criada por nós nem pode ter sido criada por um processo não inteligente.

A informação codificada tem sempre origem inteligente, não se conhecendo quaisquer excepções.

"...que criámos e adoptámos os sentidos que levamos tão a sério."

O problema é que isso é apenas suposição sem qualquer fundamento. Não é validado por nenhuma observação ou experiência científica.

A origem da matéria e da energia continua por explicar, o mesmo acontecendo com a origem da vida, das espécies, dos sexos, da linguagem, da consciência, etc.

O resto é pura filosofia naturalista barata.

Pedro disse...

Segundo as tuas opiniões por aqui, não estão por explicar. Pareces ter muita certeza sobre a origem da matéria e da energia.

João Vasco disse...

«Comparado com isso, quem é que quer saber que astro anda à volta de outro?»

MATT RIDLEY parece demonstrar alguma ignorância. O fim do geocentrismo é um dos feitos mais mediáticos de Galileu, mas esteve longe de ser o mais importante entre eles.

Bem mais importante foi a lei da inércia, os seus trabalhos sobre a queda dos corpos, a descoberta de que as forças aceleram, os primeiros termómetros, a relatividade de Galileu (sobre os referenciais), até em matemática ele entecipou um pouco o trabalho de Cantor (argumentando que haveriam tantos quadrados perfeitos como números naturais por ser possível uma bijecção entre eles). Isto apenas para falar daquelas mais importantes que me ocorrem neste momento.

E sem falar em avanços tecnológicos, como o aperfeiçoamento que introduziu na luneta, etc...

Mas o mais importante de tudo, foi fundar a física moderna - onde os dados empíricos ditam as teorias que são válidas. Onde a tecnologia e a ciência se unem, ao invés de serem actividades separadas.

Darwin foi muito importante, mas Galileu foi mais.

Rui leprechaun disse...

os nossos cérebros são maiores do que os de um rato só porque evoluímos para activar um conjunto de genes do crescimento do cérebro durante um pouco mais de tempo.


Quer-me parecer que o aristocrático escritor está um pouco deslumbrado... ou baralhado! Isto para além do que a ciência concluirá daqui a mais uns anos, sempre em perpétua mudança... e renovada ignorância!

E como pode haver essa tal queda do homem do seu pedestal, se continuamos a olhar tudo de um modo tão tacanho e antropocêntrico? Neste particular, não se vê sequer diferença significativa entre o homem de ciência e o vulgar cidadão. Basta tão somente notar o endeusamento concedido à falibilíssima e ultra-limitada razão humana, apenas um dos instrumentos de conhecimento que possuímos, para concluir como o pedestal do bicho-homem continua lá bem no cimo. Ah! e isto já nem falando no "harness the sun and the winds and the soil" (!) do novo presidente empossado!

Se a importância do tamanho do cérebro é assim tanta, que dizer então dos 6Kg de massa encefálica que um elefante tem, mais de 4 vezes superior ao nosso? Isto já sem falar nas baleias, claro!

O simples controle motor mais o processamento de informação sensorial exigem um cérebro mais desenvolvido, ou seja, um tráfego neuronal maior. Tamanho não é documento, olha-me o discernimento!

A complexidade das sinapses neuronais é bem mais importante do que o tal tamanho... em relação ao musaranho!

E claro que a similaridade da vida é surpreendente, porque ela é um processo inteligente! Daí também que a inteligência humana e animal seja secundária, e a da natureza primária. Actualmente, ela evolui já para uma IA terciária, o que deverá ajudar a compreender muito melhor essa inteligência original do universo.

Logo, não escolho o passado, mas o futuro Galileu e Darwin e o inteligente fado! :)

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