domingo, 31 de agosto de 2008

A Semente do Diabo


Em 2006 foi estreado um filme que arrepiou muitos nos Estados Unidos da América. A sinopse do filme Jesus Camp, indica que «Um número crescente de cristãos evangélicos acredita que está a decorrer um renascimento da América em que a juventude cristã tem de assumir a liferança do movimento conservador cristão. O filme Jesus Camp segue Levi, Rachael, Tory e mais algumas crianças no campo de verão Kids on Fire em Devil’s Lake, North Dakota, dirigido por Becky Fischer, em que crianças tão novas quanto 6 anos são ensinados a tornarem-se dedicados soldados cristãos do exército de deus.

O filme segue as crianças no campo à medida que estas aperfeiçoam os seus dotes proféticos e são ensinadas em como retomar a América para Cristo. O filme dá uma visão inédita sobre o intensivo campo de treino que recruta crianças cristãs renascidas para tomarem um papel activo no futuro político dos Estados Unidos».

O filme foi visualizado por David Byrne, que partilha no seu blog as impressões sobre o mesmo. Como refere, no campo Fischer diz às crianças que devem estar dispostas a morrer por Cristo e estas concordam obedientemente. Byrne, que indica ter Fischer usado o termo mártir, consegue imaginar as crianças assim doutrinadas a transformarem-se em bombistas suicidas em tudo análogos aos correspondentes fundamentalistas islâmicos.

Como referiu na altura PZ Myers, apenas o trailer do filme é arrepiante mas mais arrepiante é o que soube ontem no post «Be afraid». Neste, PZ Myers recomenda a todos a leitura do artigo «Theocratic Sect Prays for Real Armageddon» do jornalista Casey Sanchez, que deixou o ano passado o Chicago Reporter para se juntar ao Southern Poverty Law Center.

No artigo, Sanchez aborda o Exército de Joel, um ramo dominionista que pretende estabelecer o «reino do céu» na Terra. A maioria dos grupos dominionistas norte-americanos tem tentado isso através da infiltração no Supremo Tribunal, formado por juízes de nomeação vitalícia, de gente como Janice Rogers Brown. Esta, numa reunião de advogados católicos, afirmou que «as pessoas de fé estão envolvidas numa guerra contra os humanistas seculares que querem separar a América das suas raízes religiosas», guerra que deveria ser travada com as armas da lei, por exemplo, por aprovação de leis mais «divinas» que aplicassem castigos «bíblicos» a crimes também «bíblicos» como «sodomia», adultério, apostasia, heresia ou aborto. E o castigo «bíblico» nestes casos é uma sentença de morte. Ou então com a aprovação do «Acto da Restauração» de que já falei.

Mas o Exército de Joel parece mais apostado a recorrer a outras armas, que recordam o jogo cristão que fez e faz furor nos Estados Unidos, «Left Behind: Eternal Forces». Neste, o jogador é «um soldado de um grupo paramilitar cujo objectivo é transformar a América numa teocracia cristã e estabelecer a visão mundana do domínio de Cristo sobre todos os aspectos da vida» que tem como missão «converter ou matar católicos, judeus, muçulmanos, budistas, homossexuais, todos os que advoguem a separação do estado e da Igreja, especialmente cristãos moderados 'de café'».

O Exército de Joel, para além de subscrever a missão do «Left Behind», postula algumas crenças espantosas reveladas por Ernie Gruen, um ex-membro do movimento:

«According to Gruen's report, students at the school were taught that they were a 'super-race' of the 'elected seed' of all the best bloodlines of all generations -- foreknown, predestined, and hand-selected from billions of others to be part of the 'end-time Omega generation.'

Though he'd once promoted these doctrines himself, Gruen became convinced that the movement was turning into an end-times cult, marked by what he summarized as 'spiritual threats, fears, and warnings of death,' 'warning followers to beware of other Christians' and exhibiting a 'super-race' mentality toward the training of their children.»
Esta crença na «super-raça» parece beber as suas raízes no anti-intelectualismo e postura anti-ciência do movimento, que pensa que todos os intelectuais e todas as pessoas inteligentes e instruídas são fruto da «semente do Diabo»:
«Michael Barkun, a leading scholar of radical religion, notes that in 1958, Branham began teaching 'Serpent Seed' doctrine, the belief that Satan had sex with Eve, resulting in Cain and his descendants. 'Through Cain came all the smart, educated people down to the antediluvian flood -- the intellectuals, bible colleges,' Branham wrote in the kind of anti-mainstream religion, anti-intellectual spirit that pervades the Joel's Army movement to this day. 'They know all their creeds but know nothing about God.'»
A parte mais preocupante nesta história não é facto deste exército apocalíptico estar a recrutar seguidores aos milhares mas sim a revelação de que Sarah Palin, a governadora do Alasca escolhida recentemente por McCain para vice-presidente da candidatura republicana à eleição de Novembro, pertence a uma igreja dominionista com ligações ao Exército de Joel.

Sobre a posição assumidamente anti-ciência da criacionista Palin não há quaisquer dúvidas mas podemos apenas esperar que este membro vitalício da National Rifle Association (NRA) e grande amante da caça ao lobo não subscreva as ideias mais «radicais» da igreja a que pertence ou que no caso de as subscrever pelo menos não as transponha para a política se a candidatura republicana vencer as eleições de Novembro.

8 comentários:

Armando Quintas disse...

Nem a proposito, ontem terminei de ler o 1984. Estas criancinhas devem ir engrossar a liga da juventude anti-sexo, pelos vistos.

Então e que havemos de fazer?
As democracias tem um grande defeito, que é não agirem enquanto é tempo, quando dão por si, já foram derrubadas por regimes fundamentalistas e ditatoriais. Esta gente pura e simplesmente deveria ser varrida da face da terra.
Mas a democracia não vai fazer isso, vai dizer, ah e tal tem as ideias deles, temos que respeitar, e entretanto os tentaculos do fanatismo estenden-se pelo aparelho burocrático até chegarem ao centro do poder, e depois deixam de ser tolerados para passarem eles a impor e a perseguir e a matar.
Os EUA estão na marcha da auto-destruição, este é mais um passo nesse sentido.
Todos nós sabemos o absurdo e perigoso que as ideias dessa gente, nem vale a pena refutar, a unica via para os impedir, é fazer com que desaparecam silenciosamente da face da terra.
Eliminando umas centenas evita-se a perseguição de milhares ou milhoes num futuro proximo.

Caminha-mos a passos largos para a sociedade de 1984, portanto atenção.

perspectiva disse...

A Palmira Silva continua a apostar na histeria sem limites. Se o simples facto de ser ser evangélico ou protestante fosse sinal de extremismo, então teríamos que contar entre os extremistas Martin Luther King, Jimmy Carter, Bill Clinton, Hillary Clinton, Al Gore, Barack Obama, etc. A Palmira Silva é que se tem revelado uma verdadeira extremista, ao insistir nos seus gritos histéricos. Talvez fosse bom moderar os seus ânimos, mesmo que isso eventualmente implique tomar alguma medicação.

Quanto à ideia de que o criacionismo é anti-ciência, isso é outro mito que a Palmira insiste em repetir, sem qualquer fundamento.

Não existe nenhuma observação científica que os criacionistas neguem. Os fósseis, as rochas e o DNA são os mesmos, para evolucionistas e criacionistas.

Os criacionistas apenas afirmam que não existe nenhuma observação empírica ou experiência científica que permita afirmar que a vida surgiu por acaso, que todas as espécies vieram de um ancestral comum e de que as espécies menos complexas evoluiram das menos complexas.

Do mesmo modo, também ninguém consegue explicar de onde vieram a matéria e a energia que supostamente explodiram no Big Bang. A verdade é que, se o Universo teve um princípio, como tudo indica que teve, ele terá necessitado de uma causa, sendo que ele não pode ter sido a sua própria causa, porque antes dele nada existia.


Essas afirmações apenas são consideradas verdadeiras por aqueles que aceitem uma filosofia naturalista. No entanto, as mesmas não são cientificamente comprovadas.

O erro da Palmira consiste em acreditar na verdade da sua filosofia epicurista naturalista, sem para isso ter qualquer confirmação empírica.

Diferentemente, a quantidade e a qualidade inabarcáveis de informação codificada e armazenada no DNA corrobora claramente o ensino bíblico de que a vida foi criada pelo VERBO de Deus e de que os seres vivos se reproduzem de acordo com a sua espécie.

Tanto basta para denunciar o que existe de histérico e irracional no pensamento (se é que se pode chamar a isso pensamento)da Palmira Silva.

Se alguém tiver dúvidas a esse respeito pode limitar-se a ver os argumentos que a Palmira Silva apresentou aqui neste blogue contra o criacionismo, respondidos pelos criacionistas.

Dizia a Palmira Silva

1) Ao tentar conciliar a lei da entropia com a evolução, e pensando com isso desferir um golpe letal nos criacionistas, defendeu a analogia entre a estrutura ordenada dos cristais de gelo e a informação complexa e especificada do DNA. Esqueceu-se apenas que se tivéssemos DNA do tamanho de um cubo de gelo de um refrigerante vulgar teríamos aí possivelmente armazenada a informação genética suficiente para especificar cerca de 50 biliões de pessoas, coisa que, nem de perto nem de longe se passa com um cubo de gelo, o qual é sempre um cubo de gelo, pelo menos até se derreter ou, partindo-se, dar origem a dois ou mais cubos de gelo.

O DNA contém é um sistema optimizado de armazenamento de informação codificadora de estruturas e funções que não são inerentes aos compostos químicos do DNA.

Essa informação pode ser (tem que ser) transcrita, traduzida, executada e copiada com precisão para assegurar a produção e reprodução de múltiplos e distintos organismos plenamente funcionais.

O DNA codifica os 20 aminoácidos necessários à vida, de entre os 2000 existentes. Sequências precisas de aminoácidos darão, por sua vez, origem às cerca de 100 000 proteínas necessárias à realização das mais diversas e complexas funções biológicas. A teoria da informação diz-nos que toda a informação codificada tem uma origem inteligente.

Diferentemente, os cristais de gelo são estruturas arbitrárias sem qualquer informação codificada. Ou seja, eles não conseguem codificar a sua estrutura e garantir a respectiva reprodução num momento ulterior.

2) A Palmira criticou os criacionistas por os mesmos terem certezas absolutas. Para ela, não existem certezas absolutas, o que põe o problema de saber como é que ela pode ter a certeza absoluta de que as suas críticas ao criacionismo estão certas.

Para a Palmira todo o conhecimento começa na incerteza e acaba na incerteza. As premissas são incertas e as conclusões também.

Mas a Palmira parece ter a certeza de que isso é assim.

Diferentemente, os criacionistas entendem que o conhecimento baseado na revelação de um Deus omnisciente e omnipotente é um excelente ponto de partida e de chegada para o verdadeiro conhecimento.

Para a Bíblia o mundo foi criado por um Deus racional, de forma racional para ser compreendido racionalmente por pessoas racionais.

Os criacionistas propõem modelos científicos falíveis, mas, partindo da revelação de Deus, estão convictos de que existe a possibilidade de certeza no princípio e no fim. Jesus disse: eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim.

3) Criticou a noção de dilúvio global (presente na bíblia e corroborada por relatos semelhantes em praticamente todas as culturas da antiguidade) com a ideia de que a água nunca chegaria a cobrir o Everest, esquecendo que é uma catástrofe das proporções do dilúvio que melhor permite explicar a origem do Everest e o facto de nos seus diferentes estratos e no seu cume se encontrarem fósseis de moluscos. Na verdade, existem evidências de catástrofe em larga escala nas rochas e nos fósseis, como comprova o ressurgimento do neo-catastrofismo na geologia, em grande parte impulsionado pelas críticas criacionistas ao uniformitarismo do jurista Charles Lyell.

4) Apelou à introdução de uma suposta “Lei de Darwin”, para tentar “ilegalizar” as críticas a Darwin, esquecendo que as leis naturais descrevem em termos simples e incisivos regularidades observadas empiricamente, sendo em princípio cientificamente falsificáveis.

Pense-se na lei da conservação da massa e da energia, na lei da entropia, na lei da gravidade, etc.

Diferentemente, nunca ninguém observou a vida a surgir por acaso e uma espécie mais complexa a surgir de outra menos complexa. Também nunca ninguém assistiu à origem da vida por evolução química.

Se existe uma lei que podemos afirmar com certeza é esta: os processos naturais não criam informação codificada, como a que existe no DNA. A informação codificada só pode ter origem numa inteligência, na medida em que não existe informação e um código sem uma origem intelectual.

Esta lei sim, nunca foi empiricamente falsificada.

A mesma corrobora a criação, se pensarmos que o DNA é o sistema mais eficaz de armazenamento de informação. As leis naturais foram criadas por Deus, podendo por isso ser descobertas e formuladas pela ciência.


É precisamente por pretenderem salvar a ciência da captura pela ideologia naturalista, que a ela se apega como um parasita, é que os criacionistas denunciam os erros da Palmira Silva.

JNS disse...

O post da Palmira da Silva é mirabolante... milhares de soldados num exército apocalíptico!!??

http://avido2.blogspot.com/2008/08/vido2-contra-obama.html

Pedro disse...

Jónatas, por favor, pare de desperdiçar o meu oxigénio.

cmendes disse...

Perspectiva:

"E por que atentas tu no argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?"

Se a descrição feita se aplicasse a um grupo cuja religião fosse o Islão, aqui d'El-Rei que estão a treinar futuros suicidas que hão-de espalhar o terror no ocidente. Mas como são cristãos, não faz mal. Que perpectiva tão engraçada, tão neutra e tão objectiva.

Além de que a preocupação principal deste post não me parece que seja o criacionismo, I.D. ou a evolução.

Unknown disse...

O artigo do jornalista de investigação começa assim:

Since April 3, the 32-year-old, heavily tattooed, body-pierced, shaved-head Canadian preacher has been leading a continuous "supernatural healing revival" in central Florida. To contain the 10,000-plus crowds flocking from around the globe, Bentley has rented baseball stadiums, arenas and airport hangars at a cost of up to $15,000 a day. Many in attendance are church pastors themselves who believe Bentley to be a prophet.

Quer-me parecer que audiências com multidões de mais de 10 mil fanáticos devia ser preocupante...

Ah, mas espera são cristãos,se fossem muçulmanos era outra história.

Fartei-me de rir com os comentários do Alfredo Dinis no post dos "Outros exorcismos".

O padre residente no DRN está sempre com argumentos do mesmo género, falar em coisas reprováveis feitas por cristãos é perseguição, é dar importância a coisas que não têm importância para deitar lama em cima do cristianismo.

Aquilo que é realmente importante é dizer que os muito poucos que se comportam «bem» são os únicos que são o espelho do cristianismo e não reconhecer isso é uma maldade ateia :)

Claro que para o islamismo é o contrário: o que é que importa os muitos milhões que vivem pacificamente com a sua fé se há uns milhares que são fanáticos terroristas?

Não estou a fazer nenhuma defesa do islamismo que para mim é igualzinho às outras religiões, com a diferença que nos sítios em que o islamismo é a religião dominante não houve uns carolas que lutaram ou deram a vida mesmo para combater a teocracia.

Os países islâmicos são o que seria a Europa se não tivesse existido a Renascença, o iluminismo, etc..

Mas pelos vistos há muitos fanáticos que querem voltar atrás no tempo para os "gloriosos" tempos da cristandade em que a religião dominava todos os aspectos da vida- e determinava a morte de muitos.

E há muitos mais dos chamados moderados que os defendem como estamos a ver. Razão tem o Dawkins!!

:: rui :: disse...

Rita, realmente tens razão, o que apresentas é preocupante. Esses "espectáculos" gigantescos com milhares de pessoas ouvindo oradores excêntricos e motivadores usando textos de livros religiosos podem realmente ajudar a aumentar as doses de preocupação pelo que se quer passar. Por outro lado, vemos também milhares de pessoas (muitas delas, altos quadros de grandes empresas multinacionais) a participar em gigantescos espectáculos para ouvir oradores motivadores no sentido de passar a mensagem que "tu tens o poder para fazer o que quiseres, baste quereres." A mensagem anda muito à volta disto, e muitas mais, todas elas no sentido de buscar uma resiliência e auto-suficiência sem limites, onde nada poderá fazer travar a nossa vontade e querer. Preocupa-me que realmente seja assim. Também me preocupa grandes massas a ouvir oradores políticos que lhes prometem coisas imensas e que as pessoas confiam inteiramente que seja possivelmente. Assim como me preocupa que muitos devotem as suas vidas a aspectos materiais que nada lhes traz senão alguma fantasia temporária que só é compensada por uma nova aquisição material e outra e outra.. Tudo parece apresentar coisas megalómanas e excêntricas que não parecem ajudar em nada as nossas ideias sobre as várias questões. Apela-se mais à emoção do que à razão. Mesmo que os motivos não sejam de todo congruentes.

Jesus dizia que muitos viriam para deturpar a sua mensagem. Muitos falsos profetas prometendo mundos e fundos. A sua mensagem simples está-se a deturpar de uma maneira incrível. Mas outras também o são. Então, qual é a solução? Entrar em pânico? Depressão? Desespero?

As coisas são simples. Busquemo-las. E vamos obtê-las. Eu posso comprovar que assim é. Por várias destas situações já passei e nenhuma delas realmente me cativou. Sejamos sensatos e busquemos as melhores respostas.

JSA disse...

«o Universo teve um princípio, (...) sendo que ele não pode ter sido a sua própria causa, porque antes dele nada existia»

Este comentário demonstra a ignorância do comentador. É o "antes" do Universo que não existe. Antes do Universo não existe Tempo, o qual nasce com o Universo. Por isso mesmo não existe um "antes do Universo". Tal como, parafraseando Stephen Hawking, não existe um "a norte do Pólo Norte".

Rui: «Por outro lado, vemos também milhares de pessoas (...) a participar em gigantescos espectáculos para ouvir oradores motivadores».

É verdade e isso também me incomoda. Mas não me preocupa particularmente, porque nenhum deles está particularmente a defender o fim do mundo ou a morte de não-motivados.

PS - concordo que há dois pesos e duas medidas. Estas notícias, vindas sobre muçulmanos, já estariam a incendiar as opiniões. Mas mesmo assim, quando elas chegam vindas desses lados (e acrescentemos-lhes os judeus, que também podem ser fanáticos), não nos devemos acanhar. Fanáticos são sempre perigosos, independentemente das crenças ou religiões.

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