sábado, 5 de janeiro de 2008
Vale a pena ler
Uma lúcida recensão de Ayaan Hirsi Ali do novo livro de Lee Harris, The Suicide of Reason, no NYT.
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2 comentários:
O título promete, mas já não tanto pela novidade.
Há certo tempo que se vem fazendo notar um progressivo eclipse da razão, muito generalizado pelo mundo fora, mas com particular destaque na esfera política e lá para as bandas dos EUA, de onde o mal depois se expande e multiplica para os demais lugares do Planeta.
Em todo o caso, lá irei ler a recensão.
Bom Ano a todos os convivas do «De Rerum Natura», em especial, claro, para os seus industriosos patrocinadores, que fazem o que podem para evitar o apagamento da razão, que nalgumas latitudes já ameaça suicidar-se.
Muito grato lhes estou pelo que aprendo no vosso blogue, e pelo gosto de, através dele, ressentir a alegria de que volto à escola.
Grato hoje em particular por assinalarem a recensão de Ayaan Hirsi Ali no NYT, leitura para mim proveitosa em mais de um ponto.
Ayaan Hirsi Ali é personagem política cuja evolução acompanho desde fins de 2001. Em “A Ira de Deus sobre a Holanda”, um livro cujo texto entreguei há dias ao meu editor holandês, escrevo sobre essa extraordinária jovem:
Não está ao alcance de qualquer o passar, em escassos treze anos, e ainda na juventude, de refugiada para as páginas de Time Magazine e ser considerada aí uma das cem pessoas mais influentes do mundo. De ter conquistado um lugar de relevo na história da Holanda contemporânea e deixado marca no clima político. Nesse curto espaço de tempo ter ainda completado uma licenciatura, e absorvido com tanta excelência a sua nova língua que nela se exprime com um cuidado e um vocabulário desconhecido da maioria dos autóctones.
Seria já excepcional se tivesse as suas raízes numa aldeia da Frísia. É estonteante numa mocinha nada e criada nos usos e costumes tribais da Somália, e sujeita às constrições do Islão.
A sua partida para os Estados Unidos vejo-a eu como um recuo para melhor saltar. Alargará os seus contactos e cumplicidades, ganhará experiência, aumentará internacionalmente a visibilidade de figura pública. Por razões várias, inclusive a cor da sua pele, não tem lá, e é pouco provável que venha a alcançar, projecção e importância do mesmo calibre das que ganhou na sua segunda pátria.
Isso me leva a crer que a seu tempo Ayaan Hirsi Ali retornará, escolhendo,
perspicaz, o melhor momento e as circunstâncias mais favoráveis. Com a
sagacidade que já demonstrou possuir, é provável que não ache muitodifícil
deitar alguma água no vinho. Talvez modere também as suas vistas sobre o
Islão, pois nenhum político que se preza jamais se negou a fazer pequenas e
grandes entorses aos seus princípios, desde que isso contribua para alcançar
o almejado poder.
Dos islamitas moderados da segunda geração, à massa de liberais descontentes, clientela não lhe faltará. Juntem-se a esses os que desejam provar ao mundo que a Holanda é tolerante, anti-racista, pátria de todas as liberdades. E ainda a tradicional simpatia holandesa pelo exotismo, a ânsia de chegar primeiro, de mostrar como se deve fazer, de desejar-se mais progressista que o resto. A mim, o futuro político de Ayaan Hirsi Ali parece-me garantido.
Esqueci o acontecimento que me levou a fazê-lo, mas a 17 de Outubro de 2005 anotei na minha agenda: “Ayaan Hirsi Ali, dentro de dez anos cabeça de lista de um novo partido e primeiro-ministro holandês”.
Falei dessa impressão a alguns amigos. Eles encolheram os ombros e delicadamente passaram a outro assunto, indiferentes às minhas qualidades de profeta ou talvez em dúvida sobre a sanidade do meu juízo.
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