Os primórdios da História da energia solar estão marcados pela serendipidade. O efeito fotovoltaico foi observado em 1839 pelo físico francês que observou pela primeira vez o paramagnetismo do oxigénio líquido, Alexandre Edmond Becquerel. Um muito jovem Becquerel conduzia experiências electroquímicas quando, por acaso, verificou que a exposição à luz de eléctrodos de platina ou de prata dava origem ao efeito fotovoltaico.
A serendipidade foi igualmente determinante na construção da primeira célula fotovoltaica. Nas palavras de Willoughby Smith numa carta a Latimer Clark datada de 4 de Fevereiro de 1873, a sua descoberta do efeito fotovoltaico no selénio foi um acidente inesperado:
«Being desirous of obtaining a more suitable high resistance for use at the Shore Station in connection with my system of testing and signalling during the submersion of long submarine cables, I was induced to experiment with bars of selenium - a known metal of very high resistance. I obtained several bars, varying in length from 5 cm to 10 cm, and of a diameter from 1.0 mm to 1.5 mm. Each bar was hermetically sealed in a glass tube, and a platinum wire projected from each end for the purpose of connection. (...) While investigating the cause of such great differences in the resistance of the bars, it was found that the resistance altered materially according to the intensity of light to which they were subjected.»
Na sequência desta descoberta, Adams e o seu aluno Richard Day desenvolveram em 1877 o primeiro dispositivo sólido de fotoprodução de electricidade, um filme de selénio depositado num substrato de ferro em que um filme de ouro muito fino servia de contacto frontal. Este dispositivo apresentava uma eficiência de conversão de aproximadamente 0,5%.
Charles Fritts duplicou essa eficiência para cerca de 1% uns anos depois construindo as primeiras verdadeira células solares, construindo dispositivos assentes igualmente em selénio, primeiro com um filme muito fino de ouro e depois um sanduiche de selénio entre duas camadas muito finas de ouro e outro metal na primeira célula de área grande.
No entanto, não foram as propriedades fotovoltaicas do selénio que excitavam a imaginação da época mas sim a sua fotocondutividade, isto é, o facto de a corrente produzida ser proporcional à radiação incidente e dependente do comprimento de onda de uma forma que o tornava muito atraente como medir a intensidade da luz em fotografia. E de facto, estes dispositivos encontraram a sua primeira aplicação nos finais do século XIX pela mão do engenheiro alemão Werner Siemens (o fundador do império industrial homónimo) que os comercializou como fotómetros para máquinas fotográficas.
Embora tenha sido Russell Ohl quem inventou a primeira solar de silício, considera-se que a era moderna da energia solar teve início em 1954 quando Calvin Fuller, um químico dos Bell Laboratories em Murray Hill, New Jersey, nos Estados Unidos da América, desenvolveu o processo de dopagem do silício (que consiste em introduzir impurezas em cristais deste elemento). Fuller partilhou a sua descoberta com o físico Gerald Pearson, seu colega nos Bell Labs e este, seguindo as instruções de Fuller, produziu uma junção p-n ou díodo mergulhando num banho de lítio a barra de silício dopado. Ao caracterizar electricamente a amostra, Pearson descobriu que esta exibia um comportamento fotovoltaico e partilhou a descoberta com ainda outro colega, Daryl Chapin, que tentava infrutiferamente arranjar uma alternativa para as baterias eléctricas que alimentavam redes telefónicas remotas.
As primeiras células fotovoltaicas assim produzidas tinham alguns problemas técnicos que foram superados pela química quando Fuller dopou silício primeiro com arsénio e depois com boro obtendo células que exibiam eficiências recorde de cerca de 6%.
A primeira célula solar foi formalmente apresentada na reunião anual da National Academy of Sciences, em Washington, e anunciada numa conferência de imprensa no dia 25 de Abril de 1954. No ano seguinte a célula de silício viu a sua primeira aplicação exactamente no que Daryl Chapin procurava uma solução: como fonte de alimentação de uma rede telefónica em Americus, na Geórgia.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Breve história da energia solar
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10 comentários:
Este Fuller é o do fulereno?
Apesar de tudo, é curioso que, tanto tempo depois, a energia solar comece a entrar por caminhos mais térmicos e menos voltaicos...
Olá JSA:
Os fullerenos foram nomeados por Kroto em honra de outro Fuller, ou antes da cúpula que esse Fuller desenhou para a exposição Mundial de 1967 em Montreal.
Já escrevi sobre o Richard Buckminster Fuller a propósito do livro «Buckminster Fuller, An Anthology for a New Millennium»
Eu sei que tinha escrito Palmira, estava era com um pouco de pressa e não deu para ir verificar (ou a outros lados, mesmo que à wikipedia).
Muito interessante! Estou começando meus estudos sobre a energia solar e este artigo é excelente. Pretendo pesquisar sobre as políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento da energia solar no Brasil e quem sabe até investir em algum negócio relacionado à inovação tecnológica neste sentido. Sei que a tecnologia que emprega o silício deixa muito a desejar pelo custo e que já existem outras alternativas mais interessante, porém com menor eficiência... (Gratzel e as Dye Sensitized Solar Cells)
Nossa população tem muito a ganhar com esta tecnologia.
Abraço
Valério Igor P. Victorino
acho que essa universidade copiou seu artigo:
http://web.ist.utl.pt/palmira/solar.html
ADOREI TUDO POIS DESCUBRI COISAS QUE NEM MEU PROFESSOR SABE.,BEIJOS
olá
só passei para dizer que esse texto me ajudou bastante para fazer meu trabalho prbns
que legal pra pesquisa de colegio
eu mesmo vou teque pegar daqui
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